Em que mãos está o futuro dos cidadãos?
(Publicado no semanário O DIABO em 170801)
Os burocratas que estão à frente de serviços e instituições públicas, do Governo, da AR e das autarquias parecem desconhecer «quase» totalmente As realidades nacionais que condicionam as vidas dos cidadãos. Vivem e actuam como boias em águas pouco turbulentas sem preparação para prever e resolver acontecimentos preocupantes e sem capacidade tomar decisões correctas e sustentáveis, mostrando ignorar a metodologia para a preparação da decisão a que me referi em O DIABO de 27 de Setembro de 2016 http://domirante.blogspot.pt/2016/09/preparar-decisao.html
A formação que a maioria obteve está eivada da «experiência» de jotinhas como está descrito, desde há mais de cinco anos, em «Carreira política», http://domirante.blogspot.pt/2012/07/carreira-politica.html, e não lhes permite agir com racionalidade e pragmatismo, perante situações graves, limitando-se a ganhar tempo, a proferir afirmações inócuas e inconsequentes e esperar que a crise amaine.
Isto tem sido constatado, até pelos menos atentos, nos incêndios florestais, nos «furtos» de armamento, nas falhas inoportunas do SIRESP, etc. As pessoas nomeadas para funções que exigem adequada preparação, competência, sentido de responsabilidade e dedicação ao serviço público são, muitas vezes, resultado de amiguismo, cumplicidade e conivência nas «brincadeiras» partidárias, em vez de serem escolhidas por concurso público ou por cuidadosa escolha com fundamento em experiência e resultados de trabalhos realizados, comprovativo de competência no âmbito da função a desempenhar.
Os resultados de tal compadrio estão bem à vista. Não se cultiva o gosto pela excelência da forma de realizar as tarefas nem pela criação de uma imagem com boa qualificação em resultado do trabalho feito. Daí que seja frequente ouvir-se que os boys querem ir para tachos em que em que possam enriquecer muito, em curto prazo e por qualquer forma. Para isso, a sabujice ao chefe pode estar mais à mão do que a ostentação do seu bom serviço e a perfeição das tarefas realizadas.
Para concluir, duas reflexões acerca de notícias lidas no dia 19/7.
Os fogos florestais continuam, como as notícias têm mostrado, nos distritos de Viseu, Guarda, Vila Real... Não estão a ser aplicadas as lições que deviam ter sido aprendidas com o caso, tão badalado, de PEDRÓGÃO GRANDE. Que espécie de conteúdo têm no crânio os responsáveis pela protecção civil, pela Natureza do País, principalmente pela floresta e pela segurança das pessoas e dos seus haveres. Consta que já, há anos, fizeram lei para garantir a protecção da floresta contra incêndios. Que tipo de lei? Porque não a cumprem nem a fazem cumprir? Porque razão continuamos sem a Guarda Florestal e sem os cantoneiros?
A Liga de Bombeiros e Protecção Civil não se entendem, não querendo a primeira ser comandada pela segunda. Perante isto, o Governo deve averiguar os motivos das divergências, ouvindo as duas partes, analisando as suas estruturas organizativas, as regras de procedimentos e , principalmente, os critérios que levaram às nomeações dos respectivos quadros. Talvez tenha sido dada prioridade a boys sem experiência nem formação adequada aos objectivos de cada instituição, os quais não podem deixar de ser convergentes para os interesses dos cidadãos de Portugal.
António João Soares
25 de Julho de 2017
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