segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Só resta a fuga ou o abrigo

Estado de sitio. Para os abrigos, já!
Por António Ribeiro Ferreira, Correio da Manhã

O sitio, já se sabe, está cada vez mais mal frequentado. Pior ainda, está cada vez mais perigoso.
- Andam por aí bancários feitos banqueiros a pôr em causa o dinheiro de accionistas e clientes de instituições financeiras;
- andam por aí magistrados do Ministério Público em guerra com outros magistrados da mesma instituição;
- andam por aí inspectores da Judiciária a caluniar outros inspectores da mesma polícia;
- andam por aí dirigentes desportivos a afirmar alto e bom som que o futebol indígena é uma farsa de alto a baixo;
- andam por aí políticos a transformar a política num caso de polícia com histórias de faca e alguidar;
- andam por aí uns vândalos feitos ecologistas a invadir e a destruir propriedades agrícolas;
- andam por aí uns senhores liderados pelo Torquemada Louçã a tentar impor a ordem e os bons costumes;
- anda por aí uma GNR incapaz de prender e levar à justiça uns energúmenos que recebem apoios do Estado para vandalizar bens privados e infernizar a vida a cidadãos que trabalham;
- anda por aí um Governo do senhor presidente do Conselho, José Sócrates, que admite alianças na Câmara de Lisboa com os mentores políticos desses actos criminosos.

No meio deste triste espectáculo, neste infeliz e cada vez mais mal frequentado sítio, o desemprego aumenta de ano para ano, a economia desacelera, a Europa foge a sete pés e as únicas coisas que crescem são as receitas fiscais e a despesa do Estado. É verdade.

As contas publicadas dos primeiros sete meses de 2007 não deixam margem para quaisquer dúvidas. O défice do chamado subsector Estado caiu 22,6 por cento só por via do brutal aumento das receitas fiscais. Os números são eloquentes. Os impostos directos subiram 12,4 por cento e os indirectos 5,5. E depois de tantas reformas anunciadas, de tanta propaganda sobre o rigor e o controlo de gastos na Administração Pública, do corte de funcionários públicos e de outras coisas mais, a despesa do referido subsector subiu 4,1 por cento. E os gastos com pessoal cresceram 3,4 por cento. Sem manipulações grosseiras de alguns avençados socialistas, a realidade é esta. Nua e crua.

O Estado continua a gastar mais do que deve e a diminuição do défice só se faz à conta dos aumentos dos impostos e do verdadeiro assalto que a máquina fiscal anda a fazer a todos os cidadãos e empresas, com particular incidência nos que, desgraçadamente, não podem fugir para lado nenhum e têm de viver neste sítio perigoso e cada vez mais mal frequentado.

A situação, como se vê, é negra. E as soluções muito poucas. Resta aos cidadãos a fuga ou a procura de refúgio nos abrigos. Rapidamente.

António Ribeiro Ferreira

NOTA: Já de nada servem as protecções clássicas como o elmo, a cota de malha, a armadura a couraça, a fortaleza com ameias. É indispensável o abrigo mas deve ser bem enterrado, de grande espessura, blindado, à prova de armas nucleares.
Este texto faz recordar os posts recentes:
Indícios pouco tranquilizadores,
Pontos fracos dos portugueses,
A condição humana, nacional,
Portugal... nem do pequeninos.

2 comentários:

Carminda Pinho disse...

Qualquer dia estamos numa de tudo ao molho e fé em Deus.
Abraço

A. João Soares disse...

Cara amiga,
Cuidado! Estamos em época de crise generalizada, mais grave nos países mal preparados para se governarem bem, por falta de valores cívicos.
Mas nada adianta e só prejudica entrar em pânico, emocionando-se. Devemos procurar manter a cabeça fria, muito calma, mas muito atentos ao que se passa. Essa atenção e o desenvolvimento da capacidade de raciocínio, de análise, é fundamental para criar potencial anímico para a mudança no sentido mais positivo. Quando for gerado efeito de massa, surgirá uma equipa de líderes que dará o sinal de partida. Para, nesse momento, não se fazerem asneiras que dificultem a recuperação do País, é indispensável habituarmo-nos a fazer análises imparciais, sensatas, com cabeça fria e coração a bater a baixa pulsação, sem emoções. Portugal precisa de todos nós e cada um de nós deve dar toda a colaboração que estiver ao alcance da sua capacidade moral, intelectual e técnica.
Cumprimentos