segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Repressão em vez de formação

Embora actualmente a prática seja diferente, é lugar comum dizer-se que a formação das pessoas começa com a primeira mamada ou, como defende a escritora Alexandra Caracol, nos primeiros tempos da gestação.

Em termos práticos, clássicos, essa formação chama-se educação e nela desempenham um papel muito importante e insubstituível os pais e os professores, embora familiares, amigo e vizinhos devam colaborar.

Infelizmente, os pais arrastados prelo frenesim da vida moderna, abstêm-se desse dever e as escolas quase estão transformadas na indiferença perante actos de vandalismo e violência, por vezes contra os próprios formadores. O Estado, em vez de tomar medidas para reactivar estes dois factores da formação dos cidadãos, deixa de lado a formação e volta as suas «capacidades» de actuação para a repressão

É assim que a sinistralidade rodoviária resultante fundamentalmente da generalizada falta de civismo, de respeito pelos outros utentes, pelos próprios passageiros e pela própria vida, continua sem redução sustentada, apesar de repetidas promessas de melhoria por parte do Governo. Mas este não actua no ponto sensível, a formação cívica e limita-se a reprimir, aumentando o valor das multas e coimas, reduzindo os limites de velocidade, etc., tudo isso concorrendo para aumentar as receitas públicas mas não aumentando a segurança dos utentes da estrada. Da mesma forma, a lei das armas não acabou com o crime violento, assistindo-se, pelo contrário, ao seu aumento incontrolado. E há muitos mais diplomas legais que resultam letra morta, por falta de adequação ao problema, por serem inviáveis e de aplicação impossível ou contraproducente. Falta ao legislados seguir um método de preparação semelhante ao que consta do post «Pensar antes de decidir»

Hoje vem juntar-se a estes o caso «Bares não conseguem aplicar a lei do álcool». Segundo pessoas colocadas dentro do assunto, os jovens passarão a beber em garagens onde poderão abusar brutalmente da ingestão de bebidas alcoólicas, de forma totalmente livre, com muito piores efeitos. Vale a pena ler o artigo atrás linkado. Legisla-se antes de procurar analisar o problema em todas as vertentes e procurar as possíveis soluções para, de entre elas, escolher a melhor, mais adequada às circunstâncias.

4 comentários:

Carlos Rebola disse...

Amigo A. João Soares

Ao reflectir sobre estes casos aqui referenciados e outros chego à seguinte conclusão, na área humana e dos seus valores, por qualquer motivo, parece-me haver o seguinte princípio "primeiro degradar para depois desacreditar", tem acontecido com a família, com a educação, com a justiça... degradam-se até à exaustão as instituições e seus mentores, protagonistas sérios. Isto tem sido feito sistematicamente ao longo de anos, parece-me que recentemente se tem agravado, paradoxalmente parece que é mesmo um princípio que é corroborado com a recente intenção de se acabarem com as aulas de condução, dadas por quem está qualificado para tal, (apesar da qualificação ser um objectivo), bastará ter um carro nas mãos ouvir o tutor, que pode ser, pai, avô, primo ou amigo e com ou sem prática fazer um exame de condução "ad hoc", lançar o barro à parede e se colar aí temos mais um "condutor" encartado.
Devemos exigir cada vez mais civismo a quem faz as leis que nos governam.
Estou plenamente de acordo que é preciso "pensar antes de decidir", mas terá sido este o caminho percorrido até aqui? Para onde estão a empurrar a nossa sociedade?

Bem-haja
Um abraço
Carlos Rebola

A. João Soares disse...

Carlos Rebola,
Tem muita razão na sua análise. Mas gostava de saber o que pretendem as pessoas inteligentes ao proceder assim. Será que pensam? será que sabem o que querem? será que querem?
Parece um bando de crianças crescidas fiadas em milagres da Nossa Senhora de Fátima. Mas esse não é o método certo. E o País e o Mundo vão se afundar.
Os dinossauros desapareceram por um acidente natural; a humanidade desaparecerá pelas suas próprias mãos, lentamente numa agonia atroz. E tudo por causa de o Poder ter estado em mãos de incompetentes e egoístas a pensarem apenas em se perpetuar no poder e em acumular riqueza.
É preciso gritar que «o rei vai nu»
Um abraço
João Soares

Anónimo disse...

Caro João.

Na verdade eu defendo uma educação mesmo antes da concepção.

Acredito que um planeamento precoce traz grandes consequências (positivas ou negativas, dependendo da estratégia utilizada por familiares e amigos da criança).

Seria ideal que os progenitores acordassem, mesmo antes da concepção, acerca dos métodos a adoptar para educar o futuro Ser.

Seria ideal adoptar esses métodos mesmo antes do bebé nascer, pois nem que seja pelas sensações que a mãe tem e sente, estas serão transmitidas ao “bebé”.

Através das atitudes dos pais e bem-estar vivenciado pelo casal, e principalmente pela gestante, o pequeno Ser começa logo a formar o seu carácter, podendo tornar-se uma criança segura ou medrosa, triste ou alegre, etc.

A estimulação precoce direccionada para um propósito futuro é, na verdade, um grande instrumento que os pais possuem, mas infelizmente neste país, grande parte dos portugueses não se preocupam em acompanhar directamente a educação dos seus filhos nem sequer depois deles terem nascido, não sendo capazes de entender o quão seria importante aceitarem o conceito de educação pré-natal ou mesmo aceitarem acordar o tipo de educação a adoptar, desde a fase anterior à concepção.

Enfim, muito gostaria de contribuir para ajudar as pessoas a saber como fazer isso pois foi o que fiz com a minha filha, actualmente com 11 anos, e que tem um empenho excelente em todas as áreas a que se dedica, devido ao facto de eu ter colocado em prática, na sua educação, tudo aquilo que professo e acredito ser importante utilizar para educar uma criança, de forma que se torne capaz de ser um futuro homem/mulher válido(a) para a sociedade.

Muito me entristece reparar que em todas as áreas da sociedade se prega “faz o que digo, mas não faças o que faço”, quando é certo e sabido que isso não surte efeitos positivos.

Os exemplos que damos às crianças são um forte instrumento educativo.

Muitas vezes tenho reparado que os filhos dos professores, governantes e/ou gente que detém lugares em destaque na sociedade são os mais rebeldes, com resultados escolares negativos, são os indisciplinados que utilizam a posição dos pais na sociedade ou a vida abastada que possuem para desculpar e incentivar a conduta degradante, soberba e mal-educada que utilizam na escola, em casa e na rua, desrespeitando regras e hierarquias.

Como se pode educar sem se estabelecer limites? Sem ensinar a diferença entre o bem e o mal? Como podemos exigir das crianças e jovens uma conduta diferente se não os ensinarmos desde tenra idade e lhes dermos exemplos concretos através dos nossos actos praticados diariamente? Como podemos exigir aos outros se não exigirmos primeiro a nós próprios.

Enfim, é muito triste contactar que a falta de educação correcta, orientada desde cedo, fabrica políticos e governantes desorientados e que se sentem confortáveis na corrupção.

Beijinhos com amizade.

Alexandra Caracol

A. João Soares disse...

Cara Amiga Alexandra,
Muito obrigada por este comentário. Fez muito bem em explicar aqui o seu conceito de educação pré-natal. Ainda bem que me referi a si no post.
Vou publicar este comentário num post no blog Sempre Jovens, para ter mais visibilidade.
Beijos
João Soares