«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»
José Saramago – Cadernos de Lanzarote - Diário III – pag. 148
NOTA: Os políticos não privatizarão o Estado, não por pensarem nos cidadãos, mas apenas para benefício dos 'boys' com lugares de assessores, deputados, secretários de Estado, ministros, etc. E as outras privatizações não são completas para lá poderem colocar os meninos das jotas como o Rui Pedro e outros de competência familiar semelhante. A privatização é apenas parcial para garantir dinheiro para pagar os salários, prémios e mordomias aos parasitas do sistema.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Saramago disse
Publicada por A. João Soares à(s) 10:09
Etiquetas: privatização
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6 comentários:
Querido amigo João,
Adorei!
Admiro-o cada vez mais, por tudo, mas especialmente pela sua coragem.
Sou fã de Saramago, nunca o escondi.
As verdades são para ser ditas.
Beijos
Ná
Querida Amiga Ná,
José Saramago é realmente corajoso. Não aprecio a sua forma de escrever, mas as ideias e as palavras valem por si e não olho à mente de onde brotaram. Neste espaço procuro ser totalmente isento e imparcial e reconheço valor às ideias, palavras e obras que me pareça terem-no.
Por vezes há verdades que só saltam à vista de muita gente se forem ditas em tom forte e polémico.
Beijos
João
Saramago, atingiu o estatuto de poder dizer tudo aquilo em que acredita, sem qualquer pudor ou receio.
Admiro-o por isso!
Parabéns a si também pelas suas convicções e pela sabedoria na escolha de todos os textos que aqui coloca.
Apesar de nem sempre os comentar, pode crer que os sigo com respeito e admiração.
Um beijinho
Fê
Querida Fê,
Interpreto estas palavras de Saramago como sendo vestidas com um espesso manto de ironia. Vê-se que não gosta de privatizações, de qualquer forma. Mas poderá, por outro lado, dizer-se que o Estado é mau gestor, mau patrão e mau pagador, e que há muitas empresas e serviços públicos que funcionariam melhor no sector privado, sujeito a concorrência e a racionalidade na gestão.
Beijos
João
Caro João,
Eu que nem gosto de Saramago desta vez rendo-me às suas palavras que sendo irónicas merecem toda a nossa atenção e reflexão! Concordo em absoluto com a tua nota pois "eles" não irão para a "privatização " do estado para não perderem os "tachos" que miserávelmente arranjaram...
Um abraço muito solidário.
Caro Luís,
Gostos não se discutem, e como disse noutro comentário, não é a pessoa que está aqui em causa, mas apenas a ideia e a forma como ironicamente faz pensar no fenómeno privatização, um acto contrário à ideologia socialista, o que mostra, além de outros aspectos, que as ideologias já nada interessam nas políticas.
E não é apenas cá. Na Grã-Bretanha, o Tony Blair (esquerda) privatizou e tomou medidas mais de direita do que a sua antecessora Margareth Tacher (de direita).
O que interessa é que os governos governem sem perder de vista o povo e fazerem o melhor para benefício da população anónima e não apenas para os comprometidos e cúmplices dos vícios do Poder.
Assistimos a uma actuação do estilo bando de criminosos em que se entre-ajudam com conivências e cumplicidades trocando favores e remunerações de milhões, com receio que se «zanguem as comadres».
Um abraço
João
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