(Public em DIABO nº 2340 de 05-11-2021 pág 16, por António
João Soares)
As promessas e algumas
decisões, por vezes, não são perfeitamente coerentes mas, mesmo que o sejam,
pode acontecer que não sejam do agrado geral das pessoas por elas afectadas, o
que cria sentimento de desagrado que, em situações de manifestação, podem
constituir grande inconveniente para o Poder.
Como se pode fazer face
a isto? Pelo menos, convém respeitar o povo falando verdade, com sinceridade e
explicando a situação em causa e o resultado que se pretende atingir. E, se nada
está correctamente estudado, será preferível nada dizer, para não
transmitir falácia e perder credibilidade.
Devido a promessas e a
realidades, o descontentamento tem-se generalizado e têm sido visíveis atitudes
de desconforto e intenções de greves e manifestações em sectores importantes na
estrutura social, como na Saúde, na Educação, na Função Pública, na Cultura,
etc. Se tal estado de espírito se agrava, o País pode passar a ser dificilmente
governável, do que nada resulta de benéfico.
Há um sentimento
generalizado da necessidade de reduzir as mordomias, diminuir a quantidade de
deputados na AR, acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações
Públicas, acabar com as empresas municipais, controlar as empresas de
estacionamento, redução do pessoal das Câmaras Municipais e Assembleias
Municipais, redução das Juntas de Freguesia, acabar com o
Financiamento dos partidos, acabar com a distribuição de carros a
Presidentes, assessores, etc, acabar com os motoristas particulares, acabar
com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado, colocar chapas
de identificação em todos os carros do Estado, acabar com o vaivém semanal dos
deputados dos Açores e Madeira, controlar o pessoal da Função Pública,
acabar com as administrações numerosas de hospitais públicos, acabar com
os milhares de pareceres jurídicos, acabar com as várias reformas por
pessoa, perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e
quejandos, acabar com os salários milionários na RTP, acabar com os lugares de
amigos e de partidos na RTP, acabar com os ordenados milionários da TAP, acabar
com a pantomina das PPP (Parcerias Público Privadas), criminalizar já
o enriquecimento ilícito, controlar a actividade bancária, não deixar um
único malfeitor de colarinho branco impune, impedir os que foram ministros
de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos
públicos ou de adjudicações decididas por eles, fazer um levantamento
geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local,
de forma a saber qual o seu património antes e depois, pôr os Bancos a pagar
impostos, terminar com a subvenção vitalícia.
Quem controla o seu dinheiro ou o que é público, de todos, deve gastar só o
possível e absolutamente necessário. Mas verifica-se que, ao fazer despesa, o
Governo despreza o respeito pelo contribuinte, que é todo o cidadão, e não se
preocupa com a defesa dos interesses deste e da melhoria das suas condições de
vida.
Os políticos, principalmente
os autarcas, devem exercer uma acção de proximidade, dando respostas aos
problemas e às dúvidas da população, devem estar sempre ao lado da
comunidade que servem para compreender as suas manifestações de
sentimentos e de ansiedades. Os cidadãos precisam de se sentir acarinhados,
acompanhados ou mobilizados pelos detentores do poder e não abandonados e
explorados para benefício destes e dos seus amigalhaços que sugam quanto podem
do dinheiro sacado por mil e uma formas de impostos, contribuições, etc.
As bazófias de grandes êxitos
e as promessas de melhorias para daqui a mais de dois anos, em vez de atraírem
o respeito e a afeição aos que devem ser responsáveis pelo seu melhor futuro,
criam desprezo por palhaços que os enganam e iludem, como qualquer vendedor de
banha de cobra.
Qualquer mudança ou melhoria
social se respeitar o povo, é a melhor propaganda e dela resulta a sensação e o
sentimento de reconhecimento e gratidão das pessoas.
Sem comentários:
Enviar um comentário