sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

CHUVAS FORTES E INUNDAÇÕES

http://domirante.blogspot.com/2022/12/chuvas-fortes-e-inundacoes.html

(Public em DIABO nº 2399 de 23-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Veio nos jornais o alerta da Proteção Civil para a possibilidade de cheias e pediu à população para adoptar «medidas de autoprotecção». Sempre ouvi dizer que mais vale prevenir do que remediar. Sobre este alerta já Marques Mendes disse na Imprensa que foi dado «tarde e a más horas». Há medidas que devem ser tomadas com mais antecedência e com efeitos permanentes. Com efeito, os responsáveis pelas vias públicas e pelas construções nas cidades devem saber e actuar de forma preventiva, ao planearem os seus trabalhos. Por exemplo, devem construir as vias públicas com inclinações que evitem ficarem sujeitas a lençóis de água causadores de graves acidentes, para o que deve haver um ligeiro declive do meio da via para cada lado e, nas bermas, deve haver escoamento suficiente para os dias mais chuvosos.

No licenciamento de obras urbanas deve ser exigido que os projectos de habitação não tenham acessos ao nível da rua, mas com um degrau ou rampa de 20 cm de altura para evitar que a água da chuva penetre nas instalações do rés-do chão ou das caves.

A água das ruas deve ter um escoamento suficiente de modo a não haver inundações como as que têm sido noticiadas em muitas cidades. E não basta serem bem construídas, é preciso ser respeitada a sua capacidade permanente de escoamento. Por exemplo, em Lisboa houve situações de perigo para a sua complexa rede de esgotos de águas pluviais durante a construção do metropolitano e de outras obras. Há zonas muito sensíveis por serem pontos de confluência de vários sistemas radiais, como Sete Rios, Marquês de Pombal, Rossio, Praça da Figueira, etc. E, em tais locais é preciso ter muito cuidado com trabalhos que possam afectar a eficácia do escoamento de águas.

O alerta da protecção civil é útil para os cuidados a ter pelas pessoas mas deve ser devidamente interpretado pelos responsáveis pela engenharia dos municípios a fim de ser mantida a estrutura de escoamento de águas completamente operacional para evitar inundações danosas. A capacidade de escoamento não deve ser sacrificada, por construções no subsolo que as afectem, devendo ser encontradas soluções adequadas aos interesses em jogo.

Pode haver quem me critique por estar a ser exagerado. É certo que, em tais serviços, responsáveis pela segurança da população, nem sempre estarão a ser colocados técnicos competentes, mas por vezes, apenas pessoas sem preparação e sensibilidade para o problema, porque são da família de governantes ou seus amigalhaços, em troca de favores. Neste assunto, tal como quando se trata do SNS, a nomeação exige muita seriedade e sentido de responsabilidade, porque trata-se de serviços em que estão em perigo vidas e altos valores patrimoniais.

Quando se discutia a passagem do metropolitano no Marquês, houve pessoas que apenas se referiam a aspectos superficiais, esquecendo que nesse ponto confluem águas vindas de uma extensa área a montante.

Sugiro à Proteção Civil que alerte os serviços municipais respectivos sobre os cuidados a ter com a inspecção do escoamento das águas das chuvas para garantia de que estão bem preparados e conservados ou precisam de cuidados especiais para poderem cumprir a sua finalidade nos casos especiais que estão a ocorrer e poderão vir a ser ainda mais graves. A prevenção não pertence apenas às pessoas, mas principalmente a serviços responsáveis quando se trata de situações estruturais.

É imperioso que se previnam desastres pessoais e danos materiais provocados pelo perigo das chuvas fortes que ameaçam inundações altamente danosas.

 

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

TODOS DEVEMOS SER RESPEITÁVEIS

(Public em DIABO nº 2398 de 16-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Um tema muito debatido nas datas mais recentes é o dos direitos humanos, em que um ponto saliente é o do respeito pelos outros. Mas, infelizmente, há muita gente em funções de responsabilidade que não procura merecer o respeito que lhe devem ter. Quem tem o encargo de nomear pessoal para os serviços públicos deve escolher pessoas com competência e conhecimento das funções que lhe vão ser atribuídas, por forma a serem respeitáveis por todas as pessoas do seu contacto.

Depois do tiroteio numa escola primária no Texas em que morreram 19 alunos, todos menores, e duas professoras, soube-se que nos EUA, desde o início do ano, houve mais de 17 mil mortes provocadas por armas de fogo. E este trágico fenómeno não tem acontecido apenas nesse país, pelo que exige ser devidamente analisado, para evitar a insegurança das pessoas. O fabrico de armas mortíferas e a sua venda devem ser devidamente controlados, para se evitar estes casos lamentáveis que vitimam pessoas completamente inocentes, como foi o caso desta escola.

A humanidade não deve ter medo, apenas, das armas nucleares, deve estar defendida de outros objectos fatais que são fabricados e vendidos, sem sentido de responsabilidade, sem controlo nem fiscalização, apenas com a ganância do lucro e ambição do dinheiro e com protecção de autoridades corruptas. A vida está cada vez mais ameaçada por actividades aparentemente inofensivas, mas realmente muito perigosas e sem uma utilidade totalmente explícita e justificada. 

O ensino deve ser efectuado por forma a criar nas crianças, desde a mais tenra idade a noção da ética social, e a necessidade de respeitar todos os seus semelhantes e, também, merecer ser respeitadas por todos.

Mas a educação tem sido deixada um pouco ao desmazelo e surgem muitas notícias que mostram que os jovens crescem um pouco ao acaso, porque até a comunicação social não procura contribuir para aperfeiçoar os comportamentos. A criminalidade, talvez por efeito da pandemia, tem aumentado desde a doméstica a todos os diferentes casos. Há dias, vi a notícia de que a PSP deteve sete jovens, sendo um de apenas 14 anos, após realizarem um assalto nas proximidades do centro comercial Colombo. Talvez fossem levados a isso, por falta dinheiro para se alimentarem, mas hoje já sistemas de apoio para isso, talvez fosse para o vício da droga, mas o facto de serem sete, mostra uma actividade colectiva, despudorada, sem qualquer respeito pela propriedade alheia e sem receio de serem detectados. E a droga não constitui uma necessidade vital que leve a cometer crime. E não parece ser difícil a jovens dedicarem-se ao trabalho para granjear o «pão de cada dia».

Mas a necessidade de um comportamento correcto ou mesmo exemplar não se restringe aos jovens pois há pessoas que deviam ser respeitáveis e desmerecem essa condição. Vi uma outra notícia que também merece reflexão. Nas Honduras, um antigo deputado foi detido, depois de ter sido procurado para extradição pelos Estados Unidos devido às ligações ao tráfico de droga. Ele estava em fuga desde julho de 2018 depois de ter completado o segundo mandato como deputado, quando um tribunal federal em Nova Iorque solicitou a extradição.

O caso deste ex-deputado, evidencia que não há cuidado especial para observar as qualidades e os defeitos daqueles que os políticos tomam como candidatos para serem votados pelos cidadãos e depois de eleitos, devem ser muito vigiados e devidamente sancionados. A tolerância deve ter limites para que os que a decidem sejam respeitáveis.

Os governantes para serem merecedores do respeito dos cidadãos mais humildes e cumpridores devem criar condições para que os cidadãos sejam cumpridores e respeitáveis desde o ensino escolar, passando pela vida prática, e ao ocuparem funções públicas. E não podem permitir corrupção nem criar excepções a favor de amigalhaços.

É preciso uma campanha de reabilitação abrangendo pessoas de todas as idades que tenham sido detectadas por uma vigilância persistente nos sectores sociais onde os casos indesejáveis forem mais frequentes

As pessoas não valem aquilo que evidenciam nas suas palhaçadas, valem o que é demonstrado nas suas acções e decisões, a favor do futuro nacional.

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A HUMANIDADE SERÁ VÍTIMA DA AMBIÇÃO DE ALGUNS

(Public em DIABO nº 2397 de 09-12-2022, pág 16, por António João Soares)

O problema não é novo mas está a ser exageradamente empolado. Recordo a história da carraça na orelha do velhote que o médico da aldeia aproveitou para obter o dinheiro para poder pagar os estudos do filho que se formou em medicina. Já é um caso muito antigo mas hoje está muito agravado. Há muitos medicamentos a serem substituídos não por terem sido ineficazes, mas por serem muito eficientes, curando rapidamente doenças e estas, agora, constituem um bom elemento para o rendimento de médicos, farmacêuticos e outros profissionais da saúde. O objectivo destes é a manutenção do cliente e, para não o perderem, ele deve manter-se doente, embora com sintomas controlados.

Contaram-me um caso e pediram-me que mantivesse em segredo o relator. Este senhor foi chamado para a entrevista uns dias antes do seu internamento num lar de idosos e uma das tarefas que lhe apresentaram foi o encontro com o médico que olhou atentamente para a documentação sobre o seu estado de saúde. Ele não se queixava de doenças e a razão do seu internamento foi apenas para evitar a solidão, por ter uma família muito reduzida e com pouca facilidade para lhe dar o necessário apoio: a filha demasiado zelosa pela sua profissão e pelo tratamento da casa para a qual não tinha empregada e de que se ocupava activamente nos fins de semana, e dois filhos já casados e com filhos, a viverem no estrangeiro distante com boas profissões que os absorvem totalmente e em que procuram ser eficazes, não se preocupam com o seu velhote.

O médico, ao ver uma análise ao sangue e urina feita há pouco tempo, disse ao cliente que, quando entrasse para o lar, devia ir falar com ele para renovar as análises e fazer outras a fim de ele as observar cuidadosamente, para detectar qualquer pequena deficiência e receitar a medicação adequada, pois sem isso a sua actividade corria o risco de despedimento por desnecessária. Pensou que ele estivesse a exagerar, mas depois verificou que muitos dos internados «comiam» perto de uma dezena de medicamentos a cada refeição. E um dia o relactor da história, ao fazer o controlo semanal da pressão arterial, inspirou de forma ruidosa o que foi interpretado pela funcionária como sintoma de gripe e recomendou a ida ao médico, tendo ela própria pedido a consulta. O médico, ao vê-lo, não lhe fez perguntas nem teve conversa e começou a escrever e no computador saindo, a seguir, da impressora da funcionária sua secretária seis idas a exames e consultas com diversos especialistas.

O cliente, no dia seguinte, foi almoçar com um grupo de amigos em que se encontrava um médico e perguntou a este se o doente é obrigado a obedecer às ordens de um médico. Ele respondeu: «que ordens? Um médico não dá ordens, apenas dá sugestões, conselhos, receita, etc. que o cliente só segue se concordar. Mesmo o hospital só actua se o doente concordar, por vezes por escrito».

Li, há tempos, a opinião de um médico que não quis identificar-se, que hoje as doenças são todas crónicas porque os médicos não querem perder o cliente, isto é, não querem que deixe de ser doente, ou evitando que, se possível, faleça ou não se cure. Todo o serviço de saúde colabora neste esquema e deixa de haver medicamentos que curam definitivamente e que apenas tornam os sintomas menos agudos. Todas as doenças passam a ser crónicas! E, assim, se mantêm sempre activos médicos e farmacêuticos.

O médico deixou de desejar ver no cliente uma pessoa que viva sempre com saúde mas sim um cliente que continue a consumir medicamentos, enfim uma ferramenta para aumentar o seu activo.

Seria bom que o SNS mentalizasse os seus profissionais para respeitarem os clientes tratando-os com sensibilidade, humanidade, dignidade e carinho por forma a terem calma para suportar o sofrimento, principalmente os mais graves e os idosos.    

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

EXPERIÊNCIA GRISALHA

(Public em DIABO nº 2396 de 02-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Em oposição ao difusor do termo «peste grisalha», recordo que os grisalhos, possuem uma experiência e uma aprendizagem muito valiosa que foi adquirida e melhorada ao longo de muitos anos e que tem recebido apoios de muita gente válida que foi retocando a forma de viver e de actuar nas diferentes actividades. Continuam a enriquecer o seu comportamento de forma muito positiva e a criticar os jovens atrevidos e impulsivos que, ultimamente, têm empobrecido a economia nacional com decisões inadequadas e impulsivas, sem terem apoio de correcta ponderação.

Felizmente, os idosos constituem um sector de persistência grisalha que tem sido apoiado por pessoas muito válidas nas suas fases de ansiedade e solidão, com conselhos, sugestões e outros tipos de apoios para enfrentar os problemas de isolamento e de saúde. Encontrei agora na publicação «Lifestyle» sugestão para reduzir a ansiedade e estimular as endorfinas, sem recurso a medicamentos.

Estes conselhos aplicam-se a todas as idades. Em algum momento, é provável que uma pessoa já tenha sentido ansiedade. O problema é mais grave quando se torna algo recorrente e pode levar a transtornos mais complicados. Em muitas situações, o uso de medicamentos acaba por ser a solução mais óbvia, mas existem outras alternativas.

Têm sido adicionados vários estudos e dicas testadas que se mostram eficazes na redução da ansiedade. Vejamos algumas que podem ser experimentadas.

Evitar grandes quantidades de cafeína

Ela pode ser uma das causas de ansiedade, por ter uma componente estimulante. Várias pesquisas já mostraram que um alto nível de cafeína está ligado a um aumento da ansiedade. Ainda assim, as quantidades podem variar de pessoa para pessoa.

Usar aromaterapia

Segundo os especialistas, o olfacto é um dos sentidos que mais está ligado ao cérebro. Acaba por ser um mecanismo importante ao detectar ameaças, mas também funciona no sentido oposto. Aromas mais agradáveis podem ajudar a que se acalme.

Beber chás

Uma chávena de chá quente pode ser a solução para afastar a ansiedade, bem como um outro líquido morno. É um bom remédio caseiro para resolver o problema. A água de lavanda acaba por ser um bom aliado.

Respirar profundamente

Praticar a respiração acaba por ser outra forma de aliviar a ansiedade. Experimente inspirar durante quatro segundos, manter a respiração por outros quatro, expirar por quatro, manter por quatro e repetir o processo. É uma das dicas partilhadas.

Meditar

Tal como a respiração, a meditação vai acabar por reduzir os episódios de ansiedade.

Fazer exercício

O exercício regular acaba por ser outra forma de combater a ansiedade. Os especialistas explicam que liberta endorfinas e acaba por ajudar nas interacções sociais. Mantenha-se activo durante, pelo menos, cinco dias por semana.

Dormir com um cobertor pesado

São vários os estudos que já o demonstraram. A sensação acaba por ser semelhante a receber um abraço, daí ser algo reconfortante.

Sobre o mesmo assunto, encontrei as seguintes dicas da autoria de Elizabeth C. Gardner, cirurgiã de ortopedia, afirmando que as endorfinas ajudam a aliviar o stress, aliviar dores e até reduzir sintomas de ansiedade e depressão. 

Felizmente, existem outras formas de aumentar os níveis desta hormona, algumas mais ativas do que outras, e que vão deixar muito bem-disposto o doente com ansiedade.

São outras formas de aumentar os níveis de endorfinas sem fazer exercício físico: 

Fazer massagem e acupuntura; fazer meditação; dar gargalhadas; estar exposto à luz ultravioleta; fazer sexo; praticar ioga; ouvir música.

Pelos vistos, não faltam soluções para as depressões e, portanto, nada justifica que uma pessoa se isole com a sua preocupação ou o seu desgosto e deixe que um problema simples e passageiro se agr

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