A notícia da declaração de guerra da Al-Qaeda ao Estado Islâmico irá suscitar, muitas congeminações optimistas de jornalistas e pseudo-estrategas ousados e convictos das suas ideias estreitas mas arrogantes. É fácil mas insensato considerar que a Al-Qaeda é amiga da Europa e do Ocidente e, por isso, pretende dar punição aos causadores dos inúmeros refugiados que invadem o velho continente e paralisam a vida dos europeus.
Havia alguma lógica nos tempos medievais, quando os conselheiros do Senhor feudal o aconselhavam a «dividir para reinar». Porém, agora, neste caso, não está a dividir-se algo que estivesse unido, a não ser na intenção de fazer mal e provocar o caos contra povos civilizados. De facto, está a gerar-se mais uma guerra entre dois grupos ilegais, marginais, de terroristas. que a ONU não tem conseguido anular e dela irão resultar mais mortes e destruições de património pessoal e da história da humanidade. O exercício continuado da violência conduz a escalada e nada produz de paz e harmonia. O ideal seria uma solução negociada, sem violência.
Mas nada acontece por acaso. A ONU e as grandes potências têm sido pressionadas para pôr fim aos massacres do EI e à onda de refugiados que invade a Europa e o Ocidente. Isso pode levar a interrogar «Quem encomendou tal atitude da Al-Qaeda contra o EI?» Certamente, esse alguém terá investido para receber o benefício de fornecer mais armas a cada uma das partes do conflito. Talvez o Complexo Industrial Militar a que Dwight Eisenhower se referiu, quando «alertava contra uma influência negativa sobre a sociedade americana que ia além da esfera económica e política e atingia até a dimensão espiritual»
Tal indústria, não fechou as fábricas e continuou a inovar, a fabricar e a vender armamento para o que tem de fomentar e incentivar guerras, pressionando os decisores políticos.
Há cerca de 30 anos, durante a guerra entre o Irão e o Iraque, pela posse de pequenas ilhas na embocadura do Golfo Pérsico, um embaixador itinerante americano, proferiu uma conferência, em Lisboa, acerca de tal guerra. No fim, na fase de perguntas, um circunstante quis saber qual seria o resultado mais desejado pelos EUA, ao que o orador, depois de curta meditação, respondeu que o que mais interessava era que nenhuma das partes tivesse muita vantagem sobre a outra. Isto vinha ao encontro de notícias de discretas vendas de armas a uma e a outra das partes. O certo é que o quase equilíbrio de força facilitou a aceitação de acordo de paz quase sem cedências das partes em conflito.
Podemos ser levados a concluir que, neste momento, haja discretos apoios à Al-Qaeda e ao EI, condicionados pelos efeitos pretendidos no equilíbrio de poderes geoestratégicos globais. Seria bom que isso contivesse os ímpetos de agressividade por parte dos grupos violentos em questão. Terá sido esta a melhor forma encontrada pelos mais altos poderes mundiais? Oxalá que obtenha os resultados desejados.
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