(Public em DIABO nº 2373 de 23-06-2022, pág 16, por António João Soares)
Parece real que todo o mundo civilizado
deseja vivamente evitar a violência e, portanto, cultivar relações de diálogo,
amizade, colaboração e resolução de pequenos conflitos de interesses e de
opinião por meio de diálogo directo ou com ajuda de amigos. O respeito pelos
outros deve ser uma preocupação permanente, para evitar cenas indesejáveis. Os
animais ditos irracionais dão-nos lições de convivência e de colaboração.
Portanto a guerra é a atitude mais indesejada, mas que infelizmente, de uma
forma ou de outra, é utilizada de maneira mais ou menos directa e clara para
resolver ódios, invejas e rivalidades na luta por mais poder e riqueza. O ser
humano, em vez da seriedade e da racionalidade está, em muitos casos, a
descambar para a pior incoerência.
Em muitos aspectos, os
grandes Estados estão em mãos de insensatos e imprudentes subordinados aos
capitalistas fabricantes e traficantes de armamento e interessados na criação
de armas, cada vez mais perigosas e, com isso, a Humanidade está a avançar para
o risco de destruição total.
Na parte final da II
Guerrra Mundial foi feita a primeira experiência de uma «bomba atómica», ainda
em fase experimental e relativamente pouco potente em comparação com as que vêm
sendo desenvolvidas pela evolução de novas tecnologias. A primeira experiência,
apesar de rudimentar, causou danos de tal forma assustadores que se gerou uma
intenção geral de não voltar a utilizar um meio devastador de vidas e valores
patrimoniais tão vultosos. Mas a insensatez dos donos do poder não impediu os
posteriores fabricantes e os recentes governantes de investir fortemente no
desenvolvimento de novas armas nucleares com inteiro desprezo pelas vidas
humanas e pelos patrimónios nacionais e mundiais.
Há dias vi uma
referência a um possível aumento de armamento nuclear na próxima década,
estando em curso programas de modernização. No início do corrente ano, nove
potências nucleares possuíam mais de 12.700 ogivas nucleares. A obsessão de
expandir e modernizar os actuais arsenais aumenta o risco do uso de tais armas
de grande perigo.
É curiosa a
contradição entre o declarado interesse no desenvolvimento da qualidade de vida
das pessoas e da sua segurança, com medidas de saúde, de qualidade do trabalho
e combate à pobreza e às desigualdades sociais e, por outro lado, a ser dado
destino ao dinheiro público para finalidades tão letais. Em vez de melhorarem o
tratamento de doentes e idosos, criam o suicídio assistido e a eutanásia,
desprezam os pobres, e investem em armamento altamente destrutivo de vidas.
A violência está a ser
largamente fomentada como se vê no noticiários. Os actos de terrorismo apoiados
por armamento e munições de elevado custo, os actos de violência doméstica com
armas mais ou menos simples, a violência entre jovens, tudo isso interessa aos negócios
de tais materiais. E quando se fala em controlar e reduzir tais negócios,
levantam-se logo vozes com mil e um argumentos contra tais medidas restritivas,
e os capitais que estão por trás pressionam os políticos que cedem.
A maior violência
recente e que continua é a da invasão da Ucrânia que destruiu muito património
urbano, incluindo escolas e hospitais e ceifou imensas vidas de civis
inocentes, incluindo crianças. E não está excluída a hipótese de passar a
sofrer os efeitos de armas nucleares. O número de mortos já foi referido como
genocídio atribuído a falta de respeito pelas vidas humanas e de sensibilidade
pelas pessoas.
E como a humanidade
somos todos nós, cada um deve comportar-se com o máximo de solidariedade com os
outros com vista a melhorar a segurança e a harmonia para os nossos
descendentes. Devemos construir um futuro mais agradável.