O meu Amigo FR teve a amabilidade de me enviar o seguinte vídeo e, para melhor se compreender o tema, acompanhou-o do texto da intervenção do eurodeputado Cohn-Bendit. Independentemente das simpatias ou antipatias pelo seu partido, a intervenção merece ser lida com atenção. O tema abrange também a actual situação de Portugal.
Tem a palavra o Partido dos Verdes. O senhor Cohn-Bendit.
Senhor Presidente, caros colegas: Eu gostaria de continuar na linha de Guy Verhofstadt.
É evidente que levamos quatro meses enrolando. É claro que estávamos errados.
É óbvio que, com tal hesitação, temos vindo a fornecer combustível para a especulação no mercado. Pelo menos, os membros do Conselho responsáveis devem admiti-lo, eles devem dizer “falha nossa”; Senhora Merkel, Senhor Sarkozy, seja quem for e qual o seu papel: como todos nós temos lido nos jornais, isto deveria ter sido feito imediatamente, este é, 1º ponto.
2º Ponto:
O que nós estamos a pedir ao governo Papandreous é algo quase impossível de cumprir. Peço ao Ecofin e aos chefes de governo que pensem se eles próprios... seriam capazes de fazer reformas em seus países como as que nós estamos a pedir à Grécia.
Quanto tempo seria necessário para a reforma do sistema de pensões em França? Na Alemanha: Quanto tempo seria necessário para resolver as suas pensões? E nós estamos pedindo a Papandreous para mudar tudo em três meses! Vós estais completamente loucos!
E a prova é o que está a acontecer na Grécia. Nós não estamos a dar a Papandreous, nem à Grécia o tempo para achar uma solução consensual. De encontrar uma solução consensual... nós não podemos mudar... Na Grécia não há identificação entre a cidadania e o Estado. Existe apenas o “cada um por si” e isso é lamentável. E a culpa é partilhada: desde há décadas de corrupção na classe política grega. O consenso, é necessário criá-lo! Será que devemos tentar convencê-los pela prática e não apenas pela legislação?
Vão ver o que acontecerá na Espanha, quando os problemas começarem. E verão em Portugal. Sr. Durão Barroso está bem ciente: foi assim que ele perdeu as eleições (na imagem vê-se D. Barroso fazendo sinais negativos). Não, desculpe, nunca perdeu as eleições.
O que quero dizer com isto é que temos de inspirar uma atitude de responsabilidade, e não pedir o impossível. Lembro que há muito tempo alguém disse: “Eu quero meu dinheiro de volta” (M. Thatcher). E agora parece que a expressão é: “Eu quero ganhar dinheiro com a desgraça dos gregos”. Porque esse é o ponto! Nós pedimos empréstimos a 1.5% ou 3%, e vamos financiar a Grécia a 3,5% ou 6%! Estais a fazer negócio à custa dos gregos e isso é inaceitável!
Por outro lado, a Europa também pode tomar iniciativas. Guy Verthofstadt tem razão, quando fala de um Fundo Monetário Europeu, um fundo de investimento e de solidariedade. Para realizar esse empréstimo teríamos de alterar os Tratados. Então, avante camaradas, avante! Este parlamento! Sim camaradas, aqui neste parlamento, nós temos a possibilidade de tomar as iniciativas para mudar os tratados! Se o Conselho não é capaz de decidir tomar essa iniciativa, vamos fazê-lo nós próprios! Criemos uma iniciativa, uma iniciativa comum deste parlamento para mudar o Tratado, para que, enfim, criemos um Fundo monetário Europeu que pode travar a especulação. Nós podemos fazê-lo, “Yes we can”. Vamos fazê-lo.
E agora outra coisa: No acompanhamento do que está a acontecer na Grécia: Peço à Comissão que a Direcção de Trabalho seja quem tome o controle, para termos uma ideia do que está acontecendo na Grécia. Além disso, peço ao Conselho que diga ao FMI que o Bureau Internacional do Emprego intervenha no que está acontecendo na Grécia. Estamos a falar de pessoas, de problemas de emprego, de perda de salários, (dificuldade minha em compreender o que de facto é dito, cerca dos 3min 50sgs) e não deixar que isto seja decidido apena pelo mundo das finanças(?) Mas são as instituições europeias e internacionais do trabalho, quem têm de aplicar um castigo, que deve pôr fim à loucura dos financeiros!
Um último ponto: há também uma outra maneira de prestar assistência ao orçamento grego: Simples! É tomar a iniciativa: nós, como União Europeia, tomarmos a iniciativa de promover o desarmamento na região. Isto é: uma inicia tiva política – Grécia-Turquia rumo ao desarmamento; a iniciativa política para as forças armadas [prussiana...gregas...turcas, desculpem] turcas serem retiradas do norte de Chipre. Para começarem o desarmamento.
Tenho que o dizer: no fundo somos hipócritas! Neste últimos meses, a França vendeu seis fragatas à Grécia por 2.5 milhões de euros, helicópteros por 400 milhões, caças Rafale (RMCF) por 100 milhões cada um – por desgraça, os meus “espias” não me puderam assegurar se foram 10, 20, ou 30; o custo total foi de perto de 3 mil milhões! E depois a alemanha: há poucos meses vendeu seis submarinos à Grécia e...durante o próximo ano outros mil milhões. Somos uns completos hipócritas. Emprestamos-lhes dinheiro, para que comprem as nossas próprias armas!
Peço à Comissão para apresentar ao Parlamento e ao Conselho um relatório sobre a venda de armas à Grécia e Turquia, por parte dos países europeus, nos últimos anos. Tenhamos, enfim, alguma transparência! Precisamos de saber.
Se nós somos verdadeiramente responsáveis, garantamos à Grécia a integridade do seu território. A Grécia tem 100.000 soldados, a Alemanha tem 200.000!... É totalmente absurdo, para um país com 11 milhões de habitantes ter um exército com 100.000 soldados. Digamos isso à Grécia, será, seguramente, mais eficaz do que cortar o salário de alguém que ganha menos de 1.000 €.
Peço à Comissão alguma justiça.
Imagem da Net
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A crise na Grécia e noutros países da UE
Publicada por A. João Soares à(s) 18:07
Etiquetas: prioridades, sensatez, sentido de Estado
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