O PASSADO E O FUTURO
(Public em DIABO nº 2380 de 12-08-2022, pág 16, por António João
Soares)
Antes era passado e agora tem início a preparação do futuro, o que nos
exig o maior cuidado na sua preparação e organização para não deixarmos
muitas coisas ao sabor do imprevisto. O passado não pode ser alterado nem deve
ser repetido às cegas sem cuidar da sua coerência com as condições actuais. Mas
não convém ser abandonado ou obsessivamente desprezado, porque o passado é
origem do nosso saber e da nossa experiência da vida. E a experiência diz-nos
que poucas coisas devem ser repetidas à letra. Houve conceitos que foram
repetidos por distracção ou com pouca reflexão e que não devem ser tidos como
bons exemplos.
O Santo Padre, numa recente visita ao Canadá, disse que uma Igreja que não
actualiza o pensamento no sentido eclesial retrocede na convicção de que está
correcta ao seguir procedimentos considerados tradicionais que hoje devem ser
considerados «antiquados». A tradição, considerada por muitos como «a fé viva
dos mortos», deve ser considerada pelos inteligentes
realistas «a fé morta dos vivos». A tradição, no melhor sentido, deve
ser como a seiva das raízes que faz uma árvore crescer, sempre mais e
mais. Estas palavras papais referem-se a sentimentos religiosos que originaram
conflitos, por vezes, violentos entre sectores de crentes de diversos grupos de
cristãos nativos da parte menos evoluída daquele país.
No artigo aqui publicado, no passado dia 9 de Abril, sugeri que a Igreja
incentivasse a moral e a ética social, levando os crentes a raciocinar sobre as
palavras das orações que pronunciam com frequência mas sem pensarem no seu
significado. «Por exemplo, raras são as pessoas que percebem as três
lições constantes da segunda parte da oração “Pai Nosso”». O pão nosso de cada
dia, perdoar as ofensas que nos são dirigidas, não cair em tentação e evitar o
mal. Não devemos pedir ajuda divina para governar cada pormenor da nossa vida.
Tal milagre pedido ao divino deve ser praticado por cada um, em
permanência, orientando o seu comportamento da forma mais natural, moral e
ética, a fim de não cometer erros que precisem de ajuda para serem remediados.
A religião deve incentivar a luta pela dignidade humana, pela liberdade e pela
paz social e preparar o futuro de forma a termos mais harmonia, paz e
felicidade.
Sugeri a difusão da vantagem da aplicação constante dos «mandamentos», bem explicados de maneira a serem praticados, por todos especialmente pelos políticos que estão habituados a ordenar actos ilegítimos que prejudicam seriamente povos pacíficos e inocentes, como tem sido o caso da Ucrânia e de tantos outros actos de terrorismo que afectam gente honesta e trabalhadora.
O respeito pelos outros é fundamental para vivermos em paz sem invejas,
ódios nem ambições e, quando surgem dúvidas, quanto a limites dos interesses
das partes, a melhor solução consiste no diálogo e, se necessário, com o
recurso a intermediários independentes e amantes da paz. Qualquer acto de
violência, na sua contabilidade final, traz mais prejuízos do que ganhos para
qualquer das partes.
A Igreja deve orientar o seu esforço para que os ensinamentos da fé sejam
devidamente aplicados para a felicidade e a segurança dos povos, de todos os
povos, e sejam evitados acontecimentos indesejados e desgastantes da boa
qualidade de vida que os evangelhos apontam como ideal. Para isso, é esperada a
colaboração de todos os sacerdotes e dos seus melhores praticantes.
Esse esforço bem orientado contribuirá para um FUTURO melhor de toda a
humanidade, sem a ambição, a ganância, a inveja, o ódio, a violência, nem
guerras, e respeitando os outros, como irmãos.
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