quinta-feira, 22 de setembro de 2016

COMO APROVEITAR A PASSAGEM PELA OPOSIÇÃO


(Publicado em O DIABO em 20 de Setembro de 2016)

Quando um partido que passou uma ou mais vezes pelas funções do poder executivo e se vê na oposição, deve, como em tudo na vida, encarar o facto da maneira mais positiva e tirar dele os melhores benefícios, para o País e para o futuro do partido.

A situação de não ser responsável por tomar decisões que imponham deveres e sacrifícios aos cidadãos permite liberdade de análise, com capacidade de isenção, dos problemas fundamentais do País, e esboçar estratégias mais adequadas à melhoria da qualidade de vida das populações e ao enriquecimento da economia nacional, em benefício de todos.

Enfim, esse período de «repouso» deve ser aproveitado como um estágio de preparação para o desejado próximo período de governação. Para que este se concretize, convém ir dando aos eleitores a noção de que existe uma estratégia bem estudada, bem organizada e programada que contribuirá para uma vida melhor nos dias que virão, em benefício de todos os cidadãos.

Infelizmente, as coisas nem sempre são assim compreendidas e, em vez de em cada momento se pensar em engrandecer o país e criticar o Governo de forma positiva e construtiva, numa competição de competência, para atingir as melhores metas, cai-se na crítica destrutiva, negativa, em que sobressai a intenção da «luta pelo poder» de forma abjecta, à espera de que tudo seja demolido para reiniciar do nada a construção de algo que não se sabe bem o que será.

De olhos focados num futuro melhor, desejado por todos e serenamente preparado, todo e cada cidadão, só ou inserido em organizações idóneas, deve dar o melhor de si, dos seus conhecimentos, das suas capacidades, para que dos mais altos cargos saiam medidas bem estruturadas e adequadas aos principais objectivos nacionais. Nisso, os partidos têm especial responsabilidade e devem aproveitar a oportunidade para contribuir para que o novo orçamento seja preparado da forma mais auspiciosa para a grande maioria dos portugueses, os que foram mais sacrificados pela crise que ainda não se desvaneceu.

Como diz Anthony Giddens no seu livro «Runaway World» em 1999, «agora que as velhas formas de geopolítica se estão a tornar obsoletas, as nações vêem-se obrigadas a repensar as próprias identidades». E isso não pode ser tarefa a realizar por capricho ou inspiração de momento mas fruto de profunda meditação, com a colaboração de largo espectro dos cidadãos.

AJS
Em 14-09-12016
NOTA: Este texto foi publicado no jornal «O diabo», em 20-09-2016

6 comentários:

A. João Soares disse...

Um Amigo que não gosta de escrever aqui enviou-me por, e-mail, este comentário, com o qual concordo e que agradeço:
Caro Amigo,
Li atentamente o escrito postado no blogue "domirante" e concordo, no essencial, com os aspectos fundamentais nele focados.
Lamentavelmente, os partidos políticos na Oposição pretendem acima de tudo alcançar ou retomar o poder a todo o custo sem assumir o papel de uma oposição responsável que, para além da legítima aspiração de conquistar o poder, tenha em devida conta os reais interesses nacionais.
Considero que os actuais partidos políticos em Portugal têm ainda um longo caminho a percorrer para atingir o nível de maturidade que uma democracia adulta exige e requer.
Um grande abraço,
AMF.

A. João Soares disse...

O artigo de Pedro Marques Lopes, no DN de 12-03-2017 vem ao encontro da ideia exposta neste post. Segundo ele, a inabilidade de Passos Coelho impede-o apresentar soluções para diversos sectores do país e, na impossibilidade de fazer uma adequada oposição, desenvolve uma doentia crispação que lhe pode servir para mostrar força ao interior do partido mas que nada o beneficia para regressar ao poder.

http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/pedro-marques-lopes/interior/a-verdadeira-crispacao-5719401.html

Luis disse...

João,como sempre apresentas um artigo bem pensado que revela o que devia ser feitona política e que se não faz. A nossa democracia é incipiente e eivada de vicios infelizmente. Concordo inteiramente contigo. Um forte abraço

A. João Soares disse...

Caro Luís, quando iniciei este blog defini a minha pessoa com uma frase que ainda considero correcta e sr a minha missão nesta vida é: «Uma pessoa preocupada com o mal do Mundo que procura melhorar com as suas intervenções pela escrita e por contactos pessoais». O artigo que fizeste o favor de comentar foi o primeiro a publicar no DIABO depois do convite que me foi feito pelo director. O tema insere-se naquilo que considero ser dever de cada cidadão: colaborar com as suas capacidades para um melhor futuro de Portugal, com críticas construtivas, sugestões, propostas ou interrogações que obriguem os políticos a reflexão mais profunda no cumprimento função que assumiram em relação ao nosso País, com população, território e recursos naturais. É mais prejudicial ao país aquele que se cala e aguenta todas as tropelias do que aquele que grita e se manifesta desordeiramente ou faz terrorismo. Abração

Livro "MY WAY" do coronel Victor Brito disse...

O artigo do João Soares, há muito tempo publicado, constitui uma previsão que
o tempo entretanto decorrido demostrou ter sido certeira.
Devo, contudo, fazer notar que, apesar do costume não ser esse, o atual chefe oposição tem tomado atitudes que vão na direção recomendada pelo autor do artigo.
VB (autor do My Way)

A. João Soares disse...

Nas minhas publicações, procuro sugerir comportamentos orientados para um futuro melhor nas sociedades e na Humanidade em geral.Infelizmente a maioria dos indivíduos que desempenham funções de Governo têm apenas ideias superficiais, ao gosto do povo para conseguir popularidade e votos e não pensam em termos estratégicos no futuro a preparar para os países. Recorde-se a intenção dos fundadores da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, posteriormente denominada União Europeia e naquilo que agora é, segundo muitos pensadores, uma Europa moribunda. O chefe da oposição portuguesa tem tentado que em vez das decisões infantis que têm sido tomadas, fossem devidamente preparadas por análises profundas em convergência de colaboradores válidos. Depois como não foi compreendido, tem se voltado para elaborar propostas mais claras e válidas. E tem aparecido, o líder do Chega que se vem mostrando com sentimento nacional, embora por vezes aparentemente exagerado, mas que no fundo olha para soluções conscientes e estrategicamente válidas, depois de devidamente apreciadas por grupo de pensadores válidos. Neste momento estamos a entrar numa grande mudança, não apenas cá, mas no Mundo. Temos que a enfrentar com coragem e valor para prepararmos um futuro mais próspero e desenvolvido económica e socialmente.