Coligação
Destak. 17 | 11 | 2010. Por João César das Neves
O senhor ministro dos Negócios Estrangeiros tem toda a razão ao dizer que «o país precisa de uma coligação já» (Expresso, 13/Nov). É urgente acabar com querelas partidárias para o Estado assumir a sua autoridade. Sobretudo, é preciso pôr termo ao frenesim de fim de festa dos grupos de pressão, que fez derrapar o austero Orçamento deste ano e ameaça o próximo. O mal nunca esteve nas contas da lei, mas no descontrolo de caixa.
É verdade, como diz o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, que «temos uma situação política aberrante» (p. 4). O mais incompreensível é o Governo achar que alguém ainda acredita nele. Depois de sofrer em 2009 o maior salto no défice da história de Portugal, viu o Orçamento seguinte, que prometera corrigir a situação, derrapar em seis meses. Com dois fiascos sucessivos, não pode pretender que o país e o mundo acreditem que a mesma equipa vai conseguir controlar a situação em 2011.
O senhor ministro dos Negócios Estrangeiros é um político experiente. Se visse esta situação em qualquer país do mundo, imediatamente tiraria as consequências. Porque razão o Governo insiste em manter a ficção que os problemas de Portugal são de origem externa, injustamente afectando a sua impecável gestão? Este é o tipo de desculpa que Chávez e Mugabe costumam usar para se perpetuarem.
Portugal precisa de uma coligação. A única possibilidade de ela existir e ter sucesso é excluindo José Sócrates e Teixeira dos Santos. Em qualquer sistema político civilizado as faces do descalabro não fazem parte da solução.
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