sexta-feira, 27 de agosto de 2021

AJUDA BEM ENCAMINHADA, OU NEFASTA!

Ajuda bem encaminhada, ou nefasta!

(Public em DIABO nº 2330 de 27-08-2021, pág 16. Por António João Soares)

Aprendi que o dinheiro deve ser respeitado, isto é, ser gasto apenas na aquisição de bens indispensáveis e úteis e dentro do limite disponível. Isto deve ser tido em consideração e respeito por parte de quem tem acesso a ele, principalmente quando se trata de um valor público originado por gente que fez sacrifício e teve trabalho para o conseguir e tem direito a sentir que o seu emprego resulta em seu benefício e de todos os seus concidadãos.

Houve um período da vida nacional em que se viam aparecer novos hospitais, quartéis para militares, para bombeiros, para Forças de Segurança, tribunais (Palácios da Justiça), Liceus, escolas primárias (quase uma por aldeia), estradas, pontes, barragens, etc. Os tempos mudaram e, presentemente, é raro ver-se uma obra pública e, pelo contrário, ouve-se falar da dívida pública que parece estar cada vez mais elevada. Mas parece, segundo se ouve, que a quantidade de milionários tem aumentado.

Os nossos governos mais recentes têm demonstrado não possuir sentido de responsabilidade e respeito pelo povo contribuinte, desbaratando o dinheiro dos múltiplos e variados impostos, directos e indirectos, (cada vez mais pesados) em banalidades e futilidades traduzidas no constante aumento da dívida e no pagamento de numeroso pessoal desnecessário e inútil, sem competência para obter trabalho normal e admitido apenas por amizade ou compadrio apenas para ter um bom vencimento a que não corresponde um resultado proporcional. Chega a ser estranho que um governante quando interrogado sobre um caso ou acidente na situação vigente, responde que «não sabe de nada», «não tem conhecimento de tal», o que é incompreensível e ficamos sem perceber para que lhe servem tantos colaboradores que tem no gabinete». O total de ministros e secretários de Estado ronda as sete dezenas, do que apenas resulta mais burocracia e complexidade de papéis e aumento de despesas, até porque cada um tem a sua dose de assessores.

Perante isto e a primeira frase deste texto, a União Europeia (EU) deve dar os milhões da «bazooka» de forma muito controlada, começando por preparar aqueles que os recebem, para o seu emprego, segundo planeamento rigorosamente elaborado por técnicos nacionais, independentes e de competência comprovada e, depois de concedido, deve controlada com muito rigor a forma como é despendido e sem o deixar desviar do objectivo para que foi concedido a fim de o resultado desejado ser obtido para bem da Nação. Dar muito dinheiro a quem não o sabe gastar é um acto de irresponsabilidade.

Sem uma rigorosa fiscalização de pormenor veremos dar mais empregos e regalias a pessoas incompetentes e pouco honestas que apenas têm a seu favor serem familiares, amigalhaços, cúmplices e coniventes de pessoas do Poder a quem têm «lambido as botas» e cuja intenção é obter poder e riqueza.

A corrupção tem sido um forte destino do rendimento nacional e apesar de muito falada e criticada e de haver muitas promessas de ser combatida para a exterminar, os resultados não parecem ser favoráveis à reabilitação do sistema. E vemos grande quantidade dos serviços públicos serem progressivamente alterados por forma a favorecerem os donos disto tudo. A própria Justiça tem perdido direito ao respeito dos cidadãos que vêm os grandes crimes ficarem impunes enquanto os cidadãos mais desfavorecidos continuam a ser levados para a prisão por «dá cá aquela palha».

Por isso a UE deve criar condições para contribuir para a moralização das suas populações e das suas condições de vida por forma a termos um futuro mais justo e ético e vivermos em boa harmonia, paz, concórdia e solidariedade. O salutar espírito de entreajuda será o tónico mais eficaz a extrair da crise pandémica que temos vindo a atravessar.

Para que haja participação dos portugueses na denúncia de fraudes, espera-se que a Directiva da UE que entrou em vigor em 16-12-2019 seja transposta para os ordenamentos jurídicos internos dos Estados-Membros até ao dia 17 de dezembro de 2021.


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