domingo, 4 de agosto de 2019

FOGOS FLORESTAIS OU IRRACIONALIDADE POLÍTICA



  Fogos florestais ou irracionalidade política

Havia um corpo de Guarda Florestal que foi extinto por políticos de reduzida compreensão das realidades e sem preocupação com o futuro, isto é, sem visão estratégica. Quando a GF existia, podia haver mentes não esclarecidas sobre as realidades do interior que a consideravam desnecessária mas, no momento em que foi extinta, já se estava num processo de mudança da vida rural e os detentores do poder tinham obrigação de pensar nos dias do porvir, pois já eram visíveis as alterações que se anunciavam na agricultura. Daí a necessidade de uma maior vigilância da área florestal por forma a ser exercido um esforço sistemático de prevenção de incêndios e de rápida acção de combate de algum que surgisse. Além da detecção oportuna de incendiários.

Da minha vida durante mais de 18 anos na zona do pinhal, nunca vi um fogo. E a razão derivava de a agricultura precisar de limpar sistematicamente o pinhal para apanhar a caruma para a cama do gado e o mato para curtir para ser utilizado como adubo das terras, os pinheiros eram aparados para dar madeira para segurar as videiras, o feijão, as ervilhas e os tomates e para lenha para a lareira e o forno do pão. Com isso, obtinha-se uma limpeza tal que, durante os trabalhos na mata, não era necessário muito cuidado para acender uma fogueira para preparar o almoço. Depois, a evolução criou materiais para segurar as videiras, as ervilhas, o feijão etc, e deixou de ser necessário aparar as hastes dos pinheiros. Estas também deixaram de ser utilizadas como lenha da lareira, por haver fogões a gás. O forno do pão também deixou de usado como até aí. Também, o mato deixou de servir como fertilizante das terras por se passar a usar adubo. Também os bois deixaram de ser necessários para puxar a charrua, por passar a haver tractores, deixando de ser preciso o mato para as camas nos currais. E, assim, a mata passou a viver em paz sem a intervenção do homem que a limpava e, daí, a ocorrência de fogos impulsionados por madeireiros que pagam a pirómanos, etc.

Com esta mudança, é de lamentar a falta da Guarda florestal e a generalizada ignorância das condições em que vive o interior e dos cuidados de que este carece quanto a fogos e não só. E, para quem conhece o interior, é muito chocante ouvir os governantes dizer que não têm responsabilidade do que se passa no interior (a maior parte do território nacional), que a responsabilidade da prevenção é dos seus habitantes, etc. etc.

E fecham os olhos aos danos incalculáveis dos incêndios de Vila de Rei, Sertã e Mação, Tomar-Abrantes, Sabugal, etc ao ponto de haver um ministro com grande responsabilidade por omissão de medidas eficazes dizer «Época de incêndios ‘está a correr bem’». Não tenho palavras para exprimir a minha sensação ao ler isto no jornal. Tanta insensatez!!!

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