Notícia dos jornais de 18 de Dezembro diz que: Em 1982, a autarquia de Copenhaga cedeu uma casa antiga aos jovens da cidade para servir de sede de actividades culturais e sociais. Há três anos, o município vendeu a casa a uma comunidade religiosa e, agora, ao pretender desalojar os jovens, a polícia teve que enfrentar uma multidão de jovens da cidade e vindos de vários pontos do país e do estrangeiro, numa espécie de batalha campal em que cinco pessoas ficaram feridas com gravidade e foram detidos 300 activistas.
Daqui, podemos tirar vários ensinamentos, que deveriam ser objecto de séria reflexão por parte dos nossos governantes:
1. Quando se faz uma concessão inicia-se um processo que é difícil de parar ou de recuar. Para retirar uma concessão, principalmente se já é antiga, é necessária um negociação conduzida com muita sensibilidade. No caso vertente, era de prever que os beneficiados pela cedência da casa, que utilizaram durante um quarto de século, não se retirariam sem compensações e, no mínimo, a cedência de novas instalações com o mesmo espaço e condições. Isto é humano, é lógico.
2. Os agentes da Polícia, que no nosso país, são mal vistos e desconsiderados pelo Poder, são chamados para esvaziar os efeitos de erro graves dos detentores do poder e expõem-se a riscos que não são conhecidos dos funcionários públicos, com quem, por vezes, são comparados.
3. A incapacidade dos políticos para agirem honestamente com a população está muito generalizada, de nada valendo rodearem-se de inúmeros assessores, porque estes, sendo nomeados com base na confiança política e não na competência, e sendo inexperientes e ambiciosos, procuram agradar ao chefe evitando emitir opiniões que, embora correctas, possam contrariar as intenções dele. Dizem ao chefe aquilo que ele gosta de ouvir, para singrarem na carreira.
4. Os jovens de hoje serão os líderes de amanhã e, com a consciência desse facto inelutável e do estado a que a geração anterior deixou chegar o mundo – poluição, alteração do clima, injustiça social, pobreza, exclusão, exploração, abuso do poder, corrupção, etc. – estão a exercitar a sua musculatura de liderança, para assumirem as responsabilidades que recairão sobre os seus ombros como governantes de amanhã. Jovens assim, que se opõem aos caprichos e arbitrariedades dos poderosos, são uma esperança de um mundo melhor em que os nossos netos viverão mais felizes do que nós.
Postado por A. João Soares em 16:28
3 comentários:
deprofundis disse...
Mas, se bem entendi isto passou-se na Holanda. Estou a lembrar-me dos nossos estudantes universitários e das suas festas da queima das fitas. Um espectáculo deplorável sem talento nem imaginação. Bebida a mais e dignidade a menos. E, quando os vejo a fazer essas tristes figuras, as minhas pernas tremem de medo... de ter que um dia enfrentar um deles num cunsultório médico ou num gabinete de advogado.
19-12-2006 21:38
MRelvas disse...
Caro A.João Soares,
o meu amigo não se tem preocupado com a minha ausência... bem cá estou! Sugiro que siga o caminho pela "voz"... e lá chegará! Sobre isto meu amigo, sim, há coisas que num repente se tomam, põem em causa uma vida de uma nação e depois... Militares ou Forças de Segurança! Mas meu amigo estas também se afundam no cinzentismo bolorento da incapacidade de argumentos, na fuga da luta por ideais, presos em interesses de alguns; encapotadamente devidamente nomeados, nomeadamente para que ninguém diga nada, que tudo se cale e o último a saír apaga a luz, que a auto-estrada para Espanha é ali ao lado!
Abraços
Mário Relvas
19-12-2006 21:57
A. João Soares disse...
Amigos deprofundis e Mário Relvas,
Esperava esta vossa reacção. O texto é desafiador, provocante. Mas não está longe da realidade do mundo. Melhores ou piores, segundo a opinião dos mais idosos, conservadores por natureza, é nas mãos dos jovens que estará o futuro do mundo. Há tempos, vi umas frases a propósito dos jovens, que achei muito actuais. Mais ao fundo do texto vinham os autores de cada frase e a data em que foram proferidas - eram sábios da antiguidade grega e romana! Sempre os idosos tiveram dificuldade em aceitar a irreverência dos jovens.
Se nos esforçarmos por nos imaginarmos no espaço a olhar para a Terra como marcianos curiosos com o que cá se passa, concluímos que isto está mal. A nossa geração tem estragado tudo, desde o ambiente até aos contactos humanos e internacionais. Reparar esses estragos vai competir aos jovens. Para isso têm de começar pela sua indignação contra o estado em que isto está, a herança que lhes é legada. Depois têm de reconstruir um sistema moderno, mais justo e humano, têm que defender os seus interesses colectivos e humanos. De entre eles aparecerão elites capazes dessa missão. Não pode ser de outro modo. O fluir da vida impõe a mudança, por mais que custe aos tradicionalistas que julgam que o mundo sempre evoluiu até ao seu momento, em que se atingiu a perfeição tão absoluta que é erro mudar seja o que for. O que a nossa geração tem de fazer é formar os jovens no gosto pelo estudo e pela racionalidade para serem capazes de fazer as mudanças da melhor maneira e não erradamente como tem acontecido em Portugal nas últimas décadas.
Relvas, tenho notado realmente a sua ausência, mas achei que está com outras ocupações prioritárias e com problemas do computador. Mas a última colaboração na VOZ mostra que continua a 100%.
Um abraço
A. João Soares
20-12-2006 6:15
Recordando alguns dos nossos livros de cabeceira em 2024
Há 52 minutos
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