O Governo do futuro
(Publicado no semanário O DIABO em 14 de Novembro de 2017)
Em época evolutiva, inovadora, ao pensarmos em reformas estruturais, não devemos ficar por pequenos retoques mas, sim, visar medidas com profundidade que lhes permita uma continuidade com foco em objectivos de longo prazo. Por isso, mais do que pensar no futuro do Governo, é mais adequado reflectir no Governo do futuro.
O Governo deve ser constituído com a finalidade de dar a Portugal um futuro melhor para uma mais conveniente qualidade de vida dos cidadãos, através da sua defesa e segurança, garantindo a redução de riscos variados, desenvolvendo a economia, melhorando a qualidade da saúde, do ensino, da Justiça, e de outros sectores essenciais, com continuidade que permita um conhecimento consolidado da vertente social da Nação, sem necessidade de alterações frequentes ao sabor de caprichos, imprevisíveis e de consequências pouco edificantes. Esse objectivo definido para um prazo distante deve ter por base um sólido conhecimento das características do País, quer geográficas, quer sociais quer económicas.
Deve ser evitada, a cada momento, a queda na tentação de tender para a inacção, com submissão cega a rotinas anteriores com validade já ultrapassada pelas circunstâncias recentes devidas a novas tecnologias e outros factores originados pela evolução da humanidade.
Para fazer face às características reais, são necessários governantes de boa formação, não apenas técnica, mas também humanística, com facilidade de contacto directo com os cidadãos, com respeito pelos pontos de vista destes, os quais, muitas vezes, podem conter opiniões e sugestões muito válidas como pontos de partida para reflexões com utilidade na definição e concretização de estratégias úteis para criar um futuro mais favorável às finalidades do Estado.
A escolha de governantes deve ultrapassar o vício das preferências familiares e de amizade e assentar na análise das qualidades da preparação técnica e da experiência curricular que garanta um desempenho correcto e positivo e na posse de uma consolidada imagem pública que inspire confiança e respeito nos cidadãos. O artigo de Pedro Soares Martinez no DIABO de 31 de Outubro contém aspectos de muito interesse a ter em consideração na análise deste assunto.
Por exemplo o problema tão badalado dos incêndios florestais, não deve ficar por medidas de curto alcance, mas ir a uma profunda investigação para identificar os interessados na destruição do interior do País e na sua desertificação e de detectar quais os objectivos que, com isso, pretendem atingir. E combater a estrutura oculta que fomenta os fogos e o plano terrorista em que se integra. Simultaneamente, desenvolver o interior com uma agricultura moderna e indústrias a ela ligadas, do que resultaria o repovoamento do interior, com a atracção de pessoas, e terminar a tendência já demasiado acentuada de a economia nacional estar concentrada na estreita faixa litoral. E, com isso, justificava-se o dinheiro anteriormente gasto na construção da boa linha de rodovias que percorrem o interior de Norte a Sul.
A audição da voz da população deve constituir uma preocupação permanente e, através da comunicação social, vê-se que vários pensadores alertam para que a classe política não tem evidenciado competência para pôr dentro de limites razoáveis os impostos cobrados sob variadíssimos pretextos e que se destinam a pagar despesas do Estado, sempre crescentes, com vários exageros, entre os quais a contratação de pessoas sem experiência que enchem os gabinetes, sem contribuírem para a melhor governação e com o inconveniente de aumentarem a burocracia que entrava a economia nacional, desde pequenas a grandes realizações da vida dos cidadãos. A população sente na carne esses abusos que resultam, em grande parte do amiguismo partidário e só servem para dar tacho a boys sem capacidade para viver de um trabalho e produtivo.
António João Soares
7 de Novembro de 2017
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