Desnuclearização
(Publicado em O DIABO nº 2201 de 08-03-2019. Pág 16)
Porque tem sido feito tanto barulho por a Coreia do Norte ter fabricado a Arma Nuclear, se a Índia e o Paquistão possuem tal armamento cuja utilização é altamente perigosa para o Planeta? E, além destes dois países e alguns mais, há no Conselho de Segurança o mau exemplo dos Estados com assento permanente e com direito de veto. O que seria mais lógico, mais democrático e mais aceitável e que daria mais credibilidade e respeito à ONU, seria o Conselho de Segurança proibir a posse de tais armas e obrigar à completa destruição de todas as existentes e dos aparelhos que as fabricam, estejam onde estiverem, e que isso fosse rigorosamente controlado por uma equipa de técnicos independentes, pertencentes a Estados não nucleares. Ao tomar tal decisão, devem ser estabelecidas penalizações ao Estado incumpridor e à equipa fiscalizadora, no caso de ter feito o favor de fechar os olhos.
A Arma Nuclear tem efeitos destruidores, graves e duradouros, na área em que é detonada, e também à volta do globo, onde o vento vai levar finíssimas poeiras radioactivas nocivas a todo o ser vivo, seja animal ou vegetal. A bomba de Hiroshima só pode servir de exemplo se tivermos em consideração que se tratava de um modelo rudimentar ou experimental em relação às armas actuais, com potências milhares de vezes superiores. Por isso, é humanamente aconselhável que seja proibido o seu emprego, mas os ideais democráticos exigem que isso se cumpra sem excepção.
Perante isto, foi muito louvável a posição dos Estados Unidos, que “pediram na terça-feira, 26 de Fevereiro, contenção à Índia e ao Paquistão de forma a ‘evitar a escalada a todo custo’ entre as duas potências nucleares, com tensões agudizadas nos últimos dias”. Mas as medidas de prevenção e de segurança devem vir do Conselho de Segurança da ONU, que é o órgão cuja missão é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional. “É o único órgão do sistema internacional capaz de adoptar decisões obrigatórias para todos os membros da ONU, podendo inclusive autorizar intervenção militar para garantir a execução de suas resoluções”. Mas, perante a ética social, as regras da democracia e a racionalidade, os 15 Estados membros do Conselho devem ser iguais a todos, em deveres e direitos, sem excepção, a fim de merecerem o respeito de toda a humanidade e o Conselho de Segurança ser merecedor de credibilidade. Só nestas condições pode haver uma decisão de desnuclearização “obrigatória para todos os membros da ONU” e eficaz para a paz e a segurança globais.
Perante as excepções actuais do Conselho de Segurança, a ONU perde o direito ao respeito das pessoas e dos Estados e as suas decisões deixam de ter o acatamento que deviam merecer. Um Estado não pode dar-se ao luxo arrogante e prepotente de negar a outros aquilo que considera legal para si, a arma nuclear, e que mostra disposição de a utilizar contra quem o contrariar em qualquer dos seus caprichos.
Na situação actual, e perante a falta de autoridade moral do Conselho de Segurança, a posição dos Estados Unidos, apesar do seu aspecto maternal de aconselhamento das crianças, tem pouca credibilidade e aceitação. Mas será bom que o Paquistão e a Índia aceitem este conselho que lhes foi dado pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e actuem de forma eficaz mas sem excessos contra grupos terroristas que os preocupam e tenham em atenção a necessidade de estancar as actuais tensões evitando uma acção militar com risco de escalada de violência.
Como seria melhor um mundo sem armas de alta potência, onde as pessoas vivessem em paz e harmonia social, e se entendessem com recurso ao diálogo e à negociação!!! ■
António João Soares
04 Fevereiro 2019
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