O professor, com os conhecimentos técnicos e a sabedoria da idade e experiência da «política» que há décadas tem arrastado o País para posições pouco lisonjeiras na escala dos Estados Mundiais (32º em corrupção e 26º no índice de prosperidade) tem o mérito de nos fazer pensar sobre o desrespeito dos políticos pela verdade quando afirma o desejo de «Que o acordo não seja uma mentira». Todos sabemos que a condição que coloca a propósito do acordo para aprovação do Orçamento do Estado, pode ser aplicada a todas as afirmações dos políticos que, ao falarem aos portugueses, usam sempre a falácia vulgarizada nas campanhas eleitorais.
Todos os cidadãos que usem livremente a capacidade de raciocínio, sabem que há ausência de credibilidade nos políticos, mesmo nos que se dizem não profissionais, mas a dúvida do professor Bessa, que é uma forma subtil de ocultar a sua convicção, tem o mérito de vir confirmar a opinião geral.
Estabilidade, continuidade, desenvolvimento, são palavras bonitas que não traduzem vontade de reestruturar, reformar, sanear, moralizar, simplificar sectores da máquina do Estado que constituem sorvedouro do dinheiro dos impostos sem contrapartida proporcional para o bem público (ver os números referidos no primeiro parágrafo)
Quanto a «Portugal estar na 32.ª posição entre 178 países», o que dizem os meritíssimos juízes? Como explicam os resultados dos vários «casos» que passaram pelos tribunais? Se a culpa é da legislação, porque não propõem ou sugerem alterações no corpo a legislativo, dado que dos políticos pouco ou nada de bom se espera neste tema?
Quanto a «Portugal descer para 26º lugar no Índice de Prosperidade», o que dizem os governantes da última década? O que diz a isto o candidato Cavaco Silva? Porque pretendem a continuidade política? Porque se recandidatam depois do fracasso da actividade anterior? Mas o povo está embrutecido pela propaganda falaciosa e continua indiferente às armadilhas do seu destino e dos seus descendentes e vai voltar a votar na continuidade da descida para o abismo. Quem nos tirará do fundo da mina? Nem sequer temos capacidade como a do salvamento dos mineiros chilenos. Água parada dá pântano pestilento.
O estado em que nos encontramos, por incúria, incompetência ou falta de sentido de Estado e de responsabilidade dos políticos, mostra ser imperiosa uma mudança estrutural, uma substituição de pessoas, dando lugar a gerações mais jovens e menos infectadas pelos vícios de que hoje enfermamos.
Nos mais jovens há gente muito válida e com dedicação a causas e valores, evidenciando-se na arte, na ciência, no pensamento, na gestão. Procure-se entre eles os substitutos dos actuais parasitas que nada mais aprenderam na sua vida prática, além de enriquecerem à custa do dinheiro dos impostos.
E não vale a pena dar ouvidos a pessoas que prometem milagres que estão a anos luz da capacidade que mostram ao não adoptarem soluções válidas em missões anteriores. Como acreditar neles.
Mesmo agora vi a notícia de que o ministro das Finanças disse "Continuamos disponíveis para ultrapassar o impasse", quando talvez fosse mais sincero se dissesse estamos disponíveis para aceitar a rendição incondicional do adversário.
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
O mérito de Daniel Bessa
Publicada por A. João Soares à(s) 07:20
Etiquetas: sentido de responsabilidade, verdade
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