A PREPARAÇÃO DO FUTURO
(Public em DIABO nº 2387 de 30-09-2022, pág 16, por António João
Soares)
Não devemos esperar que o dia de amanhã seja igual ao dia de ontem porque as realidades estão em permanente mudança. Esta verdade foi reavivada pelo Presidente Chinês quando disse uns conselhos aos seus colaboradores dizendo-lhes que é preciso aprender a autocorrigir-se constantemente para evitar que a continuidade de estratégias produza casos imprevistos como tem sido visto em grandes potências.
Sem o exercício da constante análise e
correcção, uma instituição não garante o sucesso para um futuro melhor e, no
caso de um regime mais poderoso, pode entrar em colapso. A China tem boa
experiência disso desde o seu primeiro contacto, com os navegadores
portugueses, que marcou o início do seu desenvolvimento tirando bons resultados
da observação daquilo que vê de melhor e criação de um sistema correcto e bem
meditado.
A União Soviética que era o regime
socialista mais poderoso, entrou em colapso e num período de dificuldades sem
precedentes para a política socialista global. Isto acontece com qualquer
instituição ou simples ideologia que deixa de procurar evoluir e de reflectir
nas hipóteses de evolução positiva. A boa solução não se obtém na consolidação
das más estratégias mas, sim, na reflexão que conduza ao aperfeiçoamento das
melhores medidas e à alteração daquelas que não estão a dar e a garantir os
resultados realmente desejados.
Os quadros chineses assumem a responsabilidade, a capacidade e a confiança
necessária para confirmar as virtudes históricas e retirar delas as lições
úteis para o progresso da sua ideologia assente na constante aprendizagem
científica.
Em vez de seguir modelos de governos alheios, pelo contrário, reflectir os princípios já praticados, tornando-os cada vez mais eficazes. Parar é morrer, e a atitude mais inteligente de melhorar o comportamento faz prosperar. E não convém tomar uma via considerada segura, porque nada é totalmente garantido para o futuro. O sucesso aparece com a utilização de medidas inteligentes em cada dia de progresso.
A luta de classes, só por si não conduz ao desenvolvimento. A harmonia e a paz conduzem à convergência de esforços num mesmo ideal de que resulta o desenvolvimento nacional. Evitar o poder absoluto e o domínio de fanáticos que, de olhos fechados para a generalidade do país, impõem o seu interesse e a exploração dos seus concidadãos.
Em vez da insistência na luta de classes, lute-se pelo desenvolvimento económico e torne-se este no interesse geral de todos os cidadãos e desenvolva-se a mentalidade de cada um no sentido de se dedicar a essa missão patriótica.
Este sistema não se deve aplicar apenas a grandes potências, pois deve ser ajustado a cada instituição pública de pequena ou grande dimensão. As grandes ambições e os autoritarismos geradores de exploração e violência, constituem situações contrárias ao respeito pelos direitos humanos, à civilidade e que devem ser abolidas no Mundo actual que desejamos seja harmonioso e pacífico. Será bom que nas eleições, agora tão frequentes, apareçam candidatos a defender pontos de vista e a apresentar propostas neste sentido. Devemos ter a noção de que o uso das armas é sempre perigoso pelo mal que provocam quando utilizadas e nas atitudes de resposta, numa sequência de actos cada vez mais demolidores e contrários à desejada paz e harmonia que deve ser o objectivo mais desejado.
Será desejável que a estratégia do presidente chinês sirva de lição aos governantes mundiais e que Putin desista do genocídio que iniciou na Ucrânia e que procure uma forma civilizada e pacífica de convivência com os seus vizinhos.