quinta-feira, 29 de setembro de 2016

PREPARAR A DECISÃO

Preparar a decisão (Publicado em O DIABO em 27 de Setembro de 2016)

Na semana passada procurei dar umas dicas aos políticos da oposição. Desta vez as dicas são destinadas a quem tem responsabilidade de tomar importantes decisões que influenciam a vida dos cidadãos.

A evolução, a actualização, a MUDANÇA É UMA CONSTANTE na matemática da vida, da Natureza. A notícia sobre o interesse das estruturas sindicais da Função Pública na melhoria das condições dos seus associados agradou-me, mas deixou-me a dúvida sobre a forma como as suas intenções serão concretizadas quer na condução da preparação do resultado final quer no aspecto de (se este for concretizado) vir a ser o mais adequado ao real interesse nacional.

Como os detentores do Poder, sendo pessoas, estão sujeitos a erros, e não são omniscientes, os assuntos objecto de decisões mais determinantes, devem ser analisados com a ajuda de pensadores independentes e sem interesse pessoal nem corporativo nas medidas a adoptar.

Com perfeito conhecimento da finalidade da decisão, tendo em vista o interesse geral, nacional, e todos os factores que o influenciam, há que listar todas as soluções possíveis, para depois escolher a que apresentar mais vantagens e menos inconvenientes. Aplica-se aqui o texto que publiquei há quase oito anos «Pensar antes de decidir». em que expunha a seguinte metodologia:

«Em termos resumidos, as normas de preparação da decisão e de planeamento devem passar por:

1) Definir, com clareza e de forma que ninguém tenha dúvidas, o objectivo ou resultado pretendido.

2) Em seguida, descrever com rigor o ponto de partida, isto é, a situação vigente, com análise de todos os factores que possam influenciar o problema que se pretende resolver.

3) Depois, esboçar todas as possíveis formas ou soluções de resolver o problema para atingir o resultado, a finalidade, o objectivo ou alvo; nestas modalidades não deve se preterida nenhuma, por menos adequada que pareça.

4) A seguir, pega-se nas modalidades, uma por uma, e fazem-se reagir com os factores referidos em 2) para analisar as respectivas vantagens e inconvenientes; é um trabalho de previsão de como as coisas iriam passar-se se essa fosse a modalidade escolhida.

5) Depois desta análise das modalidades, uma por uma, faz-se a comparação entre elas, das suas vantagens e inconvenientes, com vista a tornar possível a escolha.

6)O responsável pela equipa, o chefe do serviço, da instituição, o ministro, o primeiro-ministro, conforme o nível em que tudo isto se passa, toma a sua decisão, isto é, escolhe a modalidade a pôr em execução, tendo em conta aquilo que ficou exposto na alínea anterior.

7) Depois de tomada a decisão, há que organizar os recursos necessários à acção, elaborar o planeamento e programar as tarefas.

8) Após iniciada a acção é indispensável o controlo eficaz do qual pode resultar a necessidade de ajustamentos, para cuja decisão deve ser utilizada a metodologia aqui definida, por forma a não se perder a directriz que conduz à finalidade inicialmente pretendida.

A João Soares
19-09-2016
Este texto foi publicado no jornal «O Diabo» em 27-09-2016

2 comentários:

Luis disse...

Como sempre dás ensinamentos que infelizmente não são seguidos! Parece que os nossos responsáveis ou não sabem ler ou se julgam super sábios... Azar o nosso!!!

A. João Soares disse...

Eles sabem ler a sua própria cartilha. E têm vistas muito curtas. Repara que o PM anuncia que vão gastar mais uns milhões de euros com o pessoal dos gabinetes do Governo e, com a sua miopia, não conseguem ver que fora desses gabinetes há milhões de portugueses a passar privações graves. Mas a minha filosofia baseia-se na sabedoria popular «ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA». Seria conveniente que muitas mais pessoas lhes chamassem a atenção para os grandes problemas nacionais, porque eles vêm apenas o seu partido e os seus amigos, cúmplices e coniventes. Um abraço.