1º de Outubro
MEXA-SE COMO UMA CRIANÇA
A atividade física é um fator de promoção da qualidade e da duração da vida. Ande, pratique alongamento dance. Não pare.
COMA COMO UM INDIO.
Evite produtos industrializados. Coma menos gorduras. Abuse das frutas e verduras. Use pouco sal. Reduza o açúcar...
DURMA COMO UM GATO
Descanse o suficiente. Espreguice ao acordar. Trate bem o seu corpo.
TENHA A PERSISTÊNCIA DE UM CAMELO
Seja disciplinado. Mantenha seu compromisso de envelhecer com saúde. Trace os objetivos e tarefas.Mantenha seus sonhos vivos...
TENHA A ALEGRIA DE UM GOLFINHO
Valorize as coisas boas que a vida nos dá. Não seja amargo ou rancoroso. Viva o dia de hoje...
MANTENHA SUA CRENÇA NA VIDA, NO AMOR E NA FRATERNIDADE.
Autor Desconhecido
Nossas respeitosas saudações a todos os que levam na bagagem a experiência de uma longa Vida, onde adquiriram a sabedoria da idade!
C.S. SEMPRE JOVENS.
Publicado por Celle em Sempre Jovens
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Dia Internacional da Terceira Idade
Publicada por A. João Soares à(s) 23:57 6 comentários
Quem «zela» pelos portugueses desprotegidos?
Os interesses de todos os portugueses devem ser defendidos pelos políticos eleitos democraticamente. Isto devia aplicar-se, com mais acuidade aos cidadãos mais desfavorecidos que carecem de poder de influência que lhes permita chamar a tenção para o seu estado de dificuldades. Mas os políticos, dada a forma da elaboração das listas em que se candidataram e dos motivos que os levaram a interessar-se pelo poder, não conhecem os problemas dos mais pobres e não encontram motivação para darem alguma prioridade à observação de tal situação. Na sua opinião, isso seria um investimento de tempo sem rentabilidade.
E desta forma, todas as decisões e todas as medidas ignoram a enorme fracção da população que é sempre desprezada e explorada em favor de uma minoria que absorve os recursos mais atraentes do País, e assim aumenta o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, apesar de serem estes os mais numerosos.
Curiosamente, o líder do PSD mostrou prudência de, na véspera de audição com o PR sobre o OE para 2011, ouvir várias opiniões a fim de perceber qual a melhor solução para o Orçamento. Mas, como é característico da lógica dos nossos políticos, optou por ouvir os pareceres de notáveis economistas, ex-ministros e gestores com opiniões de teóricos, bem instalados na vida, totalmente afastados das pessoas mais sacrificadas e exploradas do país: classe média baixa, pobres, pedintes, famintos. Daí que qualquer solução que venha a ter vencimento irá beneficiar os mais bafejados pela fortuna material, da económica e financeira e reduzir a capacidade de sobrevivência aos «existencialistas»(os que, apesar de tudo, teimam em querer continuar a existir). Continuará assim a engordar-se o «Monstro», como lhe chamava Miguel Cadilhe.
Sobre este aspecto dis Manuel António Pina que «só num país de despudorados costumes é que ministros responsáveis, ao longo de décadas, pela engorda do Monstro, em vez de serem levados a tribunal como os seus colegas islandeses, aparecem a dar conselhos sobre a redução do défice a um boquiaberto líder da Oposição». E acrescenta que, citando «Pound, as opiniões são como os cheques: a sua validade depende da cobertura que tiverem. A crer na cobertura que dão às suas opiniões financeiras as passagens pelas Finanças de, por exemplo, Medina Carreira, Salgueiro ou Catroga, Passos Coelho ficou com muitos cheques carecas em mãos».
Querendo ouvir opiniões para obter uma visão mais completa do problema dos portugueses, admira que não tenha convocado Carvalho da Silva e João Proença, que são pessoas inteligentes, bem informadas, com uma experiência adquirida ao longo de décadas de funções em contacto com os problemas mais significativos da maioria dos portugueses e que poderiam fornecer elementos informativos muito esclarecedores e úteis para um político que queira conhecer as realidades das pessoas que mais necessitam de atenção e tomar as decisões mais sensatas e adequadas a uma boa justiça social.
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Publicada por A. João Soares à(s) 15:45 2 comentários
Etiquetas: governar, justiça social, sentido de Estado
Faz falta o José Sócrates de 2005
Transcrição:
Sócrates
Povo. 29 09 2010 19.39H . Por HJoão César das Neves
Vamos imaginar que tínhamos um primeiro-ministro sério, responsável, dedicado aos problemas nacionais.
O que faria, se estivesse hoje no poder, qualquer um dos grandes chefes do Governo da nossa história? Podemos escolher entre vários, mas é razoável referir o mais recente.
Que diria, se hoje mandasse, o José Sócrates de 2005?
Com certeza não andaria a procurar desculpas, justificar o injustificável, esconder a dureza da realidade. Seguramente não dedicaria o tempo a ver-se ao espelho, jogar ping-pong com a Oposição ou inventar distracções.
Aquilo que faria seria uma solene declaração ao país, descrevendo sem rodeios a gravidade da emergência nacional, omitindo desculpas, recriminações ou embustes. Pediria a todos, da forma mais intensa e sincera, o maior empenhamento na sua solução. Em seguida anunciaria um pequeno conjunto de medidas profundas e eficazes.
Essas políticas são fáceis de descrever, porque estão tomadas em Espanha, Grécia, Itália, e descritas por especialistas todos os dias nos jornais. É só escolher.
A bomba atómica, que resolveria tudo instantaneamente, com custos elevados, era chamar o FMI. Isso daria credibilidade financeira imediata, havendo depois de cumprir a dieta.
Mas há ainda, por pouco tempo, certas alternativas, também duras: cortar salários e pensões, extinguir serviços, eliminar subsídios e benesses.
Se isto fosse feito com clareza, seriedade e justiça, o país compreenderia e, como aconteceu em 1977 e 1983, começaríamos o caminho da recuperação.
A falta que hoje faz José Sócrates!
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Etiquetas: competência, sentido de Estado, verdade
A gente foge para onde ?!
Publicada por A. João Soares à(s) 10:29 0 comentários
Etiquetas: competência, crise, governar, sensatez
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Sinais de agravamento da dívida
Publicada por A. João Soares à(s) 18:22 2 comentários
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Os pobres pagam a crise
Publicada por A. João Soares à(s) 22:07 10 comentários
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Garantias de ministérios !!!
Segundo o Diário de Notícias, dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação (ME) revelam que, desde o início do ano lectivo, foram entregues 22 690 computadores Magalhães 2 (MG2). Este número representa apenas cerca de 9% dos 250 mil portáteis para alunos do 1.º e 2.º anos e professores, com entrega prevista para o início deste ano lectivo.
Ministério garante que até final de Dezembro deverão estar nas escolas as 250 mil unidades.
No entanto, o ministério prevê a entrega de mais 11 721 portáteis ao longo desta semana, e este ritmo, pelas contas do DN - tendo em conta os fins-de-semana, feriados e períodos de férias -, poderá implicar que o processo só esteja concluído em Março de 2011.
O quer é chocante é que o ministério da Educação não tenha mais cuidado com as palavras que utiliza, pois parece que, depois de tantas promessas por cumprir, o termo «GARANTIR» não tem credibilidade e deixa ficar mal vista a senhora ministra. Como podemos confiar nos governantes? Para quê «GARANTIREM» aquilo que é sabido não ser possível realizar? O Magalhães já tem uma triste história de garantias falaciosas, desde a Páscoa do ano passado.
Infelizmente, tais casos não são exclusivos do ministério da Educação!!!
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Publicada por A. João Soares à(s) 18:26 0 comentários
Etiquetas: Magalhães, sinceridade
Ideias com visão de futuro
As palavras dos políticos com cargos de responsabilidade devem merecer a atenção dos cidadãos por servirem de alertas e sugestões para construir um amanhã menos preocupante do que o hoje. Para isso, devem inserir-se numa linha de pensamento coerente, numa estratégia clara e perceptível que ajude cada agente económico a planear o seu esforço de forma útil ao desenvolvimento próprio e do País.
Deve ter sido nesse sentido que Cavaco Silva pede “ideias com visão de futuro” para Portugal. Mas não é fácil descobrir qual é a ideia estratégica de Cavaco Silva, se a tem. Do que temos observado ao longo de dezenas de anos verificamos que costuma mostrar-se adepto da continuidade, sem mudanças, com tabus, com receios, com a exagerada preocupação de que é preciso mudar apenas quando há a certeza de ser para melhor.
Ora a inovação exige mudança permanente, ter ideias para o futuro será um inconformismo com o presente e a procura de novas soluções para os problemas. As «ideias com visão de futuro» são um objectivo desejado, correcto, porque a vida é feita de mudança, embora ponderada resultante de estudo bem conduzido.
Mas a incoerência com as ideias expressas anteriormente, a aversão à mudança e o seu apego a soluções provadamente desadaptadas ao presente, obsoletas, que conduziram à actual situação, dificulta a interpretação da linha de pensamento prospectivo de planeamento do PR.
Será conveniente que se apoie a criação de novas ideias, embora apenas se aproveitem as mais convenientes perante os condicionalismos existentes, a fim de as mudanças contribuírem para melhorar a vida dos cidadãos. «Para pior já basta assim». Este conceito ficou expresso no post que referia a notícia Cientistas concorrem com ideias inovadoras.
Serão bem vindas todas as «ideias com visão de futuro» e, principalmente todas as decisões bem preparadas com vista a um amamanhã risonho para os nossos descendentes.
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Publicada por A. João Soares à(s) 10:33 0 comentários
domingo, 26 de setembro de 2010
Resultados do ensino onde estão ???
Seria suposto que as melhorias mostradas pelas estatísticas acerca de engenheiros e doutorados correspondessem a melhores resultados na evolução da economia. Mas, pelos vistos, não é assim.
Apesar da ênfase verbal dada ao Plano Tecnológico, e de Portugal nunca ter tido «tantos recursos humanos e tão qualificados nas ciências e engenharias, a economia nacional não parece estar a ganhar com isso, antes pelo contrário, os resultados são de perda, a avaliar pelos últimos dados oficiais. Por exemplo, apesar de ter mais profissionais nestas áreas, o país exporta menos alta tecnologia e não consegue criar mais empresas de grande intensidade tecnológica e de conhecimento.»
Serão efeitos da lassidão do ensino em que se advoga a abolição de chumbos e de retenções, serão os acessos às Universidades a partir das Novas Oportunidades? Serão as cábulas utilizadas como testes de graduação? Poderá haver uma associação de causas variadas e interactivas. Haverá que estudar o problema equacioná-lo e encontrar soluções.
Ao mesmo tempo surge a notícia de que «Cientistas concorrem com ideias inovadoras». Mais de 120 jovens, autores 87 projectos feitos em equipa ou individualmente, em exposição no Museu da Electricidade em Lisboa, que abrangem uma multiplicidade de áreas e vão desde a ideia mais simples à muito elaborada, estão, até terça-feira, sob a mira dos jurados do Concurso Europeu de Jovens Cientistas. Eles terão de explicar os seus projectos sempre que um ou mais elementos do júri mostrem interesse. E esse pode ser um bom sinal.
Desenvolver novas ideias, apresentar inovações, criar novas tecnologias, é sempre sinal positivo promessa de vida mais fácil, produtiva, eficiente. Não importa que venham ou não a ser aplicadas na prática, mas certamente, muitas serão aproveitadas. No momento da criação, aplica-se o conceito « a asneira é livre!» como dizia José Manuel Betencourt Rodrigues, quando professor e na prática de decisor, em relação ao terceiro passo da «preparação da decisão» referido em Pensar antes de decidir.
Os jovens devem ser estimulados a inovar, mas têm que assumir a humildade de que nem todas as ideias serão aplicadas na prática de imediato e algumas poderão nunca o ser. Mas de entre elas aparecerão algumas que serão um presente dos deuses.
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Publicada por A. João Soares à(s) 11:46 2 comentários
Etiquetas: economia, ensino, realidades
sábado, 25 de setembro de 2010
Sara Affonso, Almada Negreiros
Naquela tarde, quando cheguei ao prédio Nº 42 da Rua de S. Filipe Néry, em Lisboa, ia feliz e, ao mesmo tempo, ansiosa. O encontro, que tinha marcado com a pintora Sarah Affonso, viúva de Almada Negreiros, fora agendado pelo telefone para esse dia. A voz que me atendera uma semana antes, um pouco débil, ainda assim mostrava alguma tenacidade e muita simpatia. E ali estava eu a subir as escadas daquele prédio antigo, bastante degradado, que rangiam a cada degrau, a mostrar o peso dos anos e dos passos.
Toquei à campainha do 2º andar. Pouco esperei. Uma empregada idosa, de amplo avental, abriu-me a porta com um sorriso: «É a senhora que vem para a entrevista com a dona Sarah?». Perguntou. Confirmei. De imediato, o convite para entrar: «Faça o favor. A senhora vem já!».
Aguardei. A sala era pequena, mas mais pequena parecia devido às rimas de papel, quase todas atadas com um cordel, amontoadas um pouco por todo o lado, principalmente, no chão. Um fechar de porta, uns passinhos leves, e Sarah Affonso entra na sala. E logo a pergunta seguida de desculpa: «É a Soledade, não é assim? Desculpe a desarrumação, mas nesta casa a papelada está por todo o lado!». E num suspiro: «Depois, sabe, já não há paciência para pôr tudo isto em ordem. Estou velha e cansada e a minha empregada está na mesma. São coisas minhas, mas a maior parte são do meu marido.»
Na minha frente tinha uma senhora franzina, nessa altura com 80 anos, vestida de escuro, cabelo branco, um pouco em desalinho, preso atrás num pequeno carrapito. «Venha comigo!». Convidou. Entrámos numa outra sala, muito mais ampla, mas onde a desarrumação era igual: sobre a mesa, em cima de alguns móveis, mas sobretudo no chão, rimas e mais rimas de papéis, jornais, cartolinas. Explicou: «São apontamentos. Coisas escritas, inacabadas. E esboços. Alguns são meus. Quer ver?». E Sarah mostra-me um belíssimo desenho. Informa e pergunta: «São as Três Graças. Comecei, mas nunca terminei este trabalho. Gosta?». Que sim, respondi. Era lindo, a leveza do traço, a beleza das três figuras femininas, diáfanas, esbeltas, irreais…
Sentá-mo-nos ambas e dei início à entrevista. Não foi fácil. Por vezes quase num murmúrio, como quem fala consigo própria, outras vezes a encher a sala, a voz de Sarah, numa conversa sempre pausada, perdia-se entre a narração e o pensamento. Baralhavam-se os dois num atropelo constante, talvez porque os pensamentos fossem mais ágeis do que as palavras. Mas o fio condutor da narrativa, perdido muitas vezes, acabava sempre por encontrar o rumo: «A minha cabeça já confunde as coisas. Mistura-as um pouco. É a velhice, são muitos anos de vida e o cansaço, a Soledade têm de ter paciência…». Sosseguei-a: «Temos muito tempo. E não vamos fazer este trabalho só numa tarde!». E não fizemos. Num outro dia e numa outra tarde demos, então, a entrevista por concluída.
As recordações da infância e da adolescência:
«Nasci em Lisboa, minha mãe era lisboeta, alfacinha, meu pai era minhoto. Por volta dos meus quatro anos fomos viver para o Minho e só regressámos a Lisboa tinha eu quinze anos feitos. Aliás, agradeço à mãe não termos ficado no Minho porque, realmente, lá, não havia futuro para uma rapariga pobre como eu. A vinda para Lisboa foi um presente que o meu pai deu à minha mãe: era esse o grande sonho dela. Mas não tenho boas recordações da minha infância. Tenho, sim, recordações do sítio onde passei a infância. No entanto, foi o norte que me deu as primeiras emoções, os primeiros deslumbramentos das coisas. Sinto que metade do meu sangue é de lá.»
A mudança para Paris:
«Quando acabei o curso na Escola de Belas-Artes, fui para Paris, onde estive oito meses. Durante esse tempo, tive a sorte de privar com bons companheiros, bolseiros portugueses, mais velhos do que eu, que já estavam habituados ao ambiente. Companheiros muito leais, muito carinhosos para uma rapariga que estava sozinha num grande meio. Embora eu não me atrapalhasse nada, gostava imenso de lá estar.
Nesses oito meses frequentei uma Academia, livre, não tive professores e vi coisas que não sabia que existiam na pintura. Certos movimentos do Impressionismo para cá, eram completamente ignorados em Portugal. Aqui, dizia-se até, que em França estavam todos loucos. Acabaram mesmo com os concursos que concediam bolsas aos que seguiam pintura e que ansiavam estudar em Paris. Não imagina o avanço que eu encontrei sobre a pintura!
No ano seguinte, 1925, voltei a Paris, onde estive durante mais um ano. Nessa altura, já trabalhava e ganhava para viver. Via, sobretudo, muita pintura, que era o que mais me interessava. De resto, vivia perto de uma rua de galerias e via exposições lindíssimas. Ver só os quadros eram grandes lições de arte. Entretanto, a minha mãe adoeceu, eu vim e não voltei. Quando regressei a Portugal, senti a necessidade, a obrigação de trabalhar. Meu pai tinha-me dado o dinheiro para eu ir a Paris essas duas vezes – todas as suas economias – e eu sentia-me na obrigação de corresponder. Comecei então a expor com outros companheiros»
Da sua própria obra:
«Gosto das coisas que faço. Não por achar que tenham valor, mas porque são minhas e porque lhes acho uma certa graça. Se os outros apreciam o meu trabalho, isso não sei. Mas fico satisfeita quando dizem que gostam. Agora se tenho um grande nome, não sei se tenho…»
A ilustração nos livros para crianças:
«Acho que ilustrar livros para crianças é um trabalho interessante e apropriado para mulheres que são pintoras. Ilustrei alguns. Depois estive vários anos sem ilustrar, até que a Sophia de Mello Breyner me pediu para fazer as ilustrações de «A Menina do Mar». Penso, mesmo, que a partir desse trabalho é que eu ilustrei as melhores coisas para crianças. Como já não vou a exposições, já não conheço os pintores novos, os ilustradores. O que desejo é que os editores portugueses percebam, finalmente, que é preciso ter respeito pela pessoa que trabalha o livro infantil. Em Portugal não se tem dado a devida importância ao livro para crianças. Devo dizer-lhe também que em Portugal, as pessoas, duma maneira geral, não estão habituadas a oferecer livros às crianças. Preferem dar uma camisola ou uma capa para a chuva do que livros.
Desculpam-se que as crianças os rasgam ou estragam. As pessoas acham que as crianças não precisam de livros, não precisam de ler, o que é um erro muito grande que se torna urgente corrigir»
O panorama das artes plásticas em Portugal:
«Em Portugal temos artistas de muito valor. No entanto, acho que há – há sempre – um pintor ou dois que se destacam dos outros. Quanto às condições de trabalho, melhoraram um pouco, é certo, mas não existem apoios oficiais. A verdade é que há verbas que têm sido cortadas. Mas nunca as de cultura! E cortam-nas, infelizmente…»
Falar de Almada Negreiros:
«Fui, para meu marido, mais a companheira dona da casa do que a companheira de trabalho. Em todo o caso, fazia tudo o que podia fazer, mesmo trabalhos de ampliação. Há uma gare marítima que foi toda ampliada por mim. O que lhe posso dizer é que Almada teve uma grande influência sobre a minha pessoa. Mas já a tinha antes de ter casado comigo. Sempre tive uma grande admiração por ele, pela época dele, pelo seu movimento e dos seus companheiros. A minha arte foi muito influenciada por Almada e pelos mestres mais velhos da nossa geração.
Meu marido deu-me, principalmente, uma noção de liberdade que eu não tinha até então. Embora, já o José de Figueiredo me tivesse chamado a atenção para o facto de eu ter encontrado um assunto muito válido para a minha arte, aconselhando-me que era esse o caminho que eu devia seguir na pintura. Na altura não liguei grande importância ao seu conselho. Mais tarde, já casada com Almada, meu marido disse-me, exactamente, a mesma coisa. E, não há dúvida, que a parte de arte mais interessante que eu tenho é depois de casada.
Já se vê, que utilizava uma técnica de pintura. Talvez até mais do que ele próprio. Mas as longas conversas que eu tinha com o meu marido, influenciaram grandemente o meu trabalho. Eu dizia se gostava ou não do que ele fazia e ele fazia o mesmo em relação à minha obra.
Quanto à minha vida de casada, foi uma vida vulgar, normalíssima, com um companheiro, já se vê, especial, mas que eu admirava muito. Almada era um homem excepcionalmente inteligente. Tinha, também, o poder da palavra e quando falava, dizia autênticos monólogos. As pessoas ficavam a ouvi-lo. Ele abafava tudo. Tenho pena de não ter gravado essas coisas…Só não gostava de discutir a obra dos outros. Podia gostar ou não gostar, mas desde que se tratasse de colegas, não dizia mal fosse de quem fosse. Nunca censurava. Era capaz de não gostar de um trabalho mas não o dizia.
A minha casa vinha, também, gente muito culta e havia conversa. Sim, porque havia conversa em minha casa! Há muita gente que recebe muito, que oferece jantares e dizem apenas graçolas uns aos outros; não há um assunto que se discuta.
Por isso, para os meus filhos, a arte era uma coisa de todos os dias. Os pais, os dois, falavam de arte e havia sempre muitos livros sobre arte por todo o lado. Dizia o meu filho, aí com uns doze anos de idade e que andava nessa altura no Colégio Militar: «Dizem que eu sou mais inteligente do que os outros, mas não é verdade. O que eu tenho é um meio familiar melhor do que os outros. Falo de coisas que os meus companheiros nunca ouviram falar.»
Sobre crianças:
«Tenho duas netas. Uma gosta muito de desenhar, a outra é ainda muito pequenina. Mas é muito esperta, muito viva. A mais velha desenha com muita facilidade e gosta. Não vejo, porém, que seja revelar um talento. Ambas gostam muito de livros de histórias. É claro que quando vêm a minha casa e vêem as minhas coisas, gostam porque são da avó!
Para elas, como para todas as crianças portuguesas, agora que já se começa a olhar para a Criança com outro respeito – pelo menos, já se fala em ter respeito pela Criança –, desejo uma infância melhor do que foi a minha. Que a possam recordar ao longo da vida com muita saudade e muita ternura. Porque eu, como lhe disse, não tenho boas recordações da minha infância.»
Depois desta entrevista, feita em 1979 (só em parte aqui transcrita), voltei a casa de Sarah Affonso como visita, como amiga. Fi-lo sempre com um prazer renovado. Num livro de Almada Negreiros («4 - Poesia – Obras Completas»), guardo com muito carinho e saudade recortes de jornais e duas cartas que gentilmente me dirigiu.
Discípula de Columbano Bordalo Pinheiro, na Escola de Belas-Artes de Lisboa, possuidora de indiscutível talento, deu preferência ao Modernismo, movimento a que aderiu em Portugal no início do século XX. Ainda assim, as festas e as tradições portuguesas (cenas de procissões, arraiais, casamentos, feiras, etc.) estão bem expressas na sua pintura. Destacando-se no seu tempo, num mundo artístico e intelectual onde prevalecia a figura masculina, Sarah Affonso foi a primeira mulher a frequentar o café «A Brasileira», no Chiado, por esses anos frequentado apenas por homens.
Participou na 2ª Bienal do Museu de Arte Moderna de S. Paulo (1953) e na Exposição de Arte Portuguesa do Naturalismo aos Nossos Dias, em Bruxelas, Paris e Madrid (67/68). A sua última exposição individual efectuou-se no Estoril-Sol, tendo a SEC adquirido um auto-retrato para a sua colecção. Tem quadros no Museu de Arte Contemporânea, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, no Museu do Chiado, no Museu de Bragança e no Museu de Amarante, além de várias colecções particulares em Portugal e no Brasil. Recebeu o Prémio Amadeo Souza-Cardoso (1944) e foi condecorada Comendador da Ordem de Santiago de Espada, pelo então Presidente da República, Ramalho Eanes.
A entrevista acima transcrita, encontra-se inserida (na íntrega) no livro «Inquérito ao Livro Infantil», composto por 40 entrevistas, trabalho que realizei em 1979, sob a égide do «Ano Internacional da Criança», publicado semanalmente no extinto Diário de Lisboa, de Janeiro a Outubro desse ano. Reunido em livro em 1980 e reeditado em 1981, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Calouste Gulbenkian e Instituto Português do Livro (a funcionar, na altura, autonomamente, hoje integrado na Biblioteca Nacional, agora denominada Instituto Português do Livro e das Bibliotecas), entre outros organismos estatais e privados ligados à Cultura, a obra (esgotada) inclui, além das entrevistas, ilustrações, fotos e extractos literários.
No dia da apresentação da obra, que teve lugar no antigo Grande Auditório da Sociedade Portuguesa de Autores, na Duque de Loulé, com mais de duas centenas de convidados, incluindo os entrevistados, Sarah Affonso aparece, inesperadamente (não saía de casa há anos), pelo braço de seu filho, o arquitecto José de Almada Negreiros (falecido em 2009). Uma prolongada salva de palmas premiou a pintora, nesta que foi a sua última aparição em público.
Muito fica por dizer da pintora e da mulher. Da sua obra e da sua vida. Esta é a modesta homenagem que lhe presto, aqui, no Sarrabal. Sarah Affonso morre no dia 14 de Dezembro de 1983, em Lisboa, com 84 anos.
Soledade Martinho Costa no blog Sarrabal.
Publicada por A. João Soares à(s) 10:34 3 comentários
Etiquetas: Almada Negreiros, Sarah Affonso
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Dignidade e verdade exigida aos eleitos
Sr. Professor Teixeira dos Santos, lamento dizer-lhe que não acredito minimamente no ministro das Finanças quando disse no Parlamento que tomará as medidas indispensáveis para neutralizar factores de risco, e que fará o necessário para que o défice não ultrapasse os 7,3 por cento. Como compreendê-lo? Como acreditar em tal promessa? Se é capaz de controlar o défice, explique aos eleitores porque o não tem controlado? Porque deixou a crise tomar tais dimensões? Porque permite tantos gastos de ostentação de riqueza por parte de funcionários públicos e de institutos e empresas do Estado, como a quantidade de assessores e de consultorias, de carros (no Instituto da Água e não só), de mordomias (escandalosas quando comparadas por exemplo com os políticos ingleses)?
Mas dessas medidas já surgem sinais, constando que o Governo prepara terceiro aumento do IVA em cinco anos, o que confirma os receios de que viesse a ser atendido o recado do empresário Alexandre Soares dos Santos, quando defendeu a redução do IRS e IRC e o aumento do IVA. Parece a um leigo na matéria que o aumento do IRS e do IRS, proporcionais aos rendimentos, contribuiriam para a justiça social, com melhor distribuição da riqueza, enquanto o IVA afecta todos os cidadãos, mesmo os que apenas podem comprar um pão para matar a fome. Se a notícia vier a concretizar-se, fica a «sensação» ou certeza de que o Governo pensa mais nos detentores de grandes fortunas e empresas do que na maioria dos portugueses que são o mexilhão do dito popular.
Mas a sensação de desânimo não fica por aqui, pois o ministro adjunto diz que sem Orçamento aprovado não há Governo. É certo de que a crise mostra que não tem havido governo a não ser para permitir uma exagerada e crescente despesa pública e umas decisões mal pensadas que por vezes são de tal forma escandalosas que nem a habitual arrogância impede que haja recuos. Mas dependendo a aprovação do OE, de votos de outros partidos, haverá que negociar com eles as medidas a nele serem inseridas. E negociar significa fazer cedências, de parte a parte, e não querer impor autoritariamente soluções que o outro recusa. O bom entendimento é indispensável, como foi dito por Soares e por Cavaco.
Enfim, o desânimo e a desconfiança de tudo e de todos os ligados à política, são sintoma de patologia grave e não são favoráveis a uma recuperação rápida do País e entrada numa rota de vida normal, para felicidade dos portugueses mais desprotegidos e que mais esperam das entidades oficiais.
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010
“O Valioso Tempo Dos Maduros”
Publicada por A. João Soares à(s) 21:15 3 comentários
Olhem por Portugal !!!
Todos concordamos que estamos em grave crise, que é preciso recuperar da grande queda da economia e do poder de compra da maioria dos cidadãos, que a pobreza tem alastrado de forma alarmante, que é indispensável um orçamento para que a estrutura do Estado possa funcionar em 2011, que para o OE ser aprovado é preciso haver entendimento entre os principais partidos políticos.
Já ninguém duvida da necessidade de tal entendimento, o PR pede que cheguem a acordo, o ex-PR Mário Soares pede entendimento pessoal entre dois líderes. Com efeito, para haver entendimento, não podem os dois continuar a fazer força, irredutíveis, mas, pelo contrário procurar pontos de entendimento e fazer cedências nos pontos em que estiverem afastados, para bem dos portugueses, para o futuro de Portugal.
Deixem de pensar nas suas posições nas sondagens e assumam as suas responsabilidades perante o eleitorado de colocar o interesse nacional acima de tudo o mais.
Se não se sobrepuserem às tricas partidárias, para melhor defender Potugal, só resta aos portugueses patriotas passar a votar em BRANCO, por não termos políticos interessados em Portugal mas apenas nos seus interesses pessoais e partidários.
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Publicada por A. João Soares à(s) 19:13 0 comentários
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O povo que pague a crise !!!
Segundo o artigo «Partidos "esqueceram-se" de cortar despesas», «Jaime Gama e José Sócrates pediram redução de gastos nos seus gabinetes, mas ainda não há propostas.
Jaime Gama já relembrou o apelo que tinha sido feito. Duas semanas depois do primeiro apelo, o presidente da Assembleia da República voltou a insistir com as bancadas para que se elabore uma proposta que inclua, no corte de cinco por cento dos salários dos políticos, os membros do seu gabinete e do gabinete do primeiro-ministro. Da esquerda à direita, os partidos manifestaram ontem abertura para votar uma proposta de redução de vencimentos mais abrangente, mas durante duas semanas não apresentaram qualquer iniciativa nesse sentido.»
As boas medidas não passam de palavras na boca dos políticos, quando lhes restringem o despesismo das regalias e mordomias. Na sua «lúcida» mente reina o princípio «o povo que pague a crise». Não deixam de exigir que os contribuintes, mesmo que tenham apenas carências, suportem os encargos da crise gerada por incompetência e incapacidade de políticos desatentos ao fluir da vida nacional.
Onde está a ética, a moralidade, a dignidade dos eleitos? Ficou no tapete de entrada quando limparam a sola dos sapatos? Esquivam-se à concretização das palavras quando não lhes são favoráveis e procuram viver em nicho de excepção.
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Publicada por A. João Soares à(s) 18:12 4 comentários
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O insólito da Justiça
Transcrição seguida de NOTA:
O conto do vigário
Jornal de Notícias. 22-09-2010. Por Manuel António Pina
A notícia ontem divulgada pela TSF de que "a polícia finlandesa está à procura de um vigarista identificado como tendo uma cara muito parecida com a de Durão Barroso e que enganou uma pessoa numa cidade a 70 quilómetros de Helsínquia" não mereceria por cá comentários não acontecesse, há uns anos, alguém com uma cara igualmente muito parecida com a do actual presidente da Comissão Europeia ter enganado milhares de pessoas numa cidade a 1600 quilómetros de Lisboa. Estava acompanhado de três indivíduos com caras muito parecidas com as de George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar, todos tendo então impingido ao Mundo a existência de depósitos gigantescos de armas de destruição maciça no Iraque, usando isso como pretexto para a invasão daquele país e para uma guerra que ainda dura e causou já centenas de milhares de mortos.
Parece que o vigarista finlandês convenceu um transeunte "a comprar fatos e outra roupa de luxo que tinham sobrado de uma passagem de moda", ficando-lhe com 200 euros. Por isso tem a Polícia à perna.
Ninguém anda atrás dos quatro da Base das Lajes. Nem a sua consciência.
NOTA: O autor, com a sua conhecida ironia, toca num ponto que não é tão analisado como merece. A Justiça, por todo o mundo, castiga severamente pequenos delitos mas deixa impunes os crimes dos estadistas, por mais dramáticos que sejam. A bomba atómica no Japão, a destruição da Europa na II Guerra Mundial, e actualmente o Iraque e o Afeganistão, são crimes graves contra a humanidade, destruindo património cultural, histórico, arqueológico, e de utilização corrente e matando e estropiando número incontável de pessoas inocentes. Porquê? Para quê? Quem responde por isso?
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Etiquetas: justiça
OE tem que ser a doer
A Verdade Orçamental
Por M. Pedroso Marques, publicado no blog Distraindo o Santo
O Orçamento para 2011 está a chegar aí. Tem de ser e vai ser a doer. Os cortes na despesa pública vão atingir, porque têm de atingir, valores que vão paralizar muitos serviços e extinguir outros, além de cortar muitos benefícios aos funcionários e pensionistas. Reduzir a despesa é isto.
Vamos é ver como o O. do Estado passa no parlamento. Os que apregoam a necessidade de redução da despesa vão ter que enfrentar hostilidade das classes de funcionários civis e políciais e os trabalhadores. Ao governo exige-se coragem política. Mas o nível de governabilidade do país é historicamente baixissimo. As oposições talvez se calem e deixem o barulho para as corporações funcionais e laborais.
PUBLICADA POR PEDROSO MARQUES EM 21-09-2010, no Distraindo o Santo.
NOTA: Espera-se que o corte nas despesas se traduza no emagrecimento da máquina governativa, que sofre de uma obesidade patológica em assessores, consultorias, carros e outras mordomias, que os contribuintes não podem continuar a sustentar. Saneada a máquina e eliminada toda a inutilidade, deve ser aberto caminho para que a governabilidade deixe de ser baixíssima como o texto refere.
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Etiquetas: despesas, governar, orçamento, sentido de responsabilidade
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Mente deturpada da «elite»
As notícias dizem, de forma iniludível, que a crise é grave, que a injustiça social é aguda, que o fosso entre os mais ricos e os mais pobres é alarmante e socialmente muito perigoso, que a pobreza alastra, etc. Mas deparamos, a cada momento, com palavras balofas, sem poder de persuasão, por falta de conteúdo e por incoerência com o comportamento de quem as profere.
Há quem diga que os tempos de hoje exigem "juízos claros" e "vontade firme", mas que mostra uma mente desarrumada com erros sucessivos e os respectivos custos apesar dos posteriores «recuos». Há quem defenda a Educação como “desígnio nacional”, que o Desemprego combate-se falando verdade, e que o povo tem que unir esforços para sair da crise. Palavras messianicamente correctas, oportunas, mas que não passam de vulgaridades irreais e ineficientes, por não terem bons exemplos como sustentáculo. Ouçam Frei Tomás mas não façam como ele faz.
Sobre o tema, o amigo FR, a quem agradeço a atenção, enviou-me a pista para este artigo que transcrevo, por ser muito elucidativo do irrealismo e da falta de coerência e de sinceridade dos opinadores, que, assim, demonstram uma total ignorância da vida da quase totalidade dos portugueses.
A vida dos outros
5 de Agosto de 2010. Por Daniel Oliveira (www.expresso.pt). Texto publicado na edição do Expresso de 31 de julho de 2010
Paulo Teixeira Pinto é autor de uma proposta de revisão constitucional que pretende liberalizar os despedimentos. Paulo Teixeira Pinto garantiu para si próprio, no BCP, uma indemnização de 10 milhões de euros e uma pensão anual de 500 mil até ao fim da vida.
Ernâni Lopes propôs a redução salarial dos funcionários públicos em 10, 20 ou 30 por cento. Sem explicações. A cru. Ernâni Lopes recebe, desde os 47 anos, uma reforma do Banco de Portugal.
Campos e Cunha defendeu a taxa fiscal plana, o que representaria uma perda fiscal significativa para o Estado e, já agora, o fim do papel redistributivo dos impostos. Campos e Cunha recebe, desde os 49 anos, com prejuízo para os contribuintes, uma reforma de oito mil euros por ter ocupado o cargo de vice-governador do Banco de Portugal por seis anos. Terá mesmo abandonado o Governo para não ter de deixar de a receber.
Não quero fazer um julgamento do carácter destas pessoas. Não é sequer a incoerência que me incomoda. Quem nunca foi incoerente que atire a primeira pedra. Não me interessa a caça às bruxas. Interessam-me os mecanismos que levam à insensibilidade social da nossa elite. Estas três pessoas não podem compreender os efeitos das propostas que apresentam. No mundo em que vivem a flexibilidade laboral só tem consequências positivas. Num país sem mobilidade social, o preço brutal do risco é-lhes desconhecido.
Da mesma forma, a sua relação com o Estado é de um enorme conforto. Conforto de que, estou seguro, se julgam merecedores. Nem vou discutir se são. Vamos partir do princípio que sim. O problema é que a imagem que têm do Estado, do funcionalismo público ou das relações laborais é a imagem que a sua própria experiência lhes devolve: um Estado generoso, um funcionalismo público cheio de privilégios e relações de trabalho com todas as garantias. E é esta imagem distorcida que lhes molda a opinião política. Podia, através da racionalidade que a política permite, não ser. Mas é.
Se as suas propostas fossem justas, nem o facto de quem as propõe ser incoerente faria com que elas fossem injustas. Acontece que as práticas de quem propõe, não dizendo nada sobre a justiça de cada proposta, dizem muito do contexto em que essas propostas aparecem. E o contexto é o de uma sociedade desigual nos sacrifícios e nas vantagens, precária e insegura para a maioria e garantista e blindada para uma minoria. O problema que aqui me interessa não é apenas ético, apesar da ética também contar. É social. É o de uma elite que vive num mundo à parte, com regras à parte, e é por isso incapaz de perceber a vida dos outros.
Poderiam ser ricos e perceber tudo isto. Poderiam ser pobres e não perceber nada disto. A vida está cheia destas incongruências e não sou dos que acham que alguém que defende a justiça social tem obrigação de levar uma vida espartana e que os pobres têm obrigação de ser socialistas. Mas julgando, como julgam, que os seus privilégios excepcionais resultam do mérito, não podiam deixar de julgar que as banais dificuldades dos outros resultam de desmérito. Quem vive confortável na injustiça nunca poderá compreender a sua insuportabilidade. Quem pensa que o privilégio é um direito nunca poderá deixar de pensar que a pobreza é um castigo.
Daniel Oliveira
Texto publicado na edição do Expresso de 31 de julho de 2010
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Etiquetas: dignidade, sinceridade, verdade
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Sabem que estão a «exagerar»
Gestores da REN ocultam salários
O presidente e os restantes administradores foram obrigados a fazer as declarações, mas solicitaram que as mesmas não fossem tornadas públicas.
Publicada por Manel em NRP CACINE.
Eles lá sabem porquê!!!
E a Justiça não actua?
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Etiquetas: honestidade
Ter ou não ter «solanum lycopersicum
Transcrição seguida de NOTA:
Masculinidade e virilidade
Jornal de Notícias. 20-09-2010. Por Manuel António Pina
A crer no primeiro-ministro luxemburguês (e um primeiro-ministro luxemburguês está sempre no topo da lista de gente que merece crédito no que toca a bisbilhotices), a discussão entre Sarkozy e Durão Barroso sobre as deportações de ciganos em França terá sido "máscula e viril". A notícia trouxe-me à memória a síntese crítica que João Gaspar Simões um dia fez no DN sobre determinada obra literária: "Máscula e viril, sem deixar de ser realista".
Masculinidade e virilidade (palavras femininas, como judiciosamente observou Prévert) remetem, de facto, mais para o realismo mágico ou a literatura fantástica do que para o realismo puro e duro. Dir-se-iam, por isso, independentemente de eventuais divergências acerca de como "fazer a coisa", adequadas a classificar as diferenças ideológicas que haja entre Sarkozy e Barroso quanto a ciganos e indesejáveis em geral. O mesmo não se pode dizer da oposição do PS à condenação pela AR das deportações de ciganos. Sendo talvez "realista", foi tudo menos "máscula e viril", encaixando-se, sim, no concorridíssimo e previsível género parlamentar da cobardia política.
NOTA: «Cobardia», embora conceito ajustadamente aplicado, parece demasiado «másculo e viril» para os nossos políticos mansos, conformados, tolerantes, acomodados, usando a táctica muito divulgada do tabu e do ‘a bem dizer’. Há muita falta de «Solanum lycopersicum»!!!. Muitas vezes tal audsêm+ncia é camuflada por arrogância, abuso do poder, ou levantamento do braço à voz do pastor, como aconteceu na aprovação por unanimidade da «lei da rolha» no congresso do PSD ou na votação da lei de financiamento dos partidos na AR.
E desta maneira informe, plástica e moldável, em que não se nota sinal de coluna vertebral, se tem receio de rever seriamente a Constituição nascida em época tumultuosa e geneticamente doente, e se vai empurrando Portugal para o fim do mundo, para trás de pequenas repúblicas quase ignoradas.
Venha depressa o D. Sebastião!!!
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Etiquetas: coragem, sensatez, sentido de Estado
domingo, 19 de setembro de 2010
À procura de rumo pós-crise
A crise obriga a rever sistemas de governação, a fazer reformas, a limar arestas.
Na Suécia, em momento de eleições legislativas, "Os eleitores parecem valorizar mais um Governo competente do que a ideologia". A Suécia é conhecida por ser um país moderado e alguns analistas dizem que a economia parece estar a falar mais alto do que o Estado-providência.
Isto faz pensar na turbulência que por cá envolve a preparação de uma revisão constitucional e o receio do PR de que as mudanças não sejam para melhor. Por isso, convém pensar entes de decretar, tendo sempre como objectivo fundamental melhorar a vida dos portugueses, e consultar entendidos não comprometidos com os partidos porque «a POLÍTICA com maiúsculas é uma coisa tão séria que não deve ser deixada em exclusivo aos políticos.»
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Etiquetas: competência, interesse nacional, Suécia
Opção pelo défice para atrair eleitor
Transcrição de post, com os links convenientes ao direito de autor
O complexo Evita
O principal motivo de sobrevivência política de José Sócrates é que entre obrigação perante o País e a devoção ao eleitor, prefere sempre o eleitor. Além dos interesses que estão acima desta dicotomia. Então, entre o equilíbrio das contas e o despesismo da subsidio-dependência, o Governo opta pelo défice, pelo deslize da encosta do orçamento abaixo, até pelo pagamento de juros mais levados. De subsídio em subsídio até à bancarrota do Estado.
Sócrates sabe que a sobrevivência do seu Governo, com todos os casos e trapalhadas e desorientação deste final de semana, após a aceleração da subida dos juros das obrigações do Tesouro, depende da preferência política do eleitor (não do povo, mas do eleitor isolado). Eleitor que, sofrido nos seus compromissos financeiros, prefere,até ao incumprimento das prestações pelo primeiro-ministro (que até agora não lhes falhou!), alguém que lhe mantenha o subsídio, a pensão e o salário, acima do que sabe o País pode pagar, do que um governante que lhe diminua esses benefícios em nome da sustentabilidade do Estado. Essa preferência pelo eleitor pode ser denominada de complexo Evita.
Se a Espanha, e até a Grécia, mostram uma poupança face à despesa orçamentada, o Governo socialista português esconde os números porque os que tem são desagradáveis aos mercados financeiros que esperavam responsabilidade. E, como os devedores incumpridores que não pagam a prestação imposta pelo banco e depois, para espanto dos credores, afiançam pagar uma prestação ainda maior, para evitar a insolvência, assim faz o Governo que não foi fiel no pouco e promete ser fiel no muito. Quanto mais o Governo adia o corte na despesa, maior a redução da despesa tem de ser, para sossegar os mercados e instituições cada vez mais alarmadas com a deriva financeira do Governo socialista português.
Publicado por António Balbino Caldeira em Do Portugal Profundo em 18-09-2010.
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sábado, 18 de setembro de 2010
Mário Soares claro e oportuno
Mostrando querer resistir à eutanásia compulsiva, ao gosto de Almeida Santos, o ex Presidente da República brinda os portugueses com afirmações sensatas, convergentes com os interesses nacionais e oportunas, ao dizer que “é preciso haver cortes nas despesas” ao nível da administração central, regional e local, das regiões autónomas e dos vários órgãos de soberania.
“É preciso haver cortes e aí acho que o doutor Passos Coelho tem razão”, afirmou.
Na opinião de Mário Soares, Portugal “precisa é de cumprir aquilo a que se comprometeu no primeiro e no segundo Programa de Estabilidade e Crescimento”. “Há uma certa dificuldade em conseguir crédito, é natural e é por isso que temos mesmo de reduzir os nossos défices e o nosso endividamento externo”, concluiu.
Devemos ter apreço pela sua frontalidade e clareza num ponto candente da vida nacional, não se limitando a insinuações, tabus ou meias palavras, quando o «Risco atribuído à dívida de Portugal aproxima-se dos máximos históricos» e quando alastram os receios da vinda do FMI.
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Mais um troféu para Portugal
Para contrabalançar o desgosto depressivo que os nossos políticos, economistas e financeiros nos causam persistentemente, criando crises, em vez de as evitarem e sendo incapazes de as sanar, é com prazer que tomamos conhecimento de mais um prémio internacional muito significativo que foi atribuído a um nosso compatriota.
A notícia Investigador recebe prémio internacional diz que:
«O astrónomo português Nuno Cardoso Santos recebeu ontem, sexta-feira, na Arménia, o prémio internacional Viktor Ambartsumian, o segundo mais importante na astrofísica, que distingue investigadores por excepcionais contributos para a ciência.
O investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), recebeu o prémio no valor de 385 mil euros que irá dividir com os colegas de projecto, Michel Mayor, da Universidade de Genebra, e Garik Israelin, do Instituto de Astrofísica das Canárias.»
Felicitamos o Dr. Nuno Cardoso Santos e desejamos muitos outros êxitos na sua carreira.
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Etiquetas: astronomia, cientistas, prémio
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Reflexão para uma vida sã
Pai!
Crie filhos em vez de herdeiros.
Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete.
Não deixe que o trabalho sobre sua a mesa tape a vista da janela.
Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama.
Por cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas.
Porque as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?
Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos.
Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça,vírgulas significam pausas...
...e quem sabe assim você seja promovido a melhor (amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã.. etc) do mundo!
Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos.
PENSE...
Texto extraído do post Reflexão
Imagem da Net. Viseu Rossio.
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Etiquetas: reflexão
O António, «de pequenino torceu o pepino»
Há dias um comentário no post «Jovem flautista com futuro prometedor» referia a dificuldade que um jovem filho de pobres não pode concretizar a sua vocação cultural e artística, desde que esta exija meios exteriores às escolas do Estado. E mesmo que os seus objectivos se enquadrem na estrutura concreta, o estímulo é praticamente inexistente, como refere Jorge Nogueira citado no post «Aluno português brilhou em competição no Japão», quando fala das dificuldades que teve de vencer.
Por acaso, ontem almocei com o amigo António, já aqui referido algumas vezes, e por saber das dificuldades com que se debateu, abordei com ele este tema. Embora tivesse nascido no início do ano, o pai no Outubro anterior a completar 7 anos, tentou matriculá-lo na primária, mas a professora recusou-se a abrir a excepção, mesmo tratando-se de poucos dias, e disse que apenas poderia entrar no ano seguinte. Foram 12 meses em que o pai, usando livros escolares emprestados por um vizinho, foi ensinando o António e quando este entrou na escola já sabia tanto como os da segunda classe.
Foi utilizado pela professora para ajudar os que sabiam menos, e assim continuou até ao fim da quarta classe, porque compreendia as coisas rapidamente e a professora servia-se dele como um auxiliar precioso, para ensinar as classes mais atrasadas, enquanto ela repisava com os da sua classe. Os pais, dadas as referências da professora às suas qualidades e gosto pelos livros, tencionavam matriculá-lo na Escola Comercial e Industrial da cidade, distante de seis quilómetros da sua casa, à semelhança de dois rapazes mais velhos, um e dois anos.
Mas a professora e o marido, também professor numa aldeia vizinha, pressionaram os pais a levá-lo para o liceu e que se estes não quisessem, seriam eles (professores) que lhe pagariam as despesas do primeiro ano e, depois, os pais que decidissem. O professor conhecia o António porque os alunos que estavam a preparar-se para os exames iam lá para casa fazer exercícios depois das aulas e ele observava como cada um se desempenhava das dificuldades.
Os pais, honrados e briosos, apesar das dificuldades de rendimentos, não aceitaram tal ajuda e decidiram seguir tais conselhos e suportar as despesas inerentes, com sacrifícios que podiam ter sido maiores do que se veio a concretizar. O António aceitou sem hesitar percorrer todos os dias a pé, os seis quilómetros de manhã e à tarde, evitando os custos de pensão na cidade. Nunca faltava e, pelo caminho, com chuva, neve, vento ou sol forte, ia recapitulando de cabeça as lições, e recebia todos os anos um diploma de assiduidade por nunca ter faltado ou sequer chegado atrasado. De manhã, procurava estar meia hora antes para cobrir qualquer pequeno atraso a que fosse obrigado.
Mas além da poupança em pensão, houve o incentivo escolar traduzido na isenção de propinas, devida às boas classificações, sempre no Quadro de Honra, em todos os anos e uma bolsa de Estudo no 6º ano, por no exame do 5º ter sido o melhor classificado de todos os examinandos. Uma parte da bolsa serviu para comprar uma bicicleta que facilitou as deslocações entre a casa e o liceu. Também teve apoio da Mocidade Portuguesa que lhe forneceu alguns livros de estudo, dos quais se orgulha de ainda ter e usar os dicionários de Português-Inglês e Inglês-Português.
Conta com orgulho que suportou bem a diferença de vida dele em relação aos colegas: enquanto perdia mais de uma hora em viagem à tarde para regressar a casa, os outros ou iam a explicações (ele nunca soube o que isso era) ou brincavam. Criou sentido da responsabilidade, qualidades de trabalho, capacidade para procurar vencer as dificuldades, sem subserviência a professores nem arrogância para os colegas, amigo de ajudar e ensinar os mais fracos, ao ponto de se ter arriscado como me contou e aqui referi em «Sorte a mais dá azar!».
E ao voltar a referir-se o caso da flautista e do comentário, ele disse que há dias um general que foi colega dele no liceu, lhe recordou que os dois eram os mais pobres do liceu, mas o pai do agora general tinha posses para o hospedar na cidade. Sem dúvida que as posses dos pais são um pilar importante, mas além disso é preciso vocação, dedicação ao estudo, com sentido das responsabilidades, boa organização e gestão do emprego do tempo e persistência no esforço.
Obrigado António por esta conversa muito interessante e espero que o teu sentido de humildade me desculpe ter aqui publicado este resumo, pouco, claro para não ser extenso.
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Pensar depois de decidir pouco abona
Há quase dois anos senti conveniência em publicar aqui uma metodologia de preparação das decisões aplicável a qualquer tipo de decisão, isto é, de escolha entre várias hipóteses de solução para os problemas a resolver. Resume-se em pensar antes de decidir.
Mas, infelizmente, há governantes que seguem o caminho inverso: DECIDEM e depois procuram «PENSAR» na medida em que o conseguem! Isto é o que nos levam a crer duas notícias das quais se transcreve a parte inicial:
Directores e autarcas vão ser ouvidos sobre agregações de escolas
Jornal de Notícias. 16-09-2010. Alexandra Inácio
As "comunidades locais" vão passar a ser ouvidas sobre o processo de fusão de agrupamentos. A garantia tem sido transmitida pela ministra da Educação aos directores escolares. Isabel Alçada assumiu que o processo não terá decorrido como o ministério "desejava". (…)
Ministério ainda não aprovou avaliação para directores
Jornal de Notícias. 16-09-2010. Alexandra Inácio
Os dirigentes escolares ainda não sabem como vão ser avaliados, uma vez que o Governo tarda a aprovar o diploma que define o processo. A avaliação docente é um dos temas abordados pela ministra nas reuniões com os directores, por ser uma das questões "que vai marcar o ano lectivo". (…)
O ensino pelo exemplo costuma ser considerado mais profícuo do que quando seja apenas teórico. Mas estes exemplos de recorrer ao diálogo para remediar erros é estranho, pois o diálogo e o esclarecimento mútuo em livre discussão, analisando todas as hipóteses para ser escolhida a melhor, dariam mais resultado e concederiam mais prestígio e eficiência aos decisores.
Quando a simplicidade é virtude, é lamentável que se veja a teimosa procura do caminho mais complicado, que exige mais esclarecimentos posteriores para clarificar o que nasceu torto e confuso, devido a decisões mal preparadas.
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Cuba e o fim da aventura
Cuba, a maior e a mais falada ilha da América Central, é um exemplo para o mundo quanto aos cuidados a ter na governação, em que se deve pensar mais no povo do que em caprichos e sonhos de grandeza dos dirigentes. Como diz Cavaco, ao mudar é preciso ter garantias de que se faz para melhor pois, como diz uma antiga canção «para pior já basta assim».
Como diz a notícia mais recente «Cuba falida despede 500 mil funcionários», o que não surpreende depois de há poucos dias ter vindo outra com o título significativo «Fidel Castro diz que modelo económico de Cuba não funciona nem para os cubanos» e outra com ela concordante «Fidel diz que modelo económico da ilha já não serve». Ambas estas alertavam para a necessidade de reformas a levar a cabo pelo irmão Raul Castro e para a conveniência de não lhes serem colocados entraves, «Fidel admite falhas para abrir espaço às reformas do irmão».
Durante 52 anos, desde fins de 1958, com aliás vinha sendo feito antes, o povo era utilizado pelos políticos como a relva dos estádios o é pelos jogadores de futebol, pisado sem contemplação. Isto é vulgar em povos culturalmente menos desenvolvidos. O que impera são as ideias, por vezes inteiramente desajustadas, dos políticos que, arrogantemente, tentam impor o seu poder contra todos os alertar de bom senso. Embora se fale de democracia, em que a soberania reside no povo, este é esquecido com a excepção dos momentos que antecedem a recolha de votos.
Será conveniente que os gestores dos Estados interiorizem que o que é bom para o povo deve ter prioridade sobre caprichos e inovações ilusórias, sem viabilidade sustentada. Os grandes erros pagam-se por preços, por vezes, incomportáveis com as possibilidades. A gestão pública exige sentido de Estado e sentido das responsabilidades e uma justiça eficiente, independente, isenta e igual para todos os cidadãos, independentemente das suas funções.
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