Em ditadura, os donos do quintal fazem dele aquilo que lhes aprouver, sem se preocuparem com os desconfortos, os descontentamentos das suas vítimas. Eram vitalícias, só terminando com a morte ou destituição violenta do «gestor». Mas parece terem passado de moda as ditaduras clássicas sendo substituídas, sob a capa flexível da dita democracia, a ditaduras a prazo renovável, de quatro ou cinco anos, em que os governantes esquecem que são mandatários da vontade dos eleitores e evidenciam a sua vaidade, arrogância, ambição, teimosia, custe o que custar, doa a quem doer, parecendo guiar-se pelo lema «os meus súbditos que se lixem».
E, por isso, não espanta o título da notícia Passos afasta revisão Constitucional e diz não temer impopularidade, frase que nenhum ditador clássico recusaria assinar.
Mas é certo que qualquer mudança gera dificuldades nas pessoas, por exigir esforço de adaptação, e isso acontecerá quando surgirem os resultados da tão prometida «Reforma do Estado» para os «cortes das gorduras». Esperemos que, ao decidir tais mudanças, se isso vier a acontecer, Passos não deixe de cumprir o seu lema de «não temer impopularidade» e corte onde deve ser cortado em vez de se limitar a exigir sacrifícios sobrepostos e repetitivos aos desfavorecidos pelo Poder.
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Democracia ou Ditadura a prazo ???
Publicada por A. João Soares à(s) 10:14
Etiquetas: corte, Democracia, ditadura, gorduras, reforma do Estado
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1 comentário:
Passos diz não temer a impopularidade, o que mostra que conhece a sua existência e que tem de a enfrentar, mesmo dentro do próprio partido. São frequentes os reparos de seus antecessores na liderança do partido, Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite e Luís Marques Mendes. Agora, nasceu a cizânia no seio da seara do PSD, em que 18 deputados prepararam uma declaração de voto contra o OE 2013 de que, depois, desistiram por tal declaração ter sido transformada e assumida por toda a bancada parlamentar, a fim de não criarem uma imagem de fractura pouco dignificante para o partido.
Mas o «dono» do partido, do pais, não pode ignorar estes sinais nem as múltiplas sugestões que lhe são dirigidas e ao seu ministro das Finanças acerca do agravamento da crise devido à austeridade excessiva e obsessiva. Ser impopular significa estar dessintonizado com os interesses dos cidadãos, o que não é próprio de um regime que se diz democrático. É certo que não deve cair no exagero oposto de tomar medidas popularuchas, fantasiosas, facilitistas, mas deve procurar agir para o povo, pelo povo e com o povo, explicando com verdade e transparência as medidas, as razões delas, de forma didáctica para, de tal forma, adquirir a cooperação de todos com motivações positivas e conscientes. Todos devemos colaborar com todos os meios legítimos à nossa disposição para o crescimento de PORTUGAL, mas é preciso que nos levem a acreditar na oportunidade, na justiça social e na eficiência das medidas. Se essa informação nos for disponibilizada, o PM será popular e apreciado pelos seus concidadãos. De contrário, pode ver-se confrontado com os resultados da impopularidade que cultiva teimosamente.
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