Ano novo, vida nova. Novos planos e projectos
(Public em O DIABO nº 2245 de 10-01-2020)
Vi no Facebook os votos de uma bisavó para um bisavô que queria conformar a aceitar as dificuldades da vida com as seguintes palavras «Ano Novo com muita saúde, o resto a gente corre atrás!».
Embora compreendesse a boa intenção da senhora, não gostei, porque a vida é luta e esta época deve ser de mudança, não devendo limitar-se a «correr atrás», a esperar por milagres. Mudar exige sensatez, observação e análise das realidades com vista à definição e realização de objectivos desejáveis para se conseguir melhoria das condições de vida. Nessa mudança devem ser respeitados os melhores princípios e os valores mais válidos aprendidos em tempos escolares e aprimorados pela experiência da vida, a fim de se esboçarem objectivos compensadores, do ponto de vista ético. Só chegaremos a locais para os quais saibamos caminhar cuidadosamente. Devemos evitar que a vida seja uma lotaria. Para podermos ter o prazer dos resultados de uma vida bem organizada e orientada da melhor forma.
Segundo um livro intitulado «entrevista com Deus», não devemos esperar milagres, porque estes seriam a negação da boa ordem em que o criador elaborou o Universo. Com efeito, cada um terá que agir da forma mais correcta porque os resultados dependem da maneira como se comportar para a obtenção do objectivo. Por isso, aquela oração sintética mas com significado: «Pai ajuda-me a merecer a tua ajuda».
Para uma mudança adequada tem que haver decisões ajustadas ao fim pretendido, seguindo com a melhor eficiência a metodologia já aqui exposta em diversas ocasiões, e que é aplicável aos indivíduos, às empresas e aos Estados. A estes, por maior razão, dados os elevados custos de erros ou imperfeições e das consequências para a população e para os interesses do património nacional.
Actualmente, existem situações degradantes e, em vez de serrem procuradas reformas para as remediar da forma mais construtiva, ouvem-se intenções de «continuidade» e palavras enganadoras destinadas a obter o conformismo e o impedimento de reacção das pessoas. Porém, surgem Estados em que o Poder é exercido correctamente, no sentido da recuperação dos mais altos valores de seriedade e de ética.
Por exemplo, no Vietname, onde a corrupção também se faz sentir, um tribunal sentenciou um ex-ministro a prisão perpétua num caso de corrupção que atingiu valores muito elevados e pelo qual foram também condenados a longas penas de prisão um outro ministro e uma dúzia de executivos, informou a televisão estatal. Foi acusado de receber subornos no valor de mais de dois milhões de euros para orquestrar a aquisição de um serviço de televisão digital em 2016 em nome de uma das principais operadoras de redes móveis no Vietname, quando era ministro da informação e comunicação. Ordenou a transação que envolvia a compra de 95% das ações de uma empresa por um preço inflacionado quase 10 vezes.
Também na Etiópia, a ex-presidente da companhia estatal de eletricidade da Etiópia integra a lista de 50 acusados de corrupção num processo ligado ao projecto da Grande Barragem do Renascimento da Etiópia, no Nilo Azul, relacionado com o desbravamento de uma floresta para facilitar este principal projeto hidroelétrico do país. Foi pressionada para abandonar a liderança da Ethiopian Electric Power (EEP) em Setembro de 2018, depois de enfrentar várias acusações de corrupção e má gestão de vários projectos energéticos planeados para Etiópia.
Estes são exemplos a seguir mas, entre nós, há promessas de moralizar a vida nacional, mas são mais as palavras e promessas do que os actos reais. Por exemplo, canta-se que o excedente orçamental "é positivo", mas esconde-se que o mesmo tem sido atingido "à custa de uma carga fiscal brutal". Por outro lado, prometem-se medidas preventivas para evitar inundações semelhantes às ocorridas recentemente, mas pouco depois um governante afirma que não se deve controlar o caudal dos rios. Em que devemos confiar? Que estudos, que planos, que projectos esperamos?
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