(Public em O DIABO
nº2279 de 04-09-2020, pág 16. Por António João Soares)
É certo que cada um tem a sua
opinião e devemos respeitar a dos outros, mas sem impormos a nossa. E na vida
colectiva as decisões que dependam de vários interessados devem ser precedidas
de diálogo, pacífico e bem argumentado, por forma a ser obtido real acordo
entre os intervenientes.
Esse esforço terá que ser
muito persistente, para que os maus hábitos actuais vão sendo eliminados.
Felizmente, vão surgindo casos louváveis, na vida internacional que estão a dar
exemplos desta mudança. Um desses exemplos é o caso de a França, a Alemanha e o
Reino Unido terem anunciado que não apoiam no Conselho de Segurança o
restabelecimento das sanções internacionais contra o Irão, exigido pelos
Estados Unidos que não gostaram de tal atitude que contraria o alinhamento da
grande potência americana contra os aiatolas. Esta atitude daquele que se
considera “dono do mundo” é o extremo oposto do objectivo atrás sugerido. Ela
está conforme com o culto pelo poder através das armas e das Forças Armadas que
estão distribuídas por grande parte dos países cuja posição geográfica querem
controlar, bem como a sua posse de produtos naturais de valor estratégico, como
o petróleo e outros minerais.
Outro caso elogioso é o apoio
da Alemanha, que enviou o seu MNE à Líbia, numa visita não anunciada a fim de
aconselhar a necessidade de pôr fim ao conflito que vem desde a morte de M.
Kadhafi em 2011 e que, desde Abril de 2019, é uma luta entre duas facções
apoiadas por milícias armadas por países estrangeiros, que devasta aquele país
do Norte de África. Na sequência, foi conseguido o acordo de cessar-fogo
imediato, o fim de todas as acções militares no território líbio e a
concordância das partes em «trabalhar para alcançar acordos sobre a retoma
integral das acções de produção e exportação de petróleo», para chegarem a uma
solução pacífica. O sucesso das conversações foi aplaudido pela UE e por
diversas entidades internacionais.
Também foi exemplar a
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em relação aos
recentes acontecimentos no Mali onde a situação é considerada grave
internamente e para a região. Esta Comunidade organizou uma cimeira para
continuar as conversações para assegurar o regresso imediato à ordem e, segundo
o Presidente, “esta situação é um desafio e mostra o caminho que falta
percorrer para o estabelecimento de instituições democráticas fortes no nosso
espaço”. ■
Sem comentários:
Enviar um comentário