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(Public em O DIABO nº 2430 de 28-07-2023, pág 16. Por António João Soares)
Há alguns anos surgiram muitos livros
intitulados «conversas com
Deus», e num deles à pergunta se fazia milagres a resposta de Deus foi: Um
milagre seria uma falta de respeito às leis da Natureza que eu procuro ser
perfeita. E o ser humano deve sentir-se responsável pelos seus actos e aceitar
as consequências dos seus erros. Mas, há dias, vi na Internet um vídeo de uma
pessoa que se comportava na via pública em autêntico desrespeito pela
circulação dos meios de transporte, e, por acaso, não foi atropelada. Esse
vídeo, aparentemente feito por uma organização religiosa, tinha um título «antes
de sair de casa reze». Porém, rezar não faz mal e se for com o destino de
melhorar o comportamento social, pode ser útil.
Mas o que é realmente útil é a doutrinação de um perfeito
comportamento social, com o respeito de todos os deveres para com o próprio, e
para com os outros por forma a vivermos em perfeita harmonia social e em paz.
Se há acidentes com resultados mais ou menos dolorosos ou até trágicos, depende
do acaso e dos pormenores como ocorreu. Para as pessoas não serem tragicamente
mortas, será preferível que, em vez de serem aconselhadas a rezar antes de sair
de casa, sejam instruídas na forma como devem comportar-se e nas medidas preventivas
a tomar para não sofrer acidentes nem os provocar em prejuízo dos outros.
Neste aspecto, merece destaque a profunda preocupação de Guterres sobre a
situação no Darfur, território situado na parte leste do Sudão com fronteira
para o Chade onde a população está a ser
vítima de actos de extrema violência num ambiente impressionante de clima de
revolta civil. Da parte do mesmo político saiu um gesto
muito positivo de apoio à criação de uma «agência internacional
para supervisionar a IA (a recente Inteligência Artificial), uma
inovação que tanto pode trazer muito benefício para a modernização da
humanidade, como pode trazer a destruição da vida humana, se não for bem
aplicada, sendo comparada à arma nuclear. Por isso deve ser muito bem
controlada pelos poderes nacionais e internacionais.
A fé religiosa constitui um factor muito importante para estimular a
formação do comportamento correcto, humano e social mas nem sempre supera os
erros praticados.
Embora precise de ser bem interpretado, o Papa disse «estamos a andar para trás com o surgimento de nacionalismos fechados». Estas palavras levam a pensarmos seriamente que os governos devem encarar correctamente as realidades dos seus países, com verdade, abertura, respeito pelos direitos humanitários e sentido de cooperação, planeamento e supervisão, a fim de construir um futuro mais prometedor de maior felicidade dos seus cidadãos.
futuro, devem procurar defender-se de ideologias estranhas aos
superiores interesses nacionais e estar conscientes dos casos de
manipulação malévola e não os deixar sobrepor-se aos que merecem ser tratados com honestidade e respeito, para não provocar a fragilidade da democracia. Não se pode construir o futuro num amontoado de mentiras. E é fundamental dominar a arte de dirigir e orientar os povos na direcção da paz, da ordem e do progresso. Para isso, deve haver decoro e princípios morais e qualidades de lealdade e de mérito. Para esse efeito tem muita utilidade a meditação sobre os ensinamentos. Não me refiro à recitação em voz alta de orações religiosas, que muitos fiéis praticam sem pensar no significado dos termos da oração, mas à meditação da mensagem que esta traduz.
Estar com Deus é cumprir os seus conselhos que contribuem para a paz mundial e para a boa harmonia entre as pessoas para se comportarem como bons irmãos.
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