A força da Natureza e as fantasias
(Public em O DIABO nº 2244 de 03-01-2020, pág 16)
Procuro ser cauteloso no consumo dos órgãos de Comunicação Social, por não os considerar merecedores de muita atenção e raramente encontrar neles elementos que contribuam para aumento de saber e conhecimento do mundo que nos cerca. Mas no dia 22, ao passar perto de um grupo sentado em frente à TV falando em voz alta adequada a surdos, vi que o ecrã, mais em pequenas frases do que em imagens da realidade, mostrava que chuvas torrenciais tinham provocado inundações dramáticas e os rios, mesmo os de reduzido caudal habitual, tinham atingido níveis imprevisíveis. Isto, poucos dias depois do último festival de propaganda da jovem sueca Greta contra as alterações climáticas, despertou-me a curiosidade de saber o que ela diria desta sucessão de depressões, se as consideraria como uma vitória da sua acção; e em caso contrário, o que deverá ser feito para evitar estes factos. A força da Natureza mantém-se independente de teorias fantasiosas e temos que ser cuidadosos e criteriosos para criar condições de adaptação que evitem o sofrimento de danos avultados, localizando as construções afastadas dos rios e ribeiros, desimpedindo da melhor forma os leitos fluviais e preparando as vias rodo e ferroviárias por forma a que evitem deslizes, abatimentos e outros tipos de estragos que as impeçam de cumprir a missão para que são construídas.
Prevenir é considerado, desde as civilizações menos letradas, preferível a remediar. A prevenção sensata é concretizada depois de boa definição do perigo a evitar e de ponderada aplicação de experiências já vividas, de técnicas ajustadas e de materiais bem escolhidos, enquanto a acção de remediar é, normalmente, improvisada no momento e usando medidas ocasionais, débeis e, por isso, pouco eficazes que raramente conseguem evitar danos avultados. Perante esta reflexão, e perante as teorias da Greta, não devemos desprezar estas pelo seu valor na defesa do Ambiente e no respeito pela Natureza, mas sem o exagero de querer impor a esta os nossos interesses. Estes devem manter a sua humildade de ter que suportar os imprevisíveis desígnios naturais.
Os factos mostram que a proximidade de rios ou de simples linhas de água, sendo estas apenas evidentes quando chove um pouco mais do que o habitual, deve ser evitada para construções duradouras e estimadas. As vias de trânsito nas suas proximidades ou nas suas travessias devem ser devidamente robustecidas para evitar acidentes graves. Quanto a habitações, há que prevenir estragos de vidas e de património, o que exige aos mais arrojados arquitectos que reflictam nos limites a que podem chegar as suas fantasias, etc. E quanto a alterações climáticas, devemos estar preparados para lhes sobrevivermos, isso é, adaptarmos as nossas vidas por forma a resistir a um acidente real, da melhor forma possível, e prevenirmo-nos para suportar melhor a sua repetição. Segundo um Engenheiro muito esclarecido que ensinava geografia a idosos na UITI, aulas a que eu assistia sempre que me era possível, o globo terrestre é uma bola de líquido fervente, o magma, rodeada de uma fina camada sólida, que ele comparava à nata do leite fervente. A pouca espessura do solo, essa camada envolvente, cria situações de grande debilidade, manifestada pelos sismos, erupções vulcânicas, águas termais, outras manifestações de temperatura diferenciada e alterações da geografia, como a criação do oceano Atlântico e do continente sul americano e a separação que está em evolução na parte leste do mesmo continente africano, seguindo a bacia do rio Nilo.
Há quem diga que o degelo das calotes polares não se deve apenas ao calor vindo do Sol, mas também, em grande parte, à temperatura do magma transmitida através da água do mar. A vida da Natureza deve ser bem investigada para ser bem conhecida e previsível nas suas alterações. O mau tempo das depressões ocorridas na semana de 14 a 21 de Dezembro não fazia parte das fantasias da jovem sueca Greta. ■
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