(Public em DIABO nº 2390 de 21-1o-2022, pág 16, por António João Soares)
As religiões foram
criadas para condicionar positivamente os comportamentos sociais mas, com o
decurso dos tempos, nem toda a população seguiu os conselhos que lhe foram
dirigidos. Por exemplo, ouvindo-se na Internet rezar o terço em que os crentes
repetem as orações mais correntes, houve quem desabafasse dizendo que estavam a
papaguear as orações sem fazer ideia do significado das palavras que estavam
dizendo e houve quem aproveitasse para lhe perguntar o que pretendia dizer.
E ele prestou-se a
explicar, perguntando-lhe se sabe os três ou quatro conselhos que devemos
colher da segunda parte do «Pai Nosso». Não deu resposta e o amigo explicou que
o texto está elaborado como pedidos ao «Pai» mas, interpretando estes,
extrai-se, o que é útil para a ética social, cumprir os tais conselhos.
Entretanto, apareceu um sacerdote a quem foi feita a mesma pergunta e não
obteve resposta.
Então continuou a sua
explicação. O primeiro conselho é não ser ambicioso nem ganancioso e
contentar-se com o necessário para viver cada dia que passa, ter «o pão nosso
de cada dia». O segundo conselho é que não devemos ser quezilentos, devemos ser
respeitadores dos outros, das suas ideias e opiniões e desculpá-los, tal como
queremos ser desculpados para vivermos em paz e harmonia. O terceiro conselho é
não sermos ambiciosos, não nos deixarmos «cair em tentação» o que pode significar
evitar o alcoolismo, os sedativos, a corrupção, etc. O quarto conselho, que
resulta dos três anteriores, é que devemos evitar o mal, qualquer tipo de mal,
qualquer situação de perigo.
É curioso como todos
estes conselhos estão concentrados em parte de uma oração tão conhecida e os
crentes e os próprios sacerdotes não estão familiarizados com eles. Penso que
seria bom que a divulgação fosse realizada para melhorar a ética social que,
segundo muitas pessoas cultas dizem, está em perigosa decadência, a ponto de o
coeficiente de inteligência na média das populações ter descido muito nos
últimos vinte anos.
Há dias, a propósito dos
cuidados com a saúde, li que temos o direito que respeitem a nossa saúde mas
nós temos o dever de cuidar dela. E o cuidado com o que comemos e bebemos é o
principal factor da saúde.
Aquilo que atrás ficou
escrito, bem como os mandamentos e muitos outros ensinamentos que constam dos
escritos religiosos deviam ser difundidos e explicados aos crentes para se
aperfeiçoar o seu comportamento social. Este efeito será mais útil do que o
conhecimento incompleto de escritos muito antigos que nada de útil e prático
ensinam para melhorar o nível dos comportamentos.
Agora está em marcha o
desenvolvimento da harmonia entre religiões e seria bom que se gerasse um bom
entendimento com atitudes mútuas de respeito e tolerância pelas diferenças de
cultos e aspectos festivos. Amemo-nos como irmãos e aceitemos as diferenças,
para podermos conviver harmoniosamente neste nosso planeta.
Não há dúvidas de que a
vida em paz e harmonia, com as outras pessoas constitui um dever de todo o
cidadão, contando sempre com a colaboração, a ajuda e o socorro em caso de
necessidade de apoio de outras pessoas. Isso deve ser uma posição colectiva e
permanente. Felizmente, essa filosofia já foi publicamente defendida por alguns
países, onde até foram iniciados movimentos a defender a abolição de armas e
outros instrumentos que possam ser utilizados para agressões, quer na violência
doméstica quer no relacionamento com pessoas estranhas.
Será bom que haja
pessoas da igreja, das escolas e da segurança social que divulguem
comportamentos geradores de paz e harmonia, que as forças de segurança nacional
atuem em conformidade e a justiça seja rápida e rigorosa da punição de infractores,
sem meiguices de tolerâncias e de pouca acção. O respeito pelos outros é
imperioso, mas é importante que todos sigam a mesma norma, incondicionalmente.
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