Transcrição de artigo:
O regime treme com o BES
17 de Novembro, 2013por Pedro d'Anunciação
A propósito da crise no BES, que começou com as denúncias de comportamentos pouco éticos do seu presidente, Ricardo Salgado, e acabou com enfrentamentos fortes e públicos dentro da família, alguém escreveu que se trata do Banco do Regime. Mas logo houve quem fosse mais longe, especificando que o BES é o próprio Regime em que vivemos.
Gosto desta última ideia. Afinal, foi o BES que movimentou peças essenciais do Regime, desde a PT à Controlinvest, passando pela Ongoing. E, muito antes de Sócrates querer atropelar jornais e jornalistas, já o BES fazia chantagem com estes, através da publicidade que controlava.
Quando imaginamos a corrupção do Governo, estamos a vê-la no BES – que troca animadamente gestores do grupo com membros do Executivo ou das empresas essenciais do País.
E ao sabermos que o presidente do BES assumiu calmamente, e sem complexos nenhuns, ter-se esquecido simplesmente de declarar uns milhões de ganhos, apressando-se sem mais problemas a emendar a situação, porque lhe convinha, podemos estar certos de que algum ministro ou ex-ministro poderia não se coibir de fazer o mesmo.
Pior: ficámos a saber que o presidente do BES considera natural, e fá-lo, um presidente de um Banco acumular com o seu super-ordenado uns gordos extras a assessorar pessoalmente clientes do próprio Banco. Podridão que não nos admiraríamos de ver em políticos do Regime.
Sim, o BES não é apenas o Banco do Regime, mas o próprio Regime. Se a zanga da família Espírito Santo vai ao ponto de levar a investigações minuciosas dentro do GES, talvez não seja apenas o BES, e a família dos seus proprietários, a dar um enorme trambolhão – talvez seja o Regime todo a escancarar-se no chão.
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