O Mundo é de todos nós
(Public em O DIABO nº
2285 de 16-10-2020. Pág 16, Por António João Soares)
A pandemia do coronavírus atingiu todo o Mundo e não se ficou pelos idosos nem pelos sem-abrigo. Poderosos governantes foram atingidos, como foi o caso de Donald Trump e da sua esposa. Esta é uma das várias lições que nos são dadas pela pandemia e devemos aprender. Somos todos habitantes do planeta Terra e a Natureza trata-nos como iguais. E perante esta lição, devemos interrogar-nos: para que servem a ambição, a vaidade, o uso da violência para impor a própria vontade e tomar posse das potencialidades naturais de estados mais fracos?
A harmonia e a amizade tornam
mais fácil a melhor utilização das capacidades mais úteis que a Natureza coloca
ao nosso alcance e também permitem o combate convergente aos males naturais que
nos podem surgir, como aconteceu com a pandemia que ainda nos preocupa. De mãos
dadas, em acções combinadas, convictos de que somos parceiros da mesma equipa,
somando os esforços individuais, orientados para objectivos de interesse
colectivo, podemos obter a maior felicidade e melhorar a qualidade de vida de
toda a humanidade.
O diálogo e o convívio
amigável facilitam a felicidade pessoal, de grupos e de sistemas
internacionais. Há poucos minutos vi a notícia de que, depois de 17 anos de
conflitos entre diversas partes do Sudão que custaram dois milhões de vidas e
quatro milhões de desalojados, o governo de transição e cinco movimentos
armados assinaram um acordo de paz que coloca um ponto final nessa crise
indesejável. A intenção é alcançar um equilíbrio entre a paz global e a
transição para a democracia para conduzir à estabilidade política e ao
desenvolvimento, pela primeira vez desde a independência, há mais de 60 anos.
Felizmente, há mais
governantes de preponderância na política internacional dispostos a ajudar a
restabelecer a paz onde ela está a fracassar. Já sobre o conflito na região
separatista do Azerbaijão, conhecida por Nagoro-Karabakh, onde há cerca de
duas semanas decorrem combates mortíferos, houve unanimidade de Putin e Macron
ao apelarem para o fim «completo» dos combates e ao afirmarem estar prontos a
intensificar esforços diplomáticos para ajudar. Exortaram as partes em conflito
ao cessar-fogo e a, rapidamente, reduzir as tensões e mostrar o máximo de
contenção.
Perante as presidenciais
previstas na Costa do Marfim para 31 de Outubro, reúnem-se no início do mês, em
Abidjan, representantes dos países da África Ocidental, União Africana e Nações
Unidas e Costa do Marfim, numa missão de «diplomacia preventiva» tendo em vista
a eleição presidencial. A comitiva foi liderada pela ministra dos Negócios
Estrangeiros do Gana, país que preside actualmente à comunidade regional de
países da África Ocidental e os seus elementos terão encontros com membros do
governo e responsáveis de instituições envolvidas na organização das eleições bem
como com os candidatos e partidos políticos.
Estas medidas para a paz são
positivas e os apelos do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, são muito
louváveis ao apelar, em vários casos, aos acordos de paz e ao disponibilizar
altos funcionários para dar ajuda para fomentar o diálogo e negociações
preparatórias. Também têm sido notáveis os esforços para a solução da tensão na
Bielorrússia devida a suspeitas no resultado das últimas eleições presidenciais
e desejo generalizado de novas eleições, devidamente controladas. Também a
tensão entre os EUA e o Irão tem sido alvo de procura de solução pacífica. No
entanto, todos os esforços têm sido insuficientes, porque há grandes interesses
por detrás da violência e os terroristas continuam a fazer estragos, por apoio
dos fomentadores de conflitos. A invasão do Iraque em 2003 foi suscitada pela
indústria de armas a pretexto da existência de armas de destruição maciça que
depois não foram encontradas.
No início deste ano, 39
pessoas morreram num ataque ‹jihadista› perpetrado contra um mercado numa
localidade do norte de Burkina Faso. No princípio de Agosto, indivíduos
pertencentes ao grupo islâmico Boko Haram atacaram a população, no norte dos
Camarões, causando 18 mortos e 11 feridos.
Façamos tudo o que pudermos
para a paz e harmonia deste mundo que é de todos nós. ■
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