(Public em DIABO nº 2423 de 09-06-2023. pág 16, por António João Soares)
Recebi no dia 27, um email que focava a imposição de uma nova ortografia estranha e que demonstra a má ousadia de pessoas que desprezam a ortografia actual, a qual assenta em raízes bem fortes e já com séculos de respeito pelos nacionais, mesmo os pouco letrados.
Parece que a iniciativa partiu de D. Pilar del Rio que,
pelo facto de ter estado casada com o nosso escritor José Saramago, se acha com
o direito, talvez como outros atrevidos «estrangeiros», de vir dar ordens no
modo como se fala e escreve o já muito antigo idioma «português». Já não
chegavam os próprios degenerados nativos da Língua tentarem impor (aos parvos
subservientes) uma nova ortografia, sem pés nem cabeça!
Sobre isto, a jornalista Pilar del Rio costuma explicar, com um ar de
catedrática no assunto, que dantes não havia mulheres presidentes e por isso é
que não existia a palavra "presidenta". Daí que ela diga,
insistentemente, que é Presidenta da Fundação José Saramago e se refira a
Assunção Esteves como Ex-Presidenta da Assembleia da República. E, ainda há
poucos dias, alguém ouviu Helena Roseta dizer: «presidenta!», reagindo ao
comentário de um jornalista da SIC Notícias, muito segura da sua afirmação.
Chocado com esta agressão ao nosso idioma, recebi o
seguinte texto, de autor bom conhecedor da estrutura em que assenta o
desenvolvimento do nosso idioma: «Existe a palavra presidenta? Que tal
colocarmos um "basta" no assunto? No português existem os particípios
activos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio activo do verbo
"atacar" é "atacante", o de "pedir" é
"pedinte", o de "cantar" é "cantante", o de
"existir" é "existente", o de "mendigar" é
"mendicante", etc. Qual é o particípio activo do verbo
"ser"? O particípio activo do verbo ser é "ente"; aquele
que é: o ente; aquele que tem entidade. Assim, quando queremos designar alguém
com capacidade para exercer a acção que expressa um verbo, há que se adicionar
à raiz verbal os sufixos "-ante", "-ente" ou "-inte".
Portanto, a pessoa que preside é presidente, e não "presidenta",
independentemente do sexo. Diz-se: capela ardente, e não capela
"ardenta"; estudante, e não "estudanta"; adolescente, e não
"adolescenta"; paciente, e não "pacienta"». Este texto
constitui uma belíssima lição de Português.
Este texto que reencaminhei para mais de uma centena de amigos de que
possuo o endereço de correio electrónico, constitui uma boa aula de Português.
Foi elaborado para acabar, de uma vez por todas, com quaisquer dúvidas sobre a
questão supracitada. Se for bem interpretado, vai pôr fim a todas as dúvidas.
No entanto, não estou seguro que as mulheres que lançaram esta farpa sexista, sejam
suficientemente letradas para perceberem a explicação do texto.
E ao texto foi acrescida a seguinte argumentação «a candidata a presidenta
comporta-se como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta
para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta
numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, de entre tantas outras suas
atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só
para ficar contenta».
Que desgraça a nossa!!!
Mas
a agressão ao nosso idioma, infelizmente, não é original pois não há muito tempo foram
retiradas letras que davam tonalidade às sílabas, mas que foram consideradas
inúteis por falsos «sábios» e agora deixou de haver pacto, pactuar, acção,
actividade, etc. Quem souber um pouco de línguas, verifica que as que usam
palavras de origem latina mantêm o c e o p, onde nós também os tínhamos. Se,
por um lado, dizemos que desejamos tornar o povo mais instruído e actual, por
outro lado, reduzimos o nosso idioma a vulgaridades e confusões nada
meritórias.
Se dermos força a tais inovadores a nossa cultura desaparecerá.
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