A situação dramática em que o País se encontra, e com perspectivas de se agravarem, estão visíveis no artigo que se transcreve:
Fome
Destak. 10 | 11 | 2010. Por João César das Nevesoão César das Neves
«Escolas abrem ao fim de semana para matar a fome aos alunos.» Apesar da crise política, campanha presidencial e urgência dos juros da dívida, o Expresso escolheu este para título principal do último sábado. Foi uma excelente opção jornalística. Este é sem dúvida o verdadeiro problema do momento: volta a haver fome generalizada entre nós. Tudo empalidece ao lado disto.
Mas este título mostra também um outro facto ainda mais importante. Perante a incapacidade do Estado, a sociedade enfrenta a emergência. «Mesmo quando não há apoios extras do município ou do Ministério da Educação, muitos estabelecimentos de ensino fazem tudo para minimizar as carências alimentares de algumas crianças. [...] Notámos que havia alunos que não comiam o pão do almoço ou a sandes do lanche [...] iam discretamente ao pátio dar o que não comeram a um colega que lhes tinha pedido para poder levar para casa.» (p. 22)
Há várias décadas que, com custo de milhões, os sucessivos governos nos asseguraram que a sua política eliminaria a pobreza. Proclamaram o sucesso várias vezes. Agora, quando é mesmo preciso, tudo se desmorona. Parece que nos 80 mil milhões de euros do Orçamento de Estado não há dinheiro suficiente para alimentar crianças. Compreende-se, é preciso acorrer ao TGV e outras prioridades.
Os políticos estão presos de si mesmos. Felizmente ainda restam as escolas, paróquias, IPSS, serviços camarários, ou simplesmente os vizinhos e colegas. Esta é a grandeza de Portugal e enquanto existir a crise dos políticos não nos vence.»
Mas, ao invés deste texto aparece um outro intitulado Almeida Santos diz que medidas contra crise podem levar Governo a "perder o poder", em que idoso militante diz que «“Mesmo assim, eu acho que o Governo, sendo um Governo doloroso para os portugueses, é um bom Governo para o país”», o que é curioso por o Governo ter sido o responsável pelo destino dos portugueses nesta descida para o abismo, e sempre a dizer frases optimistas, a investir como um nababo e a permitir despesas públicas com instituições inúteis e com nomeações políticas em quantidades inusitadas.
Mas além deste elogio ao governo, ignora a crise a que se refere o artigo acima transcrito e alerta para o perigo de que as medidas previstas no Orçamento do Estado (OE) para 2011 poderão levar o Governo a “perder o poder”, além de perder “popularidade e votos”. Para este dinossauro demasiado amadurecido, o que deve ser colocado no topo das preocupações do Governo é o poder, a popularidade e os votos e, por conseguinte não se importar com o sofrimento do povo a que ele tem por obrigação garantis boas condições de vida, educação, saúde, segurança, justiça, comodidade, etc.
Imagem da Net.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Estrabismo de um dinossauro sobrevivente
Publicada por A. João Soares à(s) 11:54
Etiquetas: fome, pobreza, sentido de Estado
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6 comentários:
De Cimeira em Cimeira, com Mundiais de Futebol, tudo à velocidade do TGV, A CAMINHO DA MISÉRIA.
Abraço do Zé
Caro Zé Povinho,
A caminho da mais desgraçada miséria... mas há velhos sábios que pensam apenas no seu partido, no seu poder, na sua popularidade, nos seus votos.
Dando ouvidos a tais sábios o País não pode ir longe. É preciso fazer a total e eficaz desratização e desparasitação. Sobre o sábio dinossauro poderá ver o post Memória de 13 de Junho de 1974. Já o conheço há muito.
Um abraço
João
Sempre Jovens
Sobre este tema, tem muito interesse o artigo seguinte Marques Mendes traça um cenário negro da situação social e alerta para risco de implosão.
A situação é realmente preocupante e exige que os partidos, deixem por algum tempo de guerras entre si e procurem o bem dos portugueses. Um compromisso alargado com verdadeiro sentido de Estado e com sentido de responsabilidade é indispensável, para evitar a implosão.
Caro João,
Nunca gostei do personagem.
Investigar o passado dele em Angola era algo que gostava de poder fazer.
As histórias que ouço....
E que me são contadas por gente com coluna vertebral.
Gente com credibilidade.
Um abraço
Caro Pedro Coimbra,
Creio que o rasto deixado com mais visibilidade foi em Moçambique. Mas as imagens do pós 25 Abril são bem elucidativas, principalmente no tocante ao abandono das colónias e a independência destas. Havia muita ignorância das realidades locais, como se deduz do link deixado em comentário anterior, eventualmente aliada a intenção não confessada.
Um abraço
João
Só imagens
Caro Pedro Coimbra,
Depois do comentário anterior veio-me à memória a passagem de testemunho na AR entre esta personagem e o Dr Mota Amaral. Ambos fizeram discurso com um ponto comum, o de ser necessário prestigiar a função dos deputados, mas cada um apontou pistas opostas para a solução.
Almeida Santos defendia que deviam aumentar as remunerações, subsídios, mordomias, benesses, para prestigiar.
Mota Amaral dizia que o prestigio devia ser obtido com melhor serviço ao País, através de melhores leis e melhor desempenho das diversas tarefas que incumbem à Assembleia da República.
Isto tem grande significado.
Um abraço
João
Saúde e Alimentação
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