"Antes pelo contrário"
Por Manuel António Pina
O "reality show" BCP não me despertou o mínimo interesse. As entranhas do poder e do dinheiro são sempre um espectáculo pouco edificante, e a maior parte do que veio nos jornais sobre o caso só se lia com a mão no nariz (posição incómoda, que obriga a acrobacias impossíveis para virar as páginas e segurar o jornal ao mesmo tempo).
Depois, a pequena História de todas as épocas abunda em episódios feios, porcos e maus muito mais excitantes, além de que, quanto a baixa intriga, os "policiais" de John Grisham são preferíveis aos jornais económicos.
E que importa aos portugueses que o BCP ou a CGD fiquem nas mãos do PS, do PSD, do Opus Dei ou da Maçonaria? Como o poeta diz, "acaso o nosso destino, tac, vai mudar?" Não usam todos a mesma água de colónia?, não vestem os mesmos fatos e põem as mesmas gravatas? Se o PS "se felicitou", o PSD "se congratulou" e o CDS "elogiou", quem somos nós para nos metermos no assunto?
Sobraria (se sobrasse) para a posteridade o contributo do porta-voz do PS, Vitalino Canas, para o capítulo V da "Psicopatologia da vida quotidiana" de Freud "O PS não tem, nunca teve nem vai ter qualquer influência no BCP. Antes pelo contrário". O "antes pelo contrário" daria uma tese. Mas quem perde hoje tempo com o que diz um político?
NOTA: Embora tenha sido «agredido» por um internauta conhecido pelo facto de fazer aqui várias referências a textos do DN e do JN, não deixei passar este interessante artigo do JN. Cada um tem a liberdade de consultar aquilo que tem mais à mão, sem ter de ser criticado.
É certo que esse internauta parece ser indivíduo formatado num esquema bastante rígido, um estereótipo fora de moda, sem ter bem digerido os conceitos e sem ter muitas ideias nem facilidade de as relacionar com outras, de argumentar e de compreender que cada facto pode ser visto por várias ópticas e que, por isso, segue à risca o dogma de outrora de que quem não pensa de acordo com o seu esquema é comuna. Não o sou, mas respeito quem é capaz de pensar com liberdade e inteligência, independentemente da sua cor política, religiosa, profissional ou social.
Acho que devemos aceitar a diferença, ser tolerantes para as liberdades dos outros, isto é, dos diferentes. Mesmo os nossos piores inimigos, quando são inteligentes, têm motivos para agir como agem e nós devemos procurar compreendê-los, até para deles nos defendermos. Napoleão respeitava o adversário.
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