(Public em DIABO nº 2305 de 05-03-2021, pág 16. Por António João Soares)
Agora, já pensando na campanha
para as autárquicas que, por estarem distantes, evidencia-se que os partidos
pensam principalmente em manter-se no poder e pouco se interessam pelos
problemas nacionais, embora muitos sejam graves e já façam classificar a
situação actual de declínio ou degradação, mas perante as eleições, os menos
seguros e tendo receio de que o Chega possa repetir o seu crescimento tido nas
presidenciais, estão já a procurar destruir o valor dos seus militantes, numa
autêntica manifestação de “bullying”, em que tudo é válido para tentar afastar
os votos dos seus eleitores.
Como referia no artigo,
publicado em 12 de Fevereiro, em que defendia que a melhor propaganda dos
partidos seria “agir para Portugal e não contra os partidos rivais”, não acho
inteligente nem funcional, a manobra de destruir a imagem de militantes de
outros partidos, sem olhar a meios, de um partido cujo valor é tal que eles se
sentem por ele ameaçados. A vitória deve ser encontrada através da apresentação
de ideias construtivas, de planos de acção que conduzam à melhor resolução dos
graves problemas que atravessamos. Depois, os eleitores, devidamente
esclarecidos sobre os vários planos e de os considerarem realizáveis por quem
os promete, escolherão o melhor candidato.
Isto seria verdadeira
democracia, com seriedade e honradez, própria de país civilizado. Mas a inveja
vem habitualmente dos menos válidos, como é característico do “bullying” e
criam maus hábitos que se vão expandindo e criando o tal declínio que se
tornará de difícil retrocesso. Em vez de serem beneficiados por mostrarem mais
valor, procuram obter benefício de malandragem da destruição prévia do moral e
do valor dos indesejados adversários.
Mas a intimidação, mesmo que
pouco agressiva, quando direccionada repetidamente contra alvos específicos
pode afectar a personalidade, a reputação e a habilidade da vítima
Um caso curioso é a notícia de
que o professor japonês de fisiologia ou medicina, Dr. Tasuku Honjo, prémio
Nobel, apresentou aos media uma comunicação dizendo que o vírus corona não é
natural. Se o fosse ele não teria afectado o mundo inteiro, indiferente aos
climas, temperaturas e outras condições naturais. E terminou dizendo que se o
que ele disse se revelar falso agora ou depois da sua morte, o governo do seu
país pode lhe retirar o seu prémio Nobel.
Transcrevi a notícia com toda
sua argumentação científica, num e-mail, e recebi uma resposta que transcrevo:
“Nos tempos que correm, todas as notícias que causam sensação e perplexidade
valem dinheiro. Seu valor é directamente proporcional ao número de pessoas que
(supostamente) as vão ler... Sendo assim, tudo vale para se ‘inventarem
notícias’ que possam causar muitas partilhas nas redes sociais... e ‘se tornem
virais’. Quanto a esta notícia, eu não acredito na sua autenticidade porque não
foi confirmada pelo ‘mainstream científico’”.
Sobre isto a minha reacção em
e-mail a médico amigo foi a seguinte: “Aquilo que o prof. Doutor Dr Tasuku
Honjo, prémio Nobel afirma com argumentação científica é credível e
dificilmente contrariado, pelo menos por tipos como … que comentou antes, mas
sem contrariar nenhum dos argumentos do Professor. Foi um comentário sem a
mínima consistência que não valoriza minimamente quem o tentou fazer”.
Com comentários assim
se pode iniciar um “bullying”, no ambiente em que este Nobel vive!!! ■
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