sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

TODOS DEVEMOS SER RESPEITÁVEIS

(Public em DIABO nº 2398 de 16-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Um tema muito debatido nas datas mais recentes é o dos direitos humanos, em que um ponto saliente é o do respeito pelos outros. Mas, infelizmente, há muita gente em funções de responsabilidade que não procura merecer o respeito que lhe devem ter. Quem tem o encargo de nomear pessoal para os serviços públicos deve escolher pessoas com competência e conhecimento das funções que lhe vão ser atribuídas, por forma a serem respeitáveis por todas as pessoas do seu contacto.

Depois do tiroteio numa escola primária no Texas em que morreram 19 alunos, todos menores, e duas professoras, soube-se que nos EUA, desde o início do ano, houve mais de 17 mil mortes provocadas por armas de fogo. E este trágico fenómeno não tem acontecido apenas nesse país, pelo que exige ser devidamente analisado, para evitar a insegurança das pessoas. O fabrico de armas mortíferas e a sua venda devem ser devidamente controlados, para se evitar estes casos lamentáveis que vitimam pessoas completamente inocentes, como foi o caso desta escola.

A humanidade não deve ter medo, apenas, das armas nucleares, deve estar defendida de outros objectos fatais que são fabricados e vendidos, sem sentido de responsabilidade, sem controlo nem fiscalização, apenas com a ganância do lucro e ambição do dinheiro e com protecção de autoridades corruptas. A vida está cada vez mais ameaçada por actividades aparentemente inofensivas, mas realmente muito perigosas e sem uma utilidade totalmente explícita e justificada. 

O ensino deve ser efectuado por forma a criar nas crianças, desde a mais tenra idade a noção da ética social, e a necessidade de respeitar todos os seus semelhantes e, também, merecer ser respeitadas por todos.

Mas a educação tem sido deixada um pouco ao desmazelo e surgem muitas notícias que mostram que os jovens crescem um pouco ao acaso, porque até a comunicação social não procura contribuir para aperfeiçoar os comportamentos. A criminalidade, talvez por efeito da pandemia, tem aumentado desde a doméstica a todos os diferentes casos. Há dias, vi a notícia de que a PSP deteve sete jovens, sendo um de apenas 14 anos, após realizarem um assalto nas proximidades do centro comercial Colombo. Talvez fossem levados a isso, por falta dinheiro para se alimentarem, mas hoje já sistemas de apoio para isso, talvez fosse para o vício da droga, mas o facto de serem sete, mostra uma actividade colectiva, despudorada, sem qualquer respeito pela propriedade alheia e sem receio de serem detectados. E a droga não constitui uma necessidade vital que leve a cometer crime. E não parece ser difícil a jovens dedicarem-se ao trabalho para granjear o «pão de cada dia».

Mas a necessidade de um comportamento correcto ou mesmo exemplar não se restringe aos jovens pois há pessoas que deviam ser respeitáveis e desmerecem essa condição. Vi uma outra notícia que também merece reflexão. Nas Honduras, um antigo deputado foi detido, depois de ter sido procurado para extradição pelos Estados Unidos devido às ligações ao tráfico de droga. Ele estava em fuga desde julho de 2018 depois de ter completado o segundo mandato como deputado, quando um tribunal federal em Nova Iorque solicitou a extradição.

O caso deste ex-deputado, evidencia que não há cuidado especial para observar as qualidades e os defeitos daqueles que os políticos tomam como candidatos para serem votados pelos cidadãos e depois de eleitos, devem ser muito vigiados e devidamente sancionados. A tolerância deve ter limites para que os que a decidem sejam respeitáveis.

Os governantes para serem merecedores do respeito dos cidadãos mais humildes e cumpridores devem criar condições para que os cidadãos sejam cumpridores e respeitáveis desde o ensino escolar, passando pela vida prática, e ao ocuparem funções públicas. E não podem permitir corrupção nem criar excepções a favor de amigalhaços.

É preciso uma campanha de reabilitação abrangendo pessoas de todas as idades que tenham sido detectadas por uma vigilância persistente nos sectores sociais onde os casos indesejáveis forem mais frequentes

As pessoas não valem aquilo que evidenciam nas suas palhaçadas, valem o que é demonstrado nas suas acções e decisões, a favor do futuro nacional.

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