(Public em O DIABO nº 2434 de 25-08-2023, pág 16. Por António João Soares) A economia agrícola está a ficar destruída com os incêndios florestais e com a vaga de calor e a consequente falta de água. É muito significativa a grande quantidade e variedade de notícias que chegam diariamente sobre a destruição da espécie vegetal que cobre o planeta. Além dos prejuízos económicos que afectam a riqueza vegetal, há a perspectiva das consequências das destruições que demorarão muitos anos até serem recuperadas e compensadas. Para mais, esta extensão de danos cria males que atingem as vidas de animais que são eliminados pelos incêndios e que deixam de ter alimentação natural e fica-nos a incerteza de quais serão as condições da vida humana, animal e vegetal em que passaremos a existência nos próximos anos. Quando falamos de saúde, mesmo que não digamos claramente, estamos a pensar na nossa segurança e é bom que cada pessoa, em qualquer idade, ao dar um passo, reflita bem nos perigos que lhe podem acontecer e provocar males, pelo que deve ponderar bem a sua forma de actuar a fim de evitar perigos graves ou atenuar os efeitos dos possíveis de controlar. Por exemplo, estão a acontecer tantos acidentes rodoviários que, se houvesse uma boa ponderação, muitos não teriam ocorrido, porque teriam sido evitados prudentemente e com muita vantagem. Mesmo no desporto, por vezes há a ousadia de correr certos riscos, mas convém prever e calcular a vantagem que, na melhor hipótese, será obtida e como irá ser compensada com o esforço exercido com oportunidade e outros custos suportáveis. A realidade actual exige que se faça uma contínua avaliação dos custos de cada decisão, em relação às possíveis vantagens a obter. Será que a aplicação da inteligência artificial tornará mais fáceis as decisões na vida real? A última notícia que li sobre a indispensável ponderação nas decisões nacionais, referia a necessidade de alteração da localização do Aeroporto de Lisboa que não teve dificuldade em receber uma tão grande quantidade de participantes na JMJ, sem apesar disso, deixar de responder aos muitos turistas que, nesta fase do ano, são em grande número. Mas, por outro lado, são muitos os interesses em criar novas instalações, quer da parte das indústrias envolvidas, quer dos fornecedores de serviços. Dá para pensar bem nos dados que podem conduzir os decisores a tomar uma posição definitivaue traga sérias vantagens para a vida nacional em geral. E todo este conjunto de meditações, são agora aplicáveis à prevenção dos fogos florestais e ao seu combate. Uma entidade conhecedora do problema mostra preocupação por ter ardido uma área de 200 a 300 hectares de cultivo de medronho. Qual teria sido a solução aplicável para evitar tal prejuízo? E agora como será possível preparar essa área para voltar a ter semelhante produção e daqui a quanto tempo? Em Vimioso, Trás-os-Montes, as chamas foram combatidas, há poucas horas, por 160 bombeiros e 11 meios aéreos. Em Odemira, distrito de Beja, o incêndio afectou uma área de 8.400 hectares. As alterações a aplicar à modernização do aeroporto de Lisboa como parece nas hesitações da sua futura localização não parecem tão necessárias e urgentes como se tem afirmado a propósito das obras que há tanto tempo vêm sendo discutidas. O caso da JMJ e do aumento da chegada de turistas, não terem evidenciado qualquer carência de transportes aéreos fazem adiar a ideia de reforçar as possibilidades actuais do aeroporto. Devem ser correctamente avaliados, os diversos factores que envolvem esta decisão a fim de, depois, não surgirem críticas a pesados gastos não justificáveis. Quanto ao problema dos incêndios também deve ser efectuada uma ponderada e completa análise para não se continuar a usar a expressão de «negócio dos incêndios».
António José Seguro
Há 2 horas
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