Transcrição de artigo do Diário de Notícias
No Carnaval é que ninguém leva a mal
Por Ferreira Fernandes, jornalista do DN
Sabíamos que a prática corrente era essa - o PS e o PSD distribuindo-se os cargos sumarentos - mas tínhamos o mínimo consolo disso não ser confessado.
Encornados, está bem, mas ao menos que não se ande a apregoar por aí... Foi desse limbo que Luís Filipe Menezes nos expulsou, ontem, quando veio exigir publicamente a CGD, já que, palavras dele, o PS abocanhava o BCP. O busílis está no "publicamente". Que Menezes telefonasse a Sócrates, perdão, que se reunisse com ele (hoje em dia, telefonar e falar publicamente é o mesmo), que se reunisse com ele e, a sós, exigisse: "Então, pá, segundo o acordo habitual, agora toca-nos a Caixa!"
Mas não. Menezes disse em comício e com microfones ligados: "Está na hora de o Governo nomear para presidente da CGD uma personalidade próxima da área do maior partido da oposição." É intolerável! Não a repartição do bolo entre os dois partidos, isso é só imoral. O intolerável é fazer-nos - às vítimas - de testemunhas.
NOTA: Se havia dúvidas, agora estamos esclarecidos. Os Partidos mais açambarcadores de votos consideram o País como uma quinta deles que exploram em conluio, com a mais descarada conivência. O País é a relva do estádio que os jogadores - os políticos - pisam a seu bel-prazer, sem a mínima consciência ou escrúpulo. Que diferença há entre isto e as associações de malfeitores? Há uma grande diferença: O povo vota neles, e eles fabricam as leis que lhes convém, para que tudo o que fazem seja legal!!!
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