sexta-feira, 29 de maio de 2009

Campanha eleitoral. Reflexões

Não vale a pena perder tempo a analisar pormenores do que se passa na campanha eleitoral, mas há aspectos em que não pode deixar de se reflectir. Se alguém ainda tinha dúvidas quanto ao interesse dos políticos no Poder, deve deixar de pensar que eles se candidatam a uma missão de sacrifício pessoal, patriótica, em benefício do Estado, dos portugueses, na procura de melhores condições de vida e de justiça social para toda a população.

Efectivamente, procuram apenas riqueza rápida à custa do erário público e do «dinheiro vivo» e condições para obterem «tachos dourador» e reformas milionárias acumuladas, como se verifica na vida que têm os ex-governantes, deputados e autarcas e seus protegidos. Por isso, agora, na campanha, se desfazem em viagens pelo país beijando pessoas a quem normalmente nem se dignam falar, fazendo promessas ao povo e trocando entre si os maiores insultos. Todo esse sacrifício só se compreende quando se olha para os dividendos que pretendem colher.
Vale a pena ver alguns títulos muito esclarecedores de hoje: Louça diz que "atrapalhação do PS" obriga partido a ir buscar Vítor Constâncio para a campanha; Rangel acusa Vital de inventar e fazer “manipulação grosseira” de relatório europeu; Vital Moreira associa PSD à "roubalheira" do BPN .

Em todos os sectores há pouco de concreto quanto a projectos, a planos daquilo que pretendem fazer em benefício dos portugueses. Gastam a maior parte do tempo em acusações mútuas, numa competição negativa, numa concorrência nada construtiva, atraente e motivadora do voto. Vamos votar em quem? Naquele que insulta melhor? Naquele que mais conspurca a imagem do adversário? Naquele que aparece mais acompanhado por vetustos «sábios?» do seu partido?

Há quem sugira que devemos votar no menos mau. Mas quem é ele? Na votação da lei do financiamento dos partidos houve uma «compreensível unanimidade» no tocante ao dinheiro vivo, com uma honrosa excepção – deputado António José Seguro - , o que demonstra que o que estava em causa era o beneficio dos partidos com sacrifício da moralidade, da ética e do interesse nacional. Mostram ser todos iguais e, assim, é impossível votar no menos mau, porque são todos mais maus. Aquela unanimidade é histórica pois, nos assuntos de real interesse nacional, não é frequente (se alguma vez existiu) acontecer uma tal convergência de votação. Houve interesse partidário de todos. Naquele momento na AR, não houve Politica com P Maiúsculo, mas apenas política com p muito minúsculo. E, perante isto, como a abstenção é uma cobardia, a solução é VOTAR EM BRANCO, mostrando aos candidatos que nenhum é merecedor da confiança do eleitor nenhum merece o voto.

Mas um título exige mais reflexão. Ilda Figueiredo quer que adversários prestem contas do trabalho no Parlamento Europeu. Ora aí está uma proposta muito sensata. A avaliação do desempenho não deve aplicar-se apenas aos professores e aos militares. Ela já devia há muito vir a ser aplicada aos deputados, principalmente aos do Parlamento Europeu, que ganham fortunas no ordenado e subsídios vários, alguns que nem são gastos naquilo a que se destinam, como, por exemplo, os de viagens ao País de origem.

Os portugueses devem pôr o cérebro a funcionar e procurar compreender o fenómeno a que estamos a assistir para darem uma colaboração lógica, racional, com a melhor fundamentação possível.

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