Esperança e promessas não sustentam
(Publicao em O DIABO nº 2237 de 15-11-2019, pág. 16)
Tenho escrito sobre a esperança num amanhã melhor e um amigo já me disse que sou um sonhador, lunático, filósofo, etc. Porém, a minha intenção não é iludir mas, apenas, mostrar que o futuro só será melhor se cada um agir em conformidade com objectivos socialmente positivos e construtivos. Não podemos nem devemos viver de esperanças, nem de promessas nem de ilusões, embora o optimismo controlado nos amenize a vida.
A esperança que esbocei no artigo anterior não é um dado adquirido, mas apenas um conjunto de indícios que podem vir a tornar-se realidade se houver pessoas com posição de decisão que tenham o bom senso de agir nesse sentido. Os grandes prémios da lotaria não nos caem no regaço se nada fizermos para isso.
Mas há decisões que parecem anedotas, como a formação do actual Governo que tem quase uma dezena de secretários de Estado de administração interna, descentralização e da administração local, conservação da natureza, das florestas e do ordenamento do território, planeamento, infra-estruturas, mobilidade, desenvolvimento regional, valorização do interior, agricultura e do desenvolvimento rural.
Será uma complicada tarefa para os cidadãos e autarquias fazer a separação das diversas áreas de “responsabilidade”, gerando uma complexa burocracia e problemas de comunicação com devoluções de assuntos que deveriam ter sido enviados para outro destinatário. Há quem se interrogue se, com esta generosidade, à custa do contribuinte, o PS conseguiu dar cargo no Governo a todos os seus amigos. Mas há quem responda que o PM fez um bom aproveitamento desta oportunidade para combater o desemprego dos amigos que não têm a mínima capacidade para viver de trabalho honesto. E essa luta contra o desemprego vai, certamente, abranger dezenas de ‘boys’ para lugares de assessores, etc. E há quem preveja que, tal como outros jovens semelhantes, vão passar o tempo agarrados aos seus telemóveis em gabinetes luxuosos sem perigo de serem atropelados na rua.
E também surge quem se interrogue: qual será a reacção da UE? Para que serve a UE que não vê este desaforo irracional de saque aos bolsos dos contribuintes?
Mas quando pensei no tema deste trabalho pretendia que não fosse dado significado exagerado aos sinais de esperança da Humanidade, porque há muitas situações concretas e a esperança e as promessas não sustentam a vida, embora todos devamos fazer o máximo para haver melhor harmonia colectiva. Infelizmente, a racionalidade nem sempre coloca o ser humano acima dos ditos irracionais cujas vidas nos dão lições muito válidas.
Sinais preocupantes e pouco animadores chegam das crises políticas, na Venezuela, na Guiné-Bissau, na Argentina e até aqui perto, na Espanha. No Reino Unido, a falta de entendimento do Brexit fruto do referendo de 5 de Janeiro de 2016 promete agora ser solucionado até 31 de Janeiro próximo, passados mais de quatro anos. Para haver esperança real e confiante no futuro harmonioso da Humanidade, é indispensável um respeito religioso pelos valores éticos e pela moral social de forma mais do que nunca. Mas, infelizmente, actualmente a humanidade está mais degradada do que em qualquer época histórica. Hoje não se respeita nada nem ninguém, a não ser o vil metal, essa droga diabólica que é tão ilimitada que nem provoca overdose. O seu efeito exterioriza-se na vaidade, na inveja, na arrogância, na corrupção, no roubo, na prepotência, enfim, em tudo o que há de pior no relacionamento entre as pessoas.
A esperança apenas ajuda a suportar as agruras da vida, embora mereçam consideração aqueles que à sombra dele procurem que os seres humanos mereçam mais o adjectivo de racionais, como superioridade aos ditos “irracionais”. ■
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