segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ambulâncias em risco de ruptura

As ambulâncias, além de muitas estarem exageradamente velhas, já tendo ultrapassado há muito o tempo normal de vida, têm sido submetidas a um acréscimo de deslocações e do tempo médio dos serviços de emergência, decorrente de encerramentos de maternidades e serviços de urgência por determinação ministerial.

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) faz um diagnóstico parcelar, com base nas respostas já recebidas ao inquérito enviado às associações, de que uma centena e meia de ambulâncias estão "em risco de ruptura". Trata-se de assunto que merece ser meditado por todos os portugueses, já que os governantes o têm ignorado.

1. Quanto à idade das viaturas, seria do maior interesse que o Governo (talvez o MAI que tem a tutela dos Bombeiro e da Protecção Civil), tendo bem presente a noção correcta dos interesses nacionais em que se inclui a melhoria das condições de vida da população, informasse o Pais sobre a idade média das ambulâncias existentes, incluindo as o INEM, dos Bombeiros e de empresas privadas. E que comparasse o número assim obtido com o correspondente à idade média os veículos ligeiros de passageiros usados por membros do Governo, seus gabinetes, deputados, directores de serviços, administradores de Instituições públicas ou com dinheiro publico.

Perante estes números, cuja discrepância é facilmente previsível, deveria ser feita uma sondagem com vista a saber se a opinião pública concorda que isso está correcto ou se a diferença devia ser de sentido inverso ao existente. Se concorda que, como está, corresponde aos objectivos de dar à população o melhor apoio em cuidados de saúde. O que será melhor para o povo português, como está ou ao contrário?

2. Quanto ao uso intensivo a que as decisões do ministro da Saúde as obrigam, seria bom saber se esses efeitos foram previstos pelo ministro nos estudos preparatórios dessas decisões de reduzir os apoios de saúde descentralizados. As decisões exigem previsão dos seus efeitos e comparação das diversas modalidades de acção para escolher a melhor. Neste aspecto, a resposta também é previsível. O sistema político vigente não tem sido consentâneo com a desejável nomeação de assessores por concurso público, de forma a seleccionar os mais capazes e competentes, pois, pelo contrário, assenta no «critério» de confiança política. Indivíduos pouco dotados, com ambições políticas (muitas vezes as únicas ao seu alcance) procuram «não fazer ondas» e evitam levantar objecções. Perfeitos «yesmen» que pretendem estar sempre «bem vistos» para subirem na carreira política. Daí resulta que o esboço inicial de uma decisão não recebe críticas, nem achegas ou sugestões para evitar erros e receber melhoramentos, e acaba por sair com deficiências graves, como as que já, por várias vezes, levaram o ministro a ter de «recuar».

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