O meu amigo ALFA ofereceu-me ontem um recorte do semanário SOL com o artigo de José António Saraiva «Nós, os jornalistas» e, muito chocado com as realidades ali descritas, pediu-me opinião.
Embora os leitores deste blogue possam seguir o link do artigo, transcrevo as ideias que considero fundamentais:
« É sabido que nós, os jornalistas, gostamos das más notícias.»
Por isso,
«Há pessoas a dizer que já não ouvem os telejornais e evitam ler jornais. Umas por acharem que somos tendenciosos, outras por já não terem paciência para as notícias negativas ou por entenderem que os noticiários só contribuem para a depressão.»
E explica:
«Nós achamos que as más notícias vendem mais, sobretudo quando as pessoas andam revoltadas com o Governo.»
Nunca fui acomodado, sonolentamente, imbuído de intenções politicamente correctas, antes pelo contrário, se as opiniões de cada um pecam por interesses próprios, então fico-me com a minha, com os seus defeitos certamente, (porque não?), mas tenho direito a beber o meu próprio veneno.
E não me limito a dar opinião ao Amigo ALFA, mas torno-a extensiva a quem me queira ler. Nada daquilo que José António Saraiva aqui escreve me espanta, a não ser a sua frontalidade, a sua coragem, que elogio, de fazer uma auto-análise, um exame de consciência, uma confissão do nosso jornalismo, da Comunicação Social a que estamos sujeitos.
Reforço a minha posição de não dever consumir água inquinada sem a filtrar, ferver, desinfectar, para não ser mais uma vítima de venenos disfarçados. Com a comunicação social deve ser tomado cuidado semelhante, e usar os tópicos e as ideias apenas como estímulo para o nosso próprio raciocínio, que deve ser o mais isento possível, com base em dados anteriormente guardados nos ficheiros da nossa memória. Procuro não aderir, sem protecção, sem análise, às palavras que se ouvem vindas de qualquer dos lados. Por tal razão, não me alarmei com os tópicos para eventuais títulos de abertura de telejornais ou de notícias de primeira página indicados no artigo.
Caro ALFA, o que falta aos críticos sistemáticos, obsessivos, dos actos ou das palavras do Poder é uma atitude patriótica, positiva, construtiva, apresentando sugestões devidamente claras e explicadas, nos seus pressupostos e na previsão de resultados, de forma a contribuir para um futuro melhor para Portugal e para a vida dos portugueses. Isto seria uma correcta aplicação dos fundamentos da democracia, da colaboração de todos e de cada um para o melhor andamento da carruagem em que viajamos juntos.
Este conceito tem sido aqui referido e, quanto aos partidos da oposição, consta, entre outros, no recente post Façam propostas. Ajudem a sair da crise.
Enfim, seria bom que este «mea culpa» de um jornalista muito conceituado servisse para «reformar» ou «refundar» o estilo de fazer jornalismo no nosso pequeno rectângulo, a fim de podermos vir a contemplar belas auroras!!!
Imagem de arquivo
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Nós e as notícias
Publicada por A. João Soares à(s) 07:53
Etiquetas: jornalistas, notícias, patriotismo, transparência, verdade
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2 comentários:
Meu caro, neste momento há apenas uma proposta construtiva a fazer, que é a de se olhar mais para o país e menos para os credores. A situação de emergência tem sido usada para cortar a eito nos rendimentos do trabalho e nos direitos, para se satisfazer os interesses dos credores, mas os governantes juraram defender os interesses do país e dos cidadãos.
Se Passos Coelho não consegue dar as condições mínimas de vida aos cidadãos, então deve demitir-se ou ser mandado embora.
Cumps
Caro Guardião,
Concordo consigo, pois os governantes juraram ser os guardiões dos portugueses e de PORTUGAL. Mas esqueceram tal juramento que foi por eles interpretado como uma simples formalidade com a qual não se consideram comprometidos. Alem desse juramento há o programa prometido na campanha eleitoral, o programa de Governo e as sucessivas promessas logo esquecidas que apenas serviram para anestesiar as consciências.
Isto já não é de agora e a actual crise vem de longe e só é de lamentar que a Justiça não funcione com a devida celeridade e não esteja atenta aos infractores que deviam servir de alto exemplo a todo o país. O regime está podre com servidores incompetentes imunes e impunes que esquecem os interesses nacionais colocando-os dependentes dos seus próprios interesses e os dos seus familiares e amigos.
A solução não virá da demissão deste PM, porque a seguir virá outro semelhante à imagem dos anteriores. O mal é do regime político que deve ser substituído.
Já há comentadores que receiam grandes convulsões a partir de Fevereiro, quando o povo sentir a sério as violências da austeridade devida à crise gerada por más políticas.
Neste momento, ninguém consegue apontar uma solução, porque os actuais responsáveis aparecem a falar em público para nada dizer de credível. O pouco que dizem é desmentido poucos minutos ou horas depois, como aconteceu acerca do ensino obrigatório passar a ser pago, como diz a notícia Propinas no ensino obrigatório. Governo recua 24 horas de Passos lançar a ideia.
E, perante estas realidades, em que estes frequentes recuos são uma forte origem de descredibilidade dos governantes, como acreditar no presente? Como ter esperança do futuro?
Abraço
João
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