terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

EM DEMOCRACIA, O POVO É QUEM MAIS ORDENA

A frase do título foi muito ouvida nos dias após o 25 de Abril, mas nos tempos mais recentes foi ignorada e até foi forçadamente esquecida por aqueles que seguiam e apoiavam o governante que dizia «quero posso e mando». Mas, recentemente, o governo que está prestes a ser substituído foi criticado, por ter dito maravilhas fantasiosas contrárias às realidades e que não procurou ouvir a vontade e as características reais em que grande parte da população tem vivido. Embora as eleições sejam uma forma que parece que os políticos e os deputados são fruto da vontade do povo, na realidade, os votos eram em partidos a que os candidatos pertencem e não resulta na opinião do povo sobre o eleito até porque as abstenções, geralmente, são mais elevadas que os votos do partido vencedor. Os cidadãos, já várias vezes, tornaram pública a sua opinião sobre o sistema eleitoral e sobre o deficiente conceito do que é democracia. Mas os partidos procuram ter melhores resultados, pretendem ter a vitória da maneira mais fácil e desprezam as realidades e o pensamento dos cidadãos. Rui Tavares critica Costa dizendo que deixou os portugueses de fora das grandes decisões, em vez de referir o efeito que estas iriam ter nas suas vidas. Realmente a maior parte das decisões do Governo devem ser tomadas pensando no seu efeito sobre a vida dos cidadãos. Aliás, qualquer decisão pública afecta, por qualquer forma, a vida das pessoas e por isso antes de ser tomada, no estudo a fazer para ela sair perfeita, deve ser ponderada a influência que vai ter na vida das pessoas a fim de elas sentirem o seu benefício para as condições de um futuro melhor, ou perceberem (e aceitarem) as razões pelas quais não irão beneficiar porque será um sacrifício para um posterior desenvolvimento de onde resulta melhores condições de vida. Havendo este cuidado, tudo correrá melhor e são evitadas complicações sociais como terrorismo, greves, atentados, etc. Enfim, só haverá vantagem em reviver a frase do título deste trabalho, antes de qualquer decisão. Em qualquer decisão pública ou social deve ser julgado o efeito sobre a vida das pessoas porque os governantes têm o dever de defender os interesses nacionais e o mais importante é o da vida do povo, principalmente dos cidadãos mais necessitados. E estes, sentindo-se protegidos, tornam-se mais felizes, agradecidos ao Governo e apoiantes dos funcionários públicos, sem actos de indisciplina ou de revolta. Para isso tem que haver um esforço didáctico, a começar nos funcionários e indo até à base, por forma a que a população tenha um comportamento perfeito no aspecto moral e ético. Se o povo é quem mais ordena, cada cidadão tem que ter o sentido de responsabilidade de cada um dos seus actos, para ter autoridade para exigir o apoio que lhe cabe e de que deve estar consciente, e sentir-se merecedor de um tratamento adequado. Mas, não podemos confiar que o povo melhora o seu comportamento espontaneamente, pois o exemplo vem de cima e é preciso que os governantes e altos funcionários melhorem a sua actuação. Os governantes devem conhecer as realidades nacionais em todos os níveis sociais, devem ser escolhidos, com capacidade para tomar medidas concretas destinadas a reduzir os atrasos existentes, sem se limitarem a fazer promessas. Devem ter uma estratégia e medidas concretas para reduzir os grandes atrasos existentes. E o estado actual não melhora com promessas fantasiosas e palavras vãs, é preciso agir com rigor metodológico e visível sentido da realidade. A situação actual tem de evoluir pondo de lado a mentira na governação, vencendo a estagnação económica e os baixos rendimentos dos portugueses.

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