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(Public em O DIABO nº 2425 de 23-06-2023, por António João Soares)
Há dias vi uma notícia que afirma que a nossa vida nacional
está dependente da boa evolução do turismo. Mas a realidade mostra que, se
a nossa política assentar nesta esperança de futuro, isso representa uma pobreza
irremediável, pelo desprezo do desenvolvimento da nossa indústria e da nossa
agricultura e, consequentemente, da redução das exportações. O turismo não
dá força aos países onde se dirige e não resulta do desenvolvimento das suas
populações, sendo apenas uma confirmação de que esses locais foram, em tempos
idos, objecto de grande desenvolvimento com grandes construções e criação de
belas obras de arte.
Com esta ferrovia a maior parte das nossas exportações, para não ser transferida de comboio que muda várias vezes durante o percurso, faz-se em camiões que ficam mais custosos e demorados do que se fossem em veículos transportados em carruagens de comboio, da rede europeia, e descessem na estação mais próxima para irem descarregar no ponto desejado pelo cliente.
Mas soluções como esta só lembram a homens experientes nas realidades da vida dos negócios e só são compreendidas por pessoas habituadas a usar o cérebro para analisar aquilo que se passa à sua volta. E isso não entra com facilidade em cabeças que, desde jovens, foram viciadas nas manigâncias de que resultam votos nas eleições seguintes.
Por isso, em vez de nos colocarmos satisfeitos à sombra do
turismo, convém não nos embriagarmos com essa ilusão até porque o turismo está
sujeito a males inesperados que surgem na sequência de qualquer notícia
desagradável para as respectivas empresas que, de repente, alteram os seus
destinos habituais e mudam para outras áreas geográficas.
O mundo está em mudança permanente e a evolução precisa de uma
séria preparação e inovação e os criadores das inovações industriais não deixam
de aproveitar ideias criativas e estão prontos em as aplicar em qualquer ponto
onde sejam rentáveis. Devemos encorajar os nossos jovens a aproveitar qualquer
oportunidade que lhes surja para criar algo de novo e, perante uma inovação que
mostre valor muito positivo deve ser logo impulsionada para que a actividade
industrial dê um forte passo em frente.
O avanço de um país não surge por acaso e é conveniente que
os nossos jovens sintam a vantagem da inovação positiva e que estejam atentos á
espera de encontrar o alvo para as suas descobertas. No entanto, nem tudo tem
de ser inteiramente novo, pois, muitas vezes, grandes êxitos surgem em
melhorias significativas de processos já com alguma maturidade e que os transformam
em inovações muito apreciadas.
Convençamos os nossos industriais a estimular o seu pessoal
com vista à inovação e a vencer, ultrapassando o actual êxito relativo do
turismo.
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