O facto de Cavaco Silva ter apresentado de surpresa a sua proposta de Compromisso de Salvação Nacional deixou os responsáveis políticos e a Comunicação Social embrulhada em completa incredulidade. Isso ficou patente na avalanche de notícias destrutivas de que constam títulos como LoboXavier acusa Cavaco Silva de "instaurar o caos" e Pedro Silva Pereira "Cavaco deixou uma bomba atómica ao retardador".
A primeira análise optimista que me apareceu foi a de Henrique Monteiro em Cavaco: O surpreendente bom senso, mas não explicava os motivos de a comunicação ter aparecido de forma chocante e inesperada pelos próprios líderes partidários.
Procurando compreender o que se passou e sem se deixar arrastar pela generalidade das palavras nada abonatórias dirigidas ao PT. Uma pessoa mais realista poderia descortinar uma hipóteses de solução que fosse menos absorvedora de energias e de tempo para convencimentos dos partidos intervenientes. Assim, com a proposta do «Compromisso» esboçado, o problema passou a ser de imediato dos três partidos. Ou aceitavam colaborar para bem de Portugal ou, perante a população, ficariam considerados culpados dos males que adviriam do impasse criado, com os advenientes inconvenientes para a vida dos cidadãos e para a actividade económica e o emprego.
E essa ideia foi apanhada e esclarecida por Marcelo Rebelo de Sousa em Cavaco Silva “deu um estalo à classe política”.
Dele se transcreve:
"Foi, à sua maneira, um estalo grande na classe política toda, Governo e oposição. Um estalo no PC e no BE ao dizer que não há eleições, no Governo ao não dizer claramente que esta é a solução que dura até 2015 e no PS ao não dar eleições, mas que talvez dê em 2014, sabendo que isso divide o PS".
"O Presidente achou que tinha força para dar esses estalos construtivos, esperando que os partidos pegassem. Acho que os partidos devem devolver a bola. Vamos negociar, mas vamos esclarecer dois ou três pontos que estão por esclarecer".
"Não é de risco no sentido de que o Presidente tentava encontrar uma fórmula que fosse a linha intermédia entre tudo o que ouviu. Foi a procura do menor risco possível no imediato. Pode ser um risco a prazo".
Também António Capucho manifestou regozijo pela iniciativa presidencial em Temos Presidente.
Entretanto não demoraram as reacções dos partidos que parece terem feio a escolha mais racional segundo a visão de Helena Garrido traduzida na frase aproveitar a «oportunidade para renascerem e dar ao País a possibilidade de se manter no euro. A escolha que enfrentam PS, PSD e CDS é entre a morte a prazo ou a regeneração. É entre regressarem às raízes da sua existência, o combate com o povo e pelo povo, ou continuarem a atirar o País com eles para o precipício.»
E assim surgiram sinais de que Passos, Portas e Seguro estão abertos a negociar, Passos “totalmente empenhado” em conseguir acordo pedido por Cavaco, PS reitera disponibilidade para processo de diálogo e, por seu lado, o CDS diz que Abertura ao diálogo é uma "posição de princípio".
E na sequência da clarificação do processo, veio a saber-se que Cavaco Silva convidou António dos Santos Ramalho Eanes como seu trunfo para mediar o compromisso. Em conformidade com a Crónica de Fernando Dacosta é uma óptima solução por se tratar de um «Ser Decente», um homem sério, isento, patriota que ama Portugal, que se guia pelos mais altos valores morais e sociais, que respeita as pessoas sujeitas aos efeitos dos actos do Governo e da máquina do Estado. Ele saberá, com o seu saber, a sua sensibilidade e o seu portuguesismo, contribuir para a resolução de qualquer hesitação ou controvérsia acerca da missão que está entregue aos três principais partidos, para ser ultrapassada a crise que nos tem preocupado.
Oxalá nos regozijemos daquilo que começar a ser feito para bem de Portugal.
É momento para fazer reviver a frase: Todos não seremos demais para fazer ressurgir a força de Portugal.
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