Public em O DIABO nº 2295 de 24-12-2020, pág, 16, por António João Soares)
Um amigo veio falar-me de economia circular, muito interessado naquilo que ouviu da TV, e já tinha ido à Internet buscar mais pormenores e tinha já umas folhas com os textos que encontrou.
Fiquei surpreendido com a ideia desenvolvida sobre uma realidade em que vivi nos meus primeiros 18 anos, numa aldeia rural a poucos quilómetros de Viseu, onde não havia electricidade, nem água canalizada, nem recolha de lixo. A vida rural, em moldes primitivos, já se inseria naquilo que agora se denomina pomposamente economia circular, com explicações novas e definições de muitas vantagens para o desenvolvimento da economia moderna.
É curioso como em tal época (1934- 1952) pessoas pouco informadas, sem condições hoje já banais, praticavam uma 1József Szájek, advogado de 59 anos, eurodeputado húngaro, foi, há uns dias, detido em Bruxelas pela avisada polícia belga quando se escapulia de uma orgia gay, previamente programada. Isto segundo foi referido pela imprensa. A notícia é tanto mais surpreedente e vergonhosa quanto será certo que Szájek é casado desde 1983 com a senhora Tunde Handó, que é presidente do Conselho Geral do Poder Judicial e membro do Tribunal Constitucional, tendo nascido, dessa relação, um ser do sexo feminino. Saliente-se que Szájek redigiu – em conjunto com outros colegas – uma noreconomia hoje interpretada como plena de vantagens extraordinárias.
Não havia recolha de lixo porque nada era desprezado e considerado lixo. Aquilo que hoje se denomina reciclagem era o normal aproveitamento de tudo e eram raros os contactos com o comércio da cidade próxima.
Vejamos os circuitos económicos numa “empresa familiar”. As sementeiras eram feitas em terra lavrada por uma charrua manobrada por um adulto e puxada por uma junta de bois guiada por um jovem. Depois de completa a lavra era espalhada a semente proveniente da colheita anterior e depois o terreno era alisado por uma grade, também puxada pela mesma junta. Depois de a semente nascer, recebia os cuidados de desbaste e de tratamento da terra. O produto retirado no desbaste era aproveitado para alimento do gado.
O gado pernoitava sobre os
produtos retirados da limpeza das matas e que depois eram usados como
fertilizantes. As matas eram preparadas de forma a que nunca, naquele período,
assisti ou ouvi referências a qualquer incêndio. Os ramos mais antigos dos
pinheiros eram cortados e usados como lenha para a lareira e o forno do pão e
como estacas para as videiras, os feijoeiros, as ervilheiras e outras plantas
que necessitavam desse amparo. Os restos de refeição deixados nos pratos iam
para alimentação da porca, etc. Portanto, a reciclagem era um processo corrente
e não havia lixo.
Agora, será bom que esta prática seja aplicada à indústria, se isso for possível, porque são grandes as dificuldades de coordenar as acções de empresas industriais tão diversificadas na utilização de peças usadas e inutilizadas em equipamentos de outras empresas com interesses diferentes. A organização de circuitos adequados, a burocracia, etc., não se apresentam fáceis e terão de se situar ao nível do bom entendimento entre as empresas abrangidas nas áreas geográficas.
É indispensável uma persistente acção de mentalização e de formação do pessoal que trabalha em tais empresas. As mudanças de hábitos arraigados não é coisa fácil nem rápida. Mas, realmente, é imperioso que se trabalhe com intenção de reduzir as lixeiras ao mínimo possível e se procure reciclar tudo o que puder ser útil para qualquer outra coisa. Isto fica mais dependente de cada um do que das autarquias ou outros poderes, mas estes devem estar atentos aos descuidos e fazer recomendações oportunas e claras intencionalmente orientadas para o objectivo pretendido.
Os sucateiros devem ser os primeiros dinamizadores do estímulo a esta inovação, encaminhando os produtos que possuem e aqueles de que sabem a origem, para as oficinas que sabem transformá-los em produtos úteis e vendáveis. ■