(Public em DIABO nº 2401 de 06-01-20223. pág 16, por António João Soares)
Parece estar em movimento a intenção de elevar o nível cultural e Intelectual das comemorações que se realizam várias vezes por ano no Santuário de Fátima. O antigo reitor Luciano Guerra, foi refutado por actuais chefes religiosos lembrando os convites deste a artistas nacionais e até internacionais para interpretarem a mensagem de Fátima através de obras de arte.
Iniciou mesmo «os congressos internacionais que reuniram na Cova da Iria grande parte dos teólogos pensadores da contemporaneidade», grande acrescentando que as críticas hoje deixadas numa entrevista a um jornal local, revelam "uma grande contradição entre aquela que foi a ousadia do então reitor, que durante 35 anos nunca deixou que o Santuário cristalizasse na sua acção pastoral e procurou que fosse sempre evoluindo, mas que agora manifesta total oposição a toda a evolução verificada desde 2008".
Segundo as palavras recentes do Papa Francisco, a religião deve centrar-se no aperfeiçoamento espiritual e social dos peregrinos, procurando, no entanto, a sua intelectualização por forma a não ficarem divorciados do mundo moderno. Mas, no caso de Fátima, há que ser realistas e não esquecer que os modelos de virtude foram os pastorinhos que eram jovens pobres e iletrados mas que a adoração a «nossa senhora» os elevou a alto ponto na santidade.
O Papa no Natal alertou para o facto de Jesus ter nascido e vivido pobre e
para o perigo que a humanidade está a correr com a insaciável ambição de
dinheiro e de poder, a sua ganância. Interpretando estas palavras sábias, no
caso de Fátima deve ser reforçada a lição para os participantes nas celebrações
de que as transformações sociais devem ser orientadas para resultar num
verdadeiro benefício dos pobres. Se Deus é pobre, os crentes devem fazer
renascer a caridade.
Os peregrinos devem regressar de Fátima com mais fé no divino, sem perder a
noção de que a evolução e a modernização da humanidade são indispensáveis para
os crentes e não só, e a pobreza e a incultura dos pastorinhos conduziu-os à
santidade. O caso real dos pastorinhos não impede a ânsia de evolução, antes
incitam a melhor atenção para os pobres e os incultos e lhes tornem mais fácil
a sua progressão nas vias da cultura. Há que adoptar uma recepção sensata aos
peregrinos porque ricos ou pobres todos devem levar mais acentuado o seu amor a
Deus, com a humidade de Cristo e sensíveis às necessidades dos pobres e dos
menos cultos, e ao esforço que devem fazer para terem uma evolução que lhes
permita uma relação mais equitativa. Todos nos devemos ajoelhar com humildade e
respeito por todos e por tudo.
Todos devemos estar preparados para viver num mundo em paz, sem ódio nem guerras nem preconceitos. Será bom que as nossas famílias se unam, tornando o mundo totalmente solidário e que possamos aprender e praticar os grandes ensinamentos de Deus Pai. E que a vida seja um conjunto de Paz, Amor e Compreensão.
Nota final. As dificuldades entre os actuais líderes religiosos defensores das antigas modalidades da recepção de peregrinos e os modernos apologistas da intelectualização dos convívios de recepção, com arte e cultura, fazem recordar o que presentemente se está a passar no Vaticano acerca dos actos religiosos em que há desacordo entre os apologistas de critérios demasiado conservadores desde há cerca de vinte séculos e os modernos religiosos que pretendem colocar as antiguidades de lado e criar um sistema mais evoluído com uma interpretação mais intelectual da lógica moderna dos valores religiosos, e dessa maneira unirem as diversas variações do catolicismo.
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