Políticos e partidos, para garantirem o seu (e dos seus amigos, cúmplices e coniventes) enriquecimento rápido, por qualquer forma, têm que lutar para a conquista e a manutenção do Poder, usando as mais variadas tácticas. Estas, por serem repetitivas, não passam despercebidas dos cidadãos mais atentos.
Uma delas, quando no Poder, é procurar vantagens na primeira metade do mandato, para depois alargarem o cinto que obrigaram a apertar a fim de captar as simpatias dos eleitores e os seus votos. Para tal não recusam qualquer manobra que lhes pareça ser útil para o sei propósito.
Na situação actual, todos estamos recordados da reprovação do PEC IV que levou o governo anterior a apresentar a demissão. Esta renúncia foi feita na esperança de que iria vencer as eleições antecipadas. A votação do PSD contra o PEC IV tinha como objectivo vencer as eleições aproveitando na campanha o incómodo gerado por erros do PS, já anteriormente apontados e o incentivo de promessas que levaram muita gente a esperar irmos viver num paraíso.
Logo a seguir às eleições o PSD rasgou as promessas e iniciou o aperto do cinto, gabando-se de ir além das exigências da troika. Era evidente que estava a preparar-se para usar a velha táctica de exigir sacrifício na primeira parte do mandato para depois criar ambiente favorável a uma vitória nas eleições do fim do mandato. Essa táctica era fácil de justificar atribuindo ao governo anterior as causas do mal que foi definido com as cores mais negras. Foi então que Passos Coelho disse: “Que se lixe as eleições” em que só acreditaram os mais ingénuos ou os fanáticos do seu partido. Seguiram-se medidas de austeridade exageradas, insistentes e repetidas que criaram mais pobreza, e paralisaram a economia com encerramento de empresas e aumento abissal de desemprego. A situação não era irrecuperável mas a tal táctica mal aplicada criou a espiral recessiva e, em vez de melhoria, sentimos o agravamento.
Agora, ao entrar na segunda parte do mandato seria de começar a aliviar os sacrifícios mas, como não há condições para isso (tal o estado em que a espiral recessiva colocou o País), continuamos a ouvir discursos balofos agora com mistura de promessas de melhoria para daqui a mais de um ano e truques que, na incapacidade para o diálogo e para a obtenção de consenso, são esboçados ardilosos desentendimentos dentro do Governo e dos partidos da coligação, para depois analisar as reacções populares e de instituições descomprometidas a fim de evitar erros exagerados que agravassem demasiado a má imagem do Poder actual. Foi o caso da comunicação de Portas ao País em 5 do corrente e das declarações à agência Lusa do vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim, em que defendeu que o «tempo político de Vítor Gaspar terminou», devendo o primeiro-ministro ponderar a substituição do ministro das Finanças. Alem deste caso, há as sucessivos alertas do conselheiro de Estado Luís Marques Mendes, da ex-líder do PSD Manuela Ferreira Leite, do cronista Paulo Morais, do ex-líder da bancada social- democrata Paulo Rangel, do cronista Morais Sarmento, do ex-ministro Bagão Félix, do constitucionalista Jorge Miranda, todos dando dicas para a remodelação governamental, para o corte nas gorduras do Estado, e para a concretização da Reforma Estrutural do Estado prometida há quase dois anos mas sem sinais visíveis e em que deveria estar incluía a redução da burocracia alada ao combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito.
Esta é uma habilidosa forma de tornar mais fácil a decisão que há muito é aconselhada ao PM.
Enfim, a preparação dada pela JOTA aos futuros políticos, pode não ser de grande elevação ética ou cultural, mas não deixa de os levar a repetir as habilidades clássicas, embora sem lhes dar capacidade de análise para fazerem a melhor adaptação às realidades actuais, deu que resulte crescimento económico com melhor bem-estar da população dos eleitores e dos contribuintes.
Imagem de arquivo.
Recordando alguns dos nossos livros de cabeceira em 2024
Há 46 minutos
6 comentários:
O povo gosta e vota (além de não ter outro remédio, nas democracias com as técnicas de controlo de pessoas e de venda de produtos é possível fazer eleger quem se queira). bom domingo
Muito bom post. Excelente.
É a pura realidade de um país (des)construído pela mais baixa política.
Caro Taxi pluvioso,
O povo pode não votar, abstendo-se, pode votar em branco ou pode votar nulo.
Mas. como diz, ele é manipulado pelas modernas técnicas da guerra psicológica e levado com promessas falsas que são esquecidas logo após a contagem dos votos. Logo, o povo precisaria de aprender para resistir às propagandas de qualquer espécie, só comprando aquilo que o seu raciocínio aconselha. Por isso, os Governos estruturam o ensino de forma a que as pessoas não deixem de obedecer como marionetas aos cordelinhos dos tipos do poder, quer seja comercial ou político.
Sinto prazer em recordar que em 01-09-2010 temi o efeito da pressão de Alexandre Soares dos Santos para ser aumentado o IVA em vez do IRS e do IRC.
Aquilo que Taxi Pluvioso atribui ao povo, existe nos políticos que também são conduzidos pelos reais detentores do poder financeiro e agem com chicote e cenoura para levarem os governantes a beber a água na sua fonte.
E porquê? Porque hoje os políticos «formados» nas JOTAS e nascidos de entre os piores alunos não possuem capacidade para raciocinar por si e são marionetas guiadas por inimigos do povo.
Cumprimentos
João
Caro André Miguel,
Infelizmente a realidae de um país que tem vindo a ser mal governado e com desorganização que se mantém resistente a todas as promessas de «Reforma Estrutural do Estado», não pode ser diferente isenta dos piores erros.
Onde está legislação eficaz contra o enriquecimento ilícito ou a corrupção? Onde está o necessario esforço de reduzir a «burocracia» ao indspensável, ela que é um manancial de corrupção?E ela existe em tudo o que é serviço público.
Toda a gente sabe estas coisas mas elas mantêm-se, porque os legisladores não querem matar a galingha dos ovos de ouro deles e dos seus cúmplices e coniventes, os tais tentáculos do polvo do poder.
Cumprimentos
João
Claro tem toda a razão, os políticos são os operacionais da classe dominante e são eleitos por ela para defenderem os seus interesses.
Caro Taxi Pluvioso,
Discordo das suas últimas palavras, pois quem elege nas urnas os políticos, são os eleitores, é o povo, embora condicionado pela lavagem ao cérebro que a propaganda lhe faz de forma sistemática.
Na elaboração das listas eleitorais pode haver, e certamente há, influências não sintonizadas com os intereses nacionals e aí entram cumplicidaes, conivências, trocas de favores e a força oculta dos poderes financeiros e outros, que dominam a acção da política.
Cumprimentos
João
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